Acaba de ser anunciado o vencedor do Premio Pritzker 2012. O arquiteto chinês Wang Shu, de 48 anos, é o laureado deste ano. Seu escritório Amateur Architecture Studio, em sociedade com a sua mulher LU Wenyu, está sediado em Hangzhou, República Popular da China.
O propósito do Prêmio Pritzker, fundado em 1979 por Jay A. Pritzker e sua mulher, Cindy, é honrar anualmente um arquiteto vivo cuja obra construída demonstre uma combinação de talento, visão e comprometimento, que haja produzido contribuições consistentes e significantes à humanidade e ao entorno construído através da arte da arquitetura. O laureado recebe um prêmio de 100 mil dólares e uma medalha de bronze.
A cerimônia formal, do que tem sido considerado pelo mundo como o “Prêmio Nobel da Arquitetura” terá lugar em Pequim no dia 25 de maio. O arquiteto chinês Wang Shu terá o prazer e o privilégio de receber o prêmio em casa, e a possibilidade de difundir sua mensagem partindo pelo próprio país, o mais populoso do mundo. [...]
O distinguido jurado que selecionou o laureado de 2012 consistia em seu presidente, o Lorde Palumbo, internacionalmente conhecido patrono da arquitetura de Londres; presidente da curadoria da Serpentine Gallery; primeiro presidente do Conselho Artístico da Grã-Bretanha, primeiro presidente da Tate Gallery Foundation; primeiro diretor do Arquivo Mies van der Rohe do Museu de Arte Moderna, Nova York; e, alfabeticamente: Alejandro Aravena, arquiteto e diretor executivo da Elemental em Santiago, Chile; Glenn Murcutt, arquiteto e Prêmio Pritzker em 2002, Sydney, Australia; Juhani Pallasmaa, arquiteto, professor e autor de livros, Helsink, Finlândia; Karen Stein, escritora, editora e consultora de arquitetura em Nova York; Stephen Breyer, da Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos, Washington, D.C.; Yung Ho Chang, arquiteto e educador, Pequim, República Popular da China; e Zaha Hadid, arquiteta e Prêmio Pritzker em 2004. Martha Thorne, decana associada de relações internacionais, IE School of Architecture, Madri, Espanha, é a diretora executiva do prêmio.
Durante o anúncio da decisão do jurado, Pritzker afirmou: “O fato que um arquiteto chinês tenha sido selecionado pelo jurado representa um passo significante para perceber o papel que a China terá no desenvolvimento dos ideais arquitetônicos. Além disso, durante as últimas décadas, o sucesso da urbanização chinesa será importante tanto para o país como para o mundo. Essa urbanização, como a urbanização em todo o mundo, precisa estar em harmonia com a cultura e as necessidades locais. As oportunidades sem precedentes para o planejamento e desenho urbano possibilitadas pela China irão querer estar em harmonia tanto com sua longa e única tradição do passado como com suas futuras necessidades para o desenvolvimento sustentável.”
O presidente do jurado do prêmio, Lorde Palumbo, agregou, desde sua casa na Inglaterra sobre as razões do jurado para a decisão do ano: “A questão sobre a relação apropriada do presente com o passado é particularmente oportuna. O recente processo de urbanização na China convida ao debate sobre quando a arquitetura deveria ser ancorada na tradição ou quando deveria olhar somente ao futuro. Como com qualquer grande arquitetura, a obra de Wang Shu permite transcender esse debate, produzindo uma arquitetura que é atemporal, profundamente enraizada no seu contexto e ainda assim universal.”
Depois de saber que havia recebido o prêmio, Wang Shu teve essa reação: “Isso é mesmo uma grande surpresa. Estou tremendamente honrado em receber o Prêmio Pritzker. Me dei conta repentinamente que tinha feito muitas coisas durante a última década. Isso prova que trabalho duro e persistência levam a resultados positivos.”
Ele chama seu escritório de ‘Amateur Architecture Office’, mas o trabalho é virtuoso, de um total controle dos instrumentos da arquitetura – forma, escala, material, espaço e luz. (Karen Stein, jurado do Prêmio Pritzker).
