LUGAR
A Galeria Miguel Rio Branco está implantada em um terreno localizado em uma confluência de duas vias, com acentuada declividade inicial e um platô elevado na parte posterior. A área disponível para implantação do edifício é delimitada por duas massas arbóreas significativas que conformam uma clareira na qual se ergue a massa edificada principal do edifício.
PROGRAMA
O novo edifício se organiza em três níveis, sendo o acesso pelo nível intermediário, que abriga uma praça coberta e espaços de apoio – sanitários e lanchonete. Deste nível, escadas e elevador dão acesso a um espaço expositivo no pavimento inferior conformado por uma sala quadrada de 11,7 por11,7 metros e altura de6,5 metros. Esta sala integra-se visualmente com o nível de chegada através de um plano transparente que permite visadas elevadas em relação ao plano expositivo.
Também do nível de chegada se acede ao pavimento superior, abrigado em um bloco fechado, com amplo espaço expositivo flexível, com capacidade de acomodação de grande variedade de conformações de salas. Enquanto a sala inferior possibilita uma interação visual com o pavimento de chegada e com a paisagem através da transparência de seu trecho superior, as salas superiores definem uma ambiência introspectiva, com fechamento total para o exterior e uso de iluminação zenital, com luz natural indireta em 3 dos quatro lados do grande salão.
No acesso a esse andar, a escada é também iluminada naturalmente de maneira a reforçar sua presença e a ampliar a convite à visitação deste pavimento.Completam o conjunto área para carga e descarga com acesso ao pavimento superior, central de utilidades com subestação e reservatório para água de consumo, reservatório para prevenção e combate a incêndio, casa de bombas e depósito de material de limpeza.
FORMA E CONSTRUÇÃO
Em resposta à imagem proposta pelo artista, a maior massa construída do edifício se assenta sobre a paisagem como uma pedra esculpida pousada sobre o lugar. Para isso, apenas o volume superior se conforma como volume aparente, e a sala inferior e o pavimento de chegada se definem a partir da intervenção na topografia. Para isso, um volume de aterro existente no terreno foi redesenhado, de maneira a construir uma nova topografia que constitui um dos apoios do volume principal. Enquanto a sala inferior se localiza semi-enterrada, a praça de chegada se conforma como um vazio, intervalo entre chão e construção.
Para reforçar tal característica, o projeto procurou reduzir ao mínimo a presença de atributos arquitetônicos tradicionais, tais como portas, janelas, paredes, telhados, tratando a volumetria com intencional abstração e aplicando sobre o volume principal uma sutil deformação através de inclinações variadas dos planos de vedação.