Arquitetura e protesto: exposição aborda o papel da arquitetura em movimentos ativistas

Em termos de ativismo, a interrupção é um elemento necessário para um protesto eficaz. Quando atos de perturbação se espalham pelo domínio público, eles criam espaços por meio de bloqueios, defesas e reivindicações territoriais, dando origem à "arquitetura de protesto". Esse conceito é o foco da exposição organizada pelo DAM - Deutsches Architekturmuseum e pelo MAK - Museum für Angewandte Kunst, de Viena. Intitulada Protest/Architecture. Barricades, Camps, Superglue, o evento apresenta uma coleção de maquetes, fotografias e filmes sobre a arquitetura de protesto em todo o mundo. A exposição, com curadoria de Oliver Elser e assistência curatorial e pesquisa de Anna-Maria Mayerhofer, estará aberta até 14 de janeiro de 2024 no DAM OSTEND em Frankfurt.

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2017-2018, acampamento de protesto do MTST "Povo Sem Medo", São Paulo, Brasil. Com 33.000 participantes e mais de 12.000 barracas, o acampamento de protesto "Povo Sem Medo" não foi apenas a ocupação mais conhecida do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), mas também uma das maiores da América Latina. Foto: Mídia Ninja, 1 de outubro de 2017 (CC BY-NC-SA 2.0). Cortesia da imagem DAM

A exposição explora o impacto de 13 protestos que ocorreram entre 1968 e 2023 na Áustria, Brasil, Egito, Alemanha, Hong Kong, Índia, Espanha, Ucrânia e Estados Unidos. Cada manifestação foi caracterizada por uma estrutura e duração únicas, desde a cobertura improvisada de Madri em 2011 até as tendas de Hong Kong e do Occupy New York, todas apresentando diversas expressões arquitetônicas. Protestos mais longos, como o bloqueio de rodovias em Delhi que durou 16 meses, transformaram veículos agrícolas em moradias improvisadas, ilustrando a persistência do protesto.

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2019, Acampamento Terra Livre, Brasília, Brasil. O Acampamento Terra Livre é o maior encontro de povos indígenas do Brasil, onde mais de 4.000 participantes se reúnem em Brasília todos os anos em um acampamento de protesto em frente ao Parlamento para lutar por seus direitos. Foto: Mídia Ninja, 24 de abril de 2019 (CC BY-NC 2.0). Imagem cortesia de DAM
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2013-2014, protestos em Maidan, Kiev, Ucrânia. Os ocupantes construíram barricadas feitas de paletes, resíduos volumosos, pneus de automóveis e gelo para proteger o campo de protesto em Maidan dos ataques policiais. Foto: Oleksandr Burlaka, 11 de dezembro de 2013 (CC BY-NC 2.0). Imagem cortesia de DAM

Vários desses movimentos atingiram seus objetivos, levando à queda do governo, como nos protestos da Praça Tahrir, no Cairo, ou da Revolta de Maidan, em Kiev, à proteção de uma floresta, no caso da ocupação da Floresta Hambach, ou à construção de moradias subsidiadas, promovida pelo movimento do MTST no Brasil. A arquitetura muitas vezes desempenhou um papel vital, com a Praça Maidan, em Kiev, transformando-se em uma fortaleza durante meses de conflito, enquanto os acampamentos do MTST no Brasil apresentavam estruturas facilmente desmontáveis, estrategicamente planejadas para rápida retirada. A transição de Hong Kong das tendas de bloqueio de estradas em 2014 para métodos mais sofisticados em 2019 é destacada como um exemplo de adaptação a contramedidas restritivas.


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Ao se aprofundar nas histórias locais, a exposição apresenta as diversas maneiras pelas quais as pessoas ocupam os espaços da cidade. Os locais são apropriados, bloqueados, marcados ou defendidos, instalados com acampamentos e reforçados por barricadas, dando uma dimensão espacial às demandas e aos objetivos. À medida que as estruturas são estabelecidas, elas permitem o desenvolvimento de novas formas de comunicação. O objetivo da exposição 'Protest/Architecture' não é comentar sobre a legitimidade das causas dos protestos, mas sim investigar as formas complexas pelas quais esses eventos temporários dependem de elementos espaciais para ganhar força e apoiar os manifestantes. Os 13 estudos de caso incluídos na exposição são apresentados com modelos em escala, fotos e uma instalação cinematográfica documental de 16 minutos do diretor de Frankfurt Oliver Hardt ("The Black Museum", 2018), produzida especificamente para a exposição.

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2019–2020, Hong Kong Barricadas de tijolos entre edifícios residenciais. Foto: Studio Incendo, 14 de novembro de 2019 (CC BY 2.0). Imagem cortesia de DAM

Protestos públicos, manifestações e engajamento social podem ter muitas implicações para o ambiente construído, desde bairros que resistem à gentrificação por meio do uso de grafite até formas criativas de usar os espaços urbanos como telas de expressão cívica ou mudar o caráter das praças e ruas públicas para se tornam espaços de encontro para protestos numa expressão da liberdade de movimento. À medida que esta função dos espaços públicos se torna crucial em qualquer democracia, a gama de utilizações do espaço público precisa considerar estes tipos de eventos.

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2014, Umbrella Movement, acampamento de protesto de Hong Kong no distrito de Mong Kok Foto: © Vicky Chan, 6 de novembro de 2014 (gratuito se o contexto da exposição for mencionado). Cortesia da imagem DAM

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Sobre este autor
Cita: Florian, Maria-Cristina. "Arquitetura e protesto: exposição aborda o papel da arquitetura em movimentos ativistas" [Protest Architecture: DAM's Latest Exhibition Explores the Role of Architecture in Activist Movements] 20 Out 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1008113/arquitetura-e-protesto-exposicao-aborda-o-papel-da-arquitetura-em-movimentos-ativistas> ISSN 0719-8906

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