A destruição de um parque, ou melhor, a destruição do último grande parque do centro de Istambul foi o que gerou a manifestação de milhares de pessoas nesta e em outras cidades da Turquia.
O governo turco decidiu que o Parque Gezi – localizado junto à Praça Taksim, uma das principais praças de Istambul – seria substituído por um novo shopping center. Isso fez com que, um dia antes das máquinas chegarem ao local, um pequeno grupo de pessoas decidisse ocupar o parque para evitar sua destruição.
“O que aconteceria se quisessem destruir o Central Park ou o Hide Park para a construção de um shopping center? É isso que está acontecendo aqui!” se lia em um cartaz erguido por um dos manifestantes.
Pouco a pouco, milhares de cidadãos começaram a sair às ruas, transformando o protesto em um grande movimento, que gerou conflitos entre civis e a polícia que já duram alguns dias e que transformaram o parque e a Praça Taksim em um campo de batalha, com centenas de feridos e alguns cidadãos mortos.
O que aconteceu no Parque Gezi é a gota que transbordou do copo. O protesto se converteu em um movimento massivo contra o autoritarismo do governo, nesta metrópole de 15 milhões de habitantes, em que os habitantes reivindicam a participação nos processos de tomadas de decisão sobre a cidade em que vivem.
Outros projetos urbanos, como uma nova ponte sobre o estreito de Bósforo, os processos de gentrificação em diferentes áreas da cidade – que vêm forçando a saída de seus habitantes para dar lugar a lojas de departamento e de luxo – e a construção de vários centros comerciais, estariam transformando a cidade sem o consentimento de seus cidadãos.
O movimento começou a se estender a outras cidades da Turquia, dentre as quais a capital Ancara. Os cidadãos reclamam de diversas outras medidas autoritárias vêm ferindo a liberdade de expressão e o direito de se reunir legalmente em qualquer parte da cidade, entre outros direitos fundamentais que não vêm sendo respeitados pelo governo.