De elefantes brancos a estruturas sustentáveis: a história das arquiteturas olímpicas

Para as cidades, sediar um evento olímpico é uma honra e uma oportunidade significativa de crescimento, mas também representa um desafio importante. Com mais de 200 nações participando dos Jogos, eles se destacam como a maior competição esportiva do mundo. No entanto, adaptar a infraestrutura pública e esportiva para acomodar o aumento repentino de pessoas e a escala desses eventos pode resultar em problemas após o encerramento, como estruturas subutilizadas conhecidas como "elefantes brancos". Apesar disso, as Olimpíadas incentivam transformações urbanas, levando as cidades a investir em melhorias em transporte, moradia e espaços públicos. Um exemplo marcante é Paris, que inaugurou sua primeira linha de metrô durante a segunda edição dos Jogos Olímpicos, em 1900.

Quando se trata dos locais olímpicos, surge o desafio da reutilização adaptativa: a arquitetura precisa encontrar maneiras de transformar esses espaços, inicialmente projetados para acomodar milhares de pessoas durante os Jogos, de modo a se tornarem parte sustentável da oferta esportiva da cidade após o evento. Em várias partes do mundo, alguns desses locais têm conseguido prolongar sua utilidade além do encerramento dos jogos, integrando-se às comunidades locais e oferecendo uma variedade maior de eventos esportivos e de lazer. Apesar dos altos custos de construção, muitos desses espaços se tornaram ícones da identidade local e atrações turísticas populares, continuando a ser utilizados décadas após receberem as multidões olímpicas.

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Continue lendo para conhecer cinco instalações esportivas construídas para os Jogos Olímpicos que sobreviveram ao teste do tempo.

Ginásio Nacional Yoyogi / Kenzo Tange

Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio 1964

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Ginásio Nacional Yoyogi / Kenzo Tange. Imagem © Arne Müseler via Wikipedia under license CC BY S.A 3.0

Localizado no Parque Yoyogi em Shibuya, Tóquio, o Ginásio Nacional Yoyogi foi projetado pelo renomado arquiteto japonês Kenzo Tange, vencedor do Prêmio Pritzker, e construído entre 1961 e 1964. Inspirado por Le Corbusier e Aero Saarinen, Tange colaborou com o engenheiro Yoshikatsu Tsuboi para criar uma estrutura tensa suspensa a partir de uma espinha estrutural central. Quando concluído, o ginásio possuía a maior cobertura suspensa do mundo. A arena, com capacidade para 13.000 espectadores, foi originalmente concebida como centro aquático para os Jogos Olímpicos de Verão de 1964, e inclui um pavilhão menor com capacidade para 9.000 assentos, também projetado por Tange.

Não se pode esperar que projetos de natureza puramente arbitrária durem muito. - Kenzo Tange

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Interior do primeiro Ginásio Yoyogi em 2012. Imagem © UserSTB-1 via WIkipedia under licnese CC BY-SA 3.0

Apesar da complexidade de sua forma, as estruturas têm uma presença discreta em seu ambiente. Graças a uma escala bem ajustada, as arenas têm sido utilizadas continuamente desde 1964, servindo novamente como local olímpico em 2020 e hospedando uma ampla variedade de eventos esportivos ao longo dos anos. Atualmente, a arena principal é principalmente dedicada à patinação no gelo, vôlei e basquete. Segundo o Conselho de Esportes do Japão, a segunda arena está passando por obras de renovação sísmica.

Olympiastadion, Munique / Behnisch and Partners, Frei Otto

Olimpíadas de Verão de Munique 1972

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Olympiastadion, Munique / Behnisch and Partners, Frei Otto. Imagem © Amrei-Marie, Wikipedia Commons, CC BY-SA 4.0

Construído para os Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique, o Olympiastadion foi projetado para refletir a nova identidade e o otimismo da Alemanha pós-guerra. A firma Behnisch e Partners, de Stuttgart, inspirou-se nos Alpes próximos ao criar um design com coberturas em forma de tenda, evocando picos de montanhas. Em colaboração com os arquitetos, o engenheiro Frei Otto desenvolveu tetos suspensos feitos de cabos de aço e painéis acrílicos translúcidos. Essa estrutura protegia atletas e espectadores, mantendo visões claras e evitando sombras que pudessem prejudicar as transmissões televisivas. O conceito do estádio também foi influenciado pelos "estádios de terra" do Leste Europeu, nos quais o campo e os assentos para 90.000 pessoas foram esculpidos diretamente no solo.

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Olympiastadion, Munique / Behnisch and Partners, Frei Otto. Imagem © Tobi 87, Wikipedia Commons, CC BY-SA 4.0

Após o término dos Jogos Olímpicos, o estádio se tornou a casa do Bayern de Munique, sediando diversos campeonatos importantes de futebol. Além disso, foi adaptado para a realização de outros esportes, como eventos de snowboard estilo livre como o Air and Style, e competições de esqui cross-country como o Tour de Ski. O local continua sendo utilizado, com vários shows marcados para este ano, incluindo apresentações de AC/DC e Taylor Swift.

