A cobertura - chamada por Le Corbusier de quinta fachada - é geralmente o local destinado a instalações técnicas, caixas de elevadores e antenas de televisão, ou ainda, piscinas subdimensionadas e churrasqueiras, caso se trate dessas novas torres residenciais que são construídas com velocidade impressionante em todas as partes do mundo.
Essas mesmas coberturas privadas foram redescobertas pelo Redetejas, primeira rede cidadã de micro espaços culturais em terraços, que desenvolve na Espanha o que chama "Encontros de coberturas", trabalhando com comunidades, artistas, pessoas convidadas e coletivos interessados em organizar novos eventos.
Saiba mais sobre o trabalho do Redetejas, a seguir.
Fundado em 2012 como um projeto sem fins lucrativos em Sevilla (Espanha), Redetejas pretende reivindicar as coberturas como espaços de desenvolvimento cultural através dos "Encontros de coberturas", que são rotas de micro atividades culturais que acontecem em terraços particulares de diferentes cidades, inicialmente na Espanha e agora também na Argentina.
"Quando começamos o projeto, nem sequer sabíamos se o que estávamos planejando era legal ou não", comentou Jaime Fernández, membro do projeto, em uma recente reportagem para o The Guardian. Fundado em 2012, Redetejas encontrou diversas dificuldades para convencer as comunidades e proprietários a deixar entrar desconhecidos em seus terraços para a realização dos micro eventos culturais.
No entanto, a organização superou os obstáculos iniciais e atualmente planeja a participação de quatro grupos distintos: Convidados (assistentes dos eventos programados), Grupos Motores (coletivos, associações ou empresas interessadas em organizar "Encontros de Coberturas"), Anfitriões (pessoas que oferecem suas coberturas para novos eventos) e Artistas (pessoas que realizam as atividades nos eventos, sem eles não há encontros).
O projeto é licenciado pelo Creative Commons, ou seja "pode-se copiar, modificar e melhorar o Redetejas, contudo que se respeite os direitos do autor do projeto". Além disso, qualquer pessoa pode organizar seus eventos gratuitamente e livremente, seguindo os manuais e textos de ajuda oferecido pelo grupo espanhol.
"(As coberturas) são espaços da cidade e, de alguma forma, públicos, mas muito subutilizados. Historicamente, foram utilizadas como espaços coletivos entre vizinhos, porém, hoje em dia perderam sua função social", comentou Jaime Fernández ao The Guardian. O objetivo do Redetejas é criar uma rede aberta de novos espaços culturais, organizados pelos próprios cidadãos, recuperando, assim, a função social das coberturas.