Dos arquitetos: Amore Pacific é uma marca de cosméticos, produtos utilizados realçar a beleza, esconder imperfeições ou clarear a pele, um sinal de nobreza e beleza associado à gaja (palavra portuguesa da qual a palavra japonesa "geisha" se origina), cujas características, charme e sensibilidade musical fizeram dela um ser de culto e desejo.
A primeira introdução que resultou em trabalho na Coreia, (a metade sul, já que para muitos coreanos existe somente uma Coreia, temporariamente dividida), coincidiu com a visita a Portugal pelo proprietário da Amore Pacific, com a finalidade de conhecer o trabalho de Alvaro Siza. Como eu conhecia os arquitetos que o acompanharam, foi meu trabalho mostrar-lhes as proximidades. Sua intenção era formalizar um convite para projetar um museu.
Iniciada por sua avó, a empresa de cosméticos começou, quase que por acaso, a coletar itens relacionados ao bem-estar das mulheres. Itens de cosméticos, itens de vestuário, artigos de decoração, bem como itens relacionados à cerimônia do chá. Hoje, a coleção é imensa, assim como também a qualidade e a beleza da maioria dos itens.
Entusiasmado, o cliente queria que o museu se localize no centro da cidade de Seul, e para tanto, comprou muitos lotes de terra, algo tão escasso e caro naquela região.
Nós esperamos e o primeiro projeto ainda nem saiu do papel.
Quarenta minutos de carro de Seul, na cidade periférica de Yongin-si, Gyeonggi-do, a Amore Pacific possui uma grande propriedade, que gosto de chamar de campus, já que é o que parece. Neste campus estão reunidos os departamentos de pesquisa, desenvolvimento e treinamento.
Existe uma grande edificação de granito cinza onde os laboratórios de pesquisa e investigação estão concentrados. Esta construção é o resultado de várias adições e adaptações. E agora precisa urgentemente de uma grande reestruturação.
Em outra edificação de tijolos escuros estão as instalações de treinamento de funcionários e um museu improvisado, que expõe somente uma pequena parte da coleção. O restante da coleção, cada vez maior, fica armazenada no subsolo.
Outra pequena edificação, isolada, como se estivesse sendo empurrada para um canto, ao nordeste, serve como acomodação para visitantes que venham realizar algum treinamento ou pesquisa.
A área externa é caracterizada por uma enorme coleção de árvores e arbustos adquirida pelo cliente.
Na Coreia tudo é transplantado. Desde o enorme e escultural pinheiro, que estamos acostumados a ver em pinturas orientais, até o mais sutil plátano nas mais variadas cores.
Os transplantes, alocados em grupos, mais parecem instalações artísticas: as árvores são ligadas com a ajuda de bambus grossos, que suportam uns aos outros até que desenvolvam raízes.
O grande campo de esportes que ainda faz a expressão mens sana in corpore sano (do latim, "uma mente sã num corpo são") fazer sentido, esta agora abandonado em preferência a uma academia de ginástica.
No início do projeto o laboratório estava previsto em um espaço próximo ao já existente, permitindo que a maioria dos serviços fosse movida e para a reutilização do antigo equipamento. A necessidade de incluir uma nova edificação para mais laboratórios em curto prazo teve que ser considerada.
Então veio o pavilhão, um espaço multiuso que conecta as edificações e funções. E os respectivos espaços externos, extensos e generosos.
Em seguida veio o hotel, de uso exclusivo e privativo para substituir as edificações existentes que não garantiam uma recepção digna aos hóspedes.
Após a apresentação dos esboços do projeto, outro pavilhão foi requisitado.
Enquanto estamos nisso, seria conveniente repensar o Gate House, pois fica na frente do campus da companhia.
E por que não repensar os espaços externos, agora que a relação entre as edificações existentes e as planejadas se tornou tão óbvia?
Um campus é exatamente isto, uma relação entre edificações, onde os espaços externos agem como suporte. Ou seria o contrário?