Como acontece com a maioria das igrejas antigas de Portugal, muros de contenção e grandes escadarias são projetados ao redor do edifício para ajudar a manter sua distância ao entorno imediato. Esta estratégia também é encontrada na Igreja Santa Maria, em Marco de Canaveses, onde Álvaro Siza faz uso do terreno inclinado e da elevação do edifício em um platô de quatro metros de altura.
Criando uma pequena praça urbana, a igreja Santa Maria em Marco de Canaveses e o Centro Paroquial são propostos como edifícios que reflitam a escala preexistente da vizinhança. A forma da Igreja, uma acrópole, é implantada dando as costas para a barulhenta rua. Para chegar à plataforma elevada da igreja, os visitantes podem utilizar uma rampa ao leste ou três escadarias a oeste, com dois platôs de chegada principais que se relacionam com a disposição das ruas na cidade.
A residência do Sacerdote e os quartos da paroquia estão protegidos por uma fachada fechada, a noroeste e sudeste, e uma fachada de abertura gradual a noroeste e sudoeste. Com medidas de 17,5×17,5m2 a fachada de entrada é dividida em três seções, sendo que duas delas projetam as torres. Duas portas de aço de 10m de altura marcam a entrada através da fachada flutuante.
Uma dessas projeções contém um baptistério, revestido com azulejos especializados de fabricação local que se estendem em toda a altura da torre. Este espaço está inundado por uma luz que também pode ser atravessa uma janela na torre. Os dois grandes painéis de vidro da outra torre simbolizam a “transparência” da igreja, e atuam como uma entrada adicional.
Para se acessar os órgãos e os sinos, os membros entram pelo lobby, utilizado principalmente durante os meses de inverno. A capela é um simples retângulo, (16,5 de largura x 16,5 de altura) com a entrada principal a sudoeste, e a nave e o altar no extremo oposto. São 400 cadeiras de madeiras, desenhadas por Siza, as quais são interrompidas por um corredor central de três metros de largura que conduz ao altar de mármore maciço.
Um volume deslocado para o lado da nave contém um espaço adicional, utilizado para o altar, a sacristia, o registro e os espaços de confissão. A escada e o elevador conectam estes espaços à capela. Um dos principais aspectos da arquitetura de Álvaro Siza é a relação de seus edifícios com a luz natural.
Neste exemplo concreto, a luz natural entra através de três grandes aberturas que se cortam no nível máximo da parede curva. A abertura horizontal ao longo da parede sul-leste atua como um marco das montanhas que rodeiam o terreno. No altar há dois grandes espaços iluminados que admitem a luz na capela.
A materialidade é a estampa do trabalho de Siza, as paredes externas brancas são construídas de concreto armado, já as paredes internas e tetos de estuque, que é coberto por peças mármore ou pela água que corre. Os pisos são de madeira, granito e mármore; e a cobertura é criada com lâminas de zinco.