Todo mundo conhece o incômodo que é mudar de casa, no entanto, os moradores de Kiruna, uma pequena cidade sueca de 18 mil habitantes, estão enfrentando uma tarefa um pouco mais difícil: mudar a cidade inteira.
Por mais de 100 anos, os habitantes de Kiruna desenvolveram o centro de sua cidade ao redor da maior mina de ferro do mundo, explorada pela companhia estatal Luossavaara-Kiirunavaara AB (LKAB). Em 2004, a LKAB comunicou que, para que as extrações de ferro continuassem, seria necessário realizar escavações ainda mais profundas, abalando o solo sobre o qual se localizam 3 mil casas, a Prefeitura da cidade, a estação de trens e uma igreja centenária.
Em resposta, o Conselho Municipal decidiu relocar o centro inteiro da cidade duas milhas a leste.
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As despesas da relocação serão pagas pela companhia, que calcula os gastos em mais de um bilhão de dólares - uma fração dos lucros da LKAB - contando a demolição dos edifícios condenados, a desmontagem e remontagem dos ícones locais e os novos projetos e construções.
"A parte difícil é ir até a casa das pessoas e dizer a elas que têm que se mudar", diz Anders Lindberg, porta voz da LKAB.
Em março de 2013, a proposta "Kiruna 4-Ever" de White Arkitekter e Ghilardi + Hellsten, foi selecionada dentre uma série de outras propostas que especulavam a reorientação da cidade para as próximas décadas. O projeto apresentava uma nova localização para as 3 mil casas deslocadas, diversos hotéis e novos espaços para escritórios, órgãos públicos e estabelecimentos comerciais, proporcionando diversidade econômica para a atual "monofuncionalidade" da cidade.
Kristina Zakrisson, comissária de Kiruna, está pronta para a mudança. "Idealmente, nós fecharíamos o centro da cidade na sexta-feira e reabriríamos no novo centro na segunda-feira seguinte. Isto pode não ser realista, mas queremos tornar isto o mais coerente possível." As lojas locais, entretanto, percebem que não é tão fácil assim, pois mudar tão rapidamente pode lhes custar seus fiéis fregueses. O plano dá às lojas até dez anos para se mudarem.
Krister Lindstedt, arquiteto do escritório White Arkitekter, enxerga isso como uma oportunidade para a cidade recomeçar. "Kiruna construiu uma cidade que as pessoas na realidade não querem", sugerindo que a fragmentação e baixa densidade da cidade não contribuíram para o surgimento de uma população sustentável.
Os planejadores estimam que a completa migração se dê dentro de 20 ou 25 anos. Neste meio tempo, uma nova Prefeitura será concluída em 2016, e servirá de âncora para a futura expansão.
Referências: The Atlantic Cities, The Wall Street Journal, The Independent, White