Studio Kaze Paulista / FGMF - Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquitetos

O novo edifício Kaze unidade Paulista foi implantado em terreno estreito e pequeno, e geminado em ambos os lados. Abandonado havia 20 anos, o edifício teve de ser totalmente demolido e depois refeito de acordo com a ocupação e metragens pré-aprovados pela Prefeitura. Assim, ainda que erguido totalmente do chão, havia uma série de condicionantes que não permitiam total liberdade da arquitetura para proposição espacial.

© Fran Parente

Pelas dimensões exíguas e pela necessidade de iluminação para o salão de cabeleireiros, a fachada e o átrio ganharam grande importância. Os espaços organizam-se de forma simples em quatro pavimentos, articulados por uma grande escadaria metálica na porção frontal do edifício: o pavimento térreo abriga a recepção e vestiários, enquanto os dois andares superiores acomodam o espaço de atendimento. O último andar é onde se encontra a administração e uma copa para os funcionários, aberta para um terraço sobre a cobertura para descanso dos funcionários.

Planta térreo
Planta 1º pavimento
Corte

Os dois andares de atendimento são cortados por um jardim que ajuda a iluminar o espaço e segrega os espaços fechados: banheiros, salas de tintura e depilação. Além de contribuir para o conforto térmico, o jardim interno cria um espaço de estar e contemplação. Além da vegetação, faz parte do jardim um enorme painel de ladrilho hidráulico desenhado pelo artista plástico Fabio Flaks especialmente para este projeto.

© Fran Parente

Os edifícios da rede Kaze propostos pela FGMF sempre buscam uma arquitetura inusitada que utilize ao máximo possibilidades de interação com o meio ambiente. Essa é uma das premissas dos projetos para a rede, requisitadas há quase uma década atrás pelo seu fundador, Haruo Ishii.

© Fran Parente

Uma vez que a fachada e o átrio eram as únicas formas de obter luz natural e ventilação, buscou-se trabalhar os dois em conjunto para criar um sistema integrado e eficaz. Esse sistema, como pode ser verificado com mais detalhes nas ilustrações utilizou grandes panos de vidro, exaustores elétricos e aberturas reguláveis para garantir a eficiência energética do edifício tanto no verão quanto no inverno. Assim as limitações existentes na volumetria do edifício acabaram por ditar o seu partido.

© Fran Parente

Outra grande preocupação era a relação do edifício com seu entorno, uma vez que as laterais, obrigatoriamente, devessem ser empenas cegas. Como prédio comercial, a necessidade do cliente não é a de se mesclar com o entorno imediato, como a solução geminada dos dois lados tende a sugerir. Por outro lado a negação do entorno era inadequada, uma vez que ignora a relação entre objeto construído e cidade.

A resposta surgiu em conjunto com a solução de conforto ambiental: uma vez que a fachada teria um vazio de quatro andares de altura e uma pele de vidro recortado para entrada de luz e ventilação, o próprio desenho transparente seria um contraponto para as pesadas empenas estruturais cegas em concreto aparente. Enquanto a transparência em meio às empenas realiza o diálogo com o exterior durante o dia, à noite a situação se inverte e todo o edifício vira uma espécie de luminária que marca a rua e chama a atenção para seu curioso formato geminado quase como um farol no mar.

© Fran Parente

Eficiência Ambiental

A pele de vidro é o principal meio para a entrada de luz natural, e, em conjunto com o átrio central, faz parte de um engenhoso dispositivo de ventilação controlada e controle passivo de temperatura.

Envolvendo o grande átrio de 13m de altura que interliga todos os pavimentos, a fachada é voltada em direção ao Nordeste e tem uma forma calculada para captar a melhor insolação no inverno e no verão.

Diagrama Verão

No verão, o brise horizontal protege a fachada do sol mais forte, mas permite que parte da incidência atravesse o vidro e aqueça o átrio. Como uma grande chaminé solar, o ar quente do átrio puxa o ar do salão, fazendo entrar ar do jardim, naturalmente refrescado pela sombra e pela evapotranspiração das plantas. Desta forma, além de renovar o ar normalmente saturado do salão, a ventilação cuida de refrescar naturalmente o ambiente, reduzindo muito a necessidade de ar-condicionado. Dois dispositivos adicionais ajudam a controlar a circulação de ar no átrio, evitando que haja um aquecimento excessivo: uma janela acima da porta de entrada pode ser aberta para admissão de ar fresco adicional, e exaustores industriais na cobertura podem ser acionados para drenar mais rapidamente o calor.

No inverno, quando o sol está mais baixo, a fachada recebe maior incidência de raios e aquece rapidamente. Com a exaustão superior fechada e a janela frontal aberta, o calor gerado aquece o salão, deixando-o confortável.

Diagrama Inverno

A preocupação com a eficiência energética estende-se também ao sistema de aquecimento da água, muito utilizada no salão. Um sistema de aquecimento misto por placas solares e aquecimento a gás proporciona um desempenho melhor que o aquecimento elétrico, além de reduzir o consumo de energia.

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Arquitetura e Interiores: FGMF - Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquitetos (Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz)
  2. Coordenadores: Dante Furlan e Renata Davi.
  3. Arquiteta: Mônica Yosioka

Informação Complementar:

  1. Painel artístico: Fabio Flaks
  2. Luminotécnica: Reka Iluminação
  3. Projeto estrutural: OPPEA
  4. Projeto de Instalações: Ramoska e Castellani
  5. Construção: Sema Engenharia

Sobre este escritório
Cita: Gica Fernandes. "Studio Kaze Paulista / FGMF - Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz Arquitetos" 07 Dez 2011. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-10115/studio-kaze-paulista-fgmf-forte-gimenes-e-marcondes-ferraz-arquitetos> ISSN 0719-8906

¡Você seguiu sua primeira conta!

Você sabia?

Agora você receberá atualizações das contas que você segue! Siga seus autores, escritórios, usuários favoritos e personalize seu stream.