Iniciativas sustentáveis para desconstruir Detroit

Como arquitetos geralmente nos vemos como provedores de novos edifícios; também vemos a arquitetura como um modo de remediar as mazelas sociais. Muitos arquitetos, em face a algum problema social, tentam imaginar um projeto que aborde a questão. Mas o que acontece quando o problema é justamente o excesso de edifícios?

Esta é exatamente a situação de Detroit hoje. Devido ao rápido declínio populacional desde seu auge na metade do século XX, a cidade apresenta cerca de 78 mil estruturas e edifícios vazios. Enquanto políticos em outras partes do mundo ganham apoio ao prometer novas construções e crescimento, o Prefeito de Detroit Dave Bing anunciou orgulhosamente seu plano de demolir 10 mil casas abandonadas até o fim de seu mandato.

É certo que esta estratégia será um desperdício. Felizmente, alguns estão aproveitando o melhor da situação, com iniciativas sustentáveis que criam empregos e benefícios econômicos para os habitantes da cidade. 

One of the demolition sites listed on the Recycle Detroit website. Image © Christopher Siminski

Uma destas iniciativas é Recycle Detroit, um projeto de Christopher Siminski, estudante de mestrado da Lawrence Technological University. Muitos edifícios, demolidos pela administração da cidade ou que, por serem negligenciados, entraram em colapso, não tiveram seus terrenos limpos, resultando em montes de materiais e destroços espalhados por toda a cidade. A página de Siminski oferece um mapa interativo destes terrenos, detalhando onde há materiais que podem ser recuperados e os tipos destes materiais em cada terreno. O mapa é alterado pelos usuários, que podem documentar os locais que encontram. Esta ferramenta proporciona aos habitantes de Detroit um fonte gratuita de dados para encontrarem materiais de construção também gratuitos e compartilharem informações sobre sua cidade.

Outra iniciativa é Reclaim Detroit, uma organização sem fins lucrativos que oferece uma alternativa à demolição: a desconstrução. O processo de desconstrução procura desmontar um edifício peça por peça, deixando os componentes construtivos do edifício na melhor condição possível para serem recuperados. Embora este processo necessite de mais tempo e mais pessoas envolvidas, Reclaim Detroit consegue baixar o custo total dos investimentos ao vender os materiais recuperados. Outro benefício para as pessoas que pagam pela desconstrução é que o valor da venda dos materiais é deduzível dos impostos, pois é considerado uma doação.

O processo de desconstrução proporciona mais empregos que a demolição, o que significa que trabalhos como o desta organização são vitais em uma cidade com taxas tão altas de desemprego.

Tanto o Recycle Detroit quanto o Reclaim Detroit são iniciativas que encaram a demolição e a contração da cidade através de uma perspectiva outra. Onde muitos vêem um sintoma de declínio e regressão, elas vêem a demolição como uma fonte que, ao invés de ser um modo dispendioso de remover as edificações daqueles que já partiram, poderia ser um meio de beneficiar aqueles que ainda vivem em Detroit.

Que outras iniciativas poderiam ser aplicadas lá? Não deixe de dar sua opinião na seção de comentários abaixo. 

Sobre este autor
Cita: Stott, Rory. "Iniciativas sustentáveis para desconstruir Detroit" [The Sustainable Initiatives Deconstructing Detroit] 02 Out 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-143666/iniciativas-sustentaveis-para-desconstruir-detroit> ISSN 0719-8906

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