Estádio Nacional de Pequim / Herzog & de Meuron

Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de Pequim 2008

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Estádio Nacional de Pequim, de Herzog & de Meuron. Imagem © Iwan Baan

O Estádio Nacional, situado em Chaoyang, Pequim, China, foi projetado para ser uma das principais arenas dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008. A construção ficou a cargo do renomado escritório suíço de arquitetura Herzog & de Meuron, com o artista chinês Ai Weiwei atuando como consultor artístico do projeto. Com capacidade para 91.000 espectadores, é o maior estádio da China e a maior estrutura de aço do mundo. Em 2008, sediou eventos atléticos importantes, como a final de futebol e as cerimônias de abertura e encerramento. Após os Jogos, continuou recebendo eventos esportivos e de entretenimento, embora não em ritmo sustentável. Em 2022, o estádio retornou como local olímpico para os Jogos Olímpicos de Inverno e Paralímpicos, sendo o primeiro estádio a sediar cerimônias de abertura tanto de verão quanto de inverno. Apesar de subutilizado para grandes eventos esportivos, o Ninho de Pássaro ainda atrai muitos turistas anualmente.

Centro Aquático de Londres / Zaha Hadid Architects

Jogos Olímpicos de Verão de Londres 2012

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Centro Aquático de Londres para os Jogos Olímpicos de Verão de 2012 - Zaha Hadid Architects. Imagem © Helene Binet

Projetado por Zaha Hadid, o Centro Aquático de Londres foi um dos principais locais dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2012. Possui duas piscinas de 5 metros e uma piscina de saltos ornamentais de 25 metros, sendo utilizado para competições de natação, saltos ornamentais e nado sincronizado. As piscinas possuem pisos com divisórias móveis que podem ajustar a profundidade e o tamanho, permitindo flexibilidade para diferentes usos no futuro. O projeto original foi concebido antes de Londres vencer a candidatura olímpica, o que resultou em uma capacidade inicial menor. Após a vitória na candidatura, o projeto foi adaptado para incluir duas "asas" temporárias, aumentando a capacidade para 17.500 espectadores. A arena foi concluída em julho de 2011.

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Centro Aquático de Londres para os Jogos Olímpicos de Verão de 2012 - Zaha Hadid Architects. Imagem © Helene Binet

Após os Jogos, as estruturas temporárias ao lado do centro foram removidas, reduzindo o número de assentos para 2.500. Além disso, a Arena de Polo Aquático adjacente também foi desmontada, deixando o Centro Aquático como o único local de natação no parque. Ele reabriu ao público em março de 2014 e desde então tem sido um popular centro de lazer em Londres, aberto para todos. Ao ser transformado em uma piscina pública, o centro exemplifica como a arquitetura criada para eventos específicos pode ser adaptada para beneficiar a comunidade local.

Estádio Yves du Manoir, Colombes / Louis Faure-Dujarric, Reformado por OLGGA architectes

Jogos Olímpicos de Verão de Paris 2024

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Estádio Yves du Manoir / OLGGA architectes. Imagem © © Stephane Aboudaram | WE ARE CONTENT(S)

Há um século, nos arredores de Paris, Colombes se tornou o principal local para os Jogos Olímpicos de 1924. A arena principal foi construída no terreno de um antigo hipódromo, seguindo o projeto do arquiteto Louis Faure-Dujarric, e tinha capacidade máxima para 45.000 espectadores. O estádio foi palco das competições de atletismo, futebol e rugby naquele ano. Agora, exatamente 100 anos depois, o estádio retorna como local olímpico para os Jogos de Paris 2024, onde sediará os eventos de hóquei sobre grama. Em 2023, o histórico estádio passou por uma renovação conduzida pelos arquitetos da OLGGA, para adaptá-lo e equipá-lo adequadamente para os eventos olímpicos deste ano.

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Estádio Yves du Manoir, Colombes Vista aérea do Estádio Olímpico de Colombes, perto de Paris, tirada no dia da inauguração. Imagem © Wikiedia, uner Public Domain license

Este artigo faz parte de uma série curada pelo ArchDaily, focada em projetos construídos de nosso banco de dados agrupados sob temas específicos relacionados a cidades, tipologias, materiais ou programas. Mensalmente, destacaremos uma coleção de estruturas que encontram um fio comum entre contextos anteriormente incomuns, explorando as profundezas da influência em nossos ambientes construídos. Como sempre, no ArchDaily, valorizamos muito o feedback de nossos leitores. Se você acha que deveríamos mencionar ideias específicas, por favor, envie suas sugestões.

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Sobre este autor
Cita: Florian, Maria-Cristina. "De elefantes brancos a estruturas sustentáveis: a história das arquiteturas olímpicas" [From White Elephants to Sustainable Venues: The Evolving Story of Olympic Architecture] 11 Jul 2024. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1018402/de-elefantes-brancos-a-estruturas-sustentaveis-a-historia-das-arquiteturas-olimpicas> ISSN 0719-8906

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