A petição para que Denise Scott Brown seja reconhecida retroativamente como laureada do Prêmio Pritzker de 1991, em conjunto com Robert Venturi, ultrapassou 12 mil assinaturas. Dentre os partidários estão os laureados com o mesmo prêmio Zaha Hadid, Rem Koolhaas e o próprio marido e sócio há mais de 40 anos de Scott Brown, Robert Venturi. O sucesso desta campanha, iniciada por duas jovens mulheres da Escola de Design de Harvard, vai além da luta pelo reconhecimento de Denise Scott Brown – trata-se de uma campanha para se repensar a difícil e freqüentemente injusta posição da mulher na arquitetura.
Saiba mais na sequencia…
Apenas duas arquitetas receberam o Prêmio Pritzker em seus 34 anos de existência – um número incrivelmente pequeno se pararmos para refletir a respeito. Soma-se a isso o fato igualmente desanimador de que apenas 16% dos arquitetos licenciados nos Estados Unidos são mulheres, apesar de estarem em igualdade numérica nas escolas de arquitetura das universidades americanas. Zaha Hadid conta que durante sua carreira como professora, as mulheres eram sem sombra de dúvida suas melhores alunas, mas que concluída a graduação, a maioria delas simplesmente “desviava” da profissão. A pergunta que devemos nos colocar é: por quê?
A longa e muitas vezes insatisfatória jornada para o título de “arquiteto” pode ser a culpada. Após cinco ou mais anos de curso, os aspirantes a arquitetos devem fazer um estágio e um oneroso exame para se tornarem licenciados – todo este tempo trabalhando para receber muito pouco.
O que torna este processo único para as mulheres é que estes são seus anos de maternidade, portanto, elas se vêem obrigadas a optar entre se tornarem mães ou arquitetas. Poucas conseguem ser as duas coisas – se tiverem um parceiro ou alguém que esteja disposto a ficar em casa com as crianças.
E isto não é tudo. Além do processo de licenciamento e a aura de trabalho incessante que rodeia os arquitetos, muitas mulheres enfrentam sexismo e discriminação nos locais de trabalho. Quase metade das mulheres que trabalham em escritórios ou firmas inglesas alegou receber salários inferiores aos de seus colegas homens, e 60% alegou já ter tido clientes que se recusaram a reconhecer sua autoridade.
Esta autoridade é, também, limitada. Um estudo realizado pelo AIA (American Institute of Architects) descobriu que apenas 17% dos diretores de escritórios são mulheres, e apenas duas – logo serão três – já assumiram o cargo de presidente do próprio AIA em seus 155 anos de história.
O que significa, então, este desequilíbrio para a indústria da arquitetura nos dias de hoje? Devemos nos preocupar por uma parcela tão grande do ambiente construído ser concebida por homens, e não mulheres? A vida seria diferente ou mesmo melhor se os espaços que freqüentamos fossem planejados por mentes femininas, que foram e continuam sendo reprimidas por uma arte antiga que necessita urgentemente de reforma?
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