Wang graduou-se em arquitetura no Nanjing Institute of Technology, Departamento de Arquitetura, em 1985. Três anos depois, ele recebeu o grau de Mestre no mesmo instituto. Recém formado, trabalhou na Academia de Belas Artes de Zhejiang, em Hangzhou, fazendo pesquisas sobre arquitetura e contexto em relação à renovação de edifícios antigos. Quase um ano depois, ele estava trabalhando no seu primeiro projeto – um Centro Juvenil de 3.600 metros quadrados para a pequena cidade de Haining (próximo a Hangzhou). Finalizou-se o projeto em 1990.
Por quase todos os seguintes dez anos, ele trabalhou com artesãos para ganhar experiência no modo atual de construir, sem o peso da responsabilidade projetual. Em 1997, Wang Shu e sua mulher, Lu Wenyu, fundaram seu escritório em Hangzhou, chamado “Amateur Architecture Studio”. Ele explica o nome: “Para mim, ser um artesão ou um operário é ser um amateur, um amante, um amador, ou quase a mesma coisa”. Sua interpretação sobre o mundo é relativamente próxima a uma das definições completas do dicionário: “uma pessoa que se compromete num estudo, esporte ou outra atividade, por prazer mais que por benefício financeiro ou razões profissionais”. Na interpretação de Wang Shu, a palavra “prazer” pode muito bem ser substituída por “amor pelo trabalho”.
Por volta do ano 2000, ele havia completado seu primeiro grande projeto, a Biblioteca do Wenzheng College na Universidade de Suzhou. Mantendo sua filosofia de dar uma escrupulosa atenção ao contexto, e com uma cuidadosa consideração sobre a tradição dos jardins de Suzhou, o que sugere que edifícios localizados entre águas e montanhas não deveriam ser proeminentes, ele projetou a biblioteca com quase a metade do edifício enterrado. Além disso, quatro edifícios adicionais são muito menores que o corpo principal. Em 2004, a biblioteca recebeu o Architecture Art Award of China.
Seus outros grandes projetos finalizados, todos na China, incluído o Museu de Arte Contemporânea de Ningbo e cinco casas dispersas em Ningbo, as quais receberam menção pelo Holcim Awards de Construção Sustentável no Pacífico Asiático. Na mesma cidade, ele construiu o Museu Histórico de Ningbo, em 2008. Na sua cidade natal de Hangzhou, ele projetou a primeira fase do Campus Xingshan da Academia Chinesa de Arte em 2004, e, logo, completou sua segunda fase em 2007.
Verdadeiro com seus métodos de economia de materiais, ele utilizou mais de dois milhões de ladrilhos provenientes de demolições de casas tradicionais para cobrir os telhados dos edifícios do campus. Nesse mesmo ano, em Hangzhou, ele construiu os Apartamentos de Pátios Verticais, que consistiam em seis torres de 26 andares, os quais foram nominados, em 2008, para o German based International High-Rise Award. Também terminado em 2009, em Hangzlou, estava a Hall de Exibição da Rua Imperial da Dinastia Song do Sul. Em 2006, ele concluiu a Casa Cerâmica em Jinhua.
Outro reconhecimento internacional inclui a Medalha de Ouro Francesa da Academia de Arquitetura em 2011. Um ano antes, ele e sua mulher foram laureados com o German Schelling Architecture Prize.
Desde 2000, Wang Shu é o chefe do Departamento de Arquitetura da Academia Chinesa de Arte em Hangzhou. No ano passado, ele se tornou o primeiro arquiteto chinês a ocupar a posição de “Professor Visitante Kenzo Tange” na Harvard Graduate School of Design em Cambridge, Massachusetts. Ele é também frequentemente convidado como palestrante em muitas universidades pelo mundo, incluindo, nos Estados Unidos: UCLA, Harvard, University of Texas, University of Pennsylvania, entre outras. Participou em inúmeras grandes exposições internacionais em Veneza, Hong Kong, Bruxelas, Berlim e Paris.
Veja a obra de Wang Shu aqui e or projetos publicados em ArchDaily Brasil: Nova Academia de Arte em Hangzhou, Museu Histórico de Ningbo.
Leia a entrevista ao arquiteto Alejandro Aravena, jurado do prêmio, sobre a obra de Wang Shu.