Por Karine Daufenbach
Os edifícios são grandes blocos longitudinais que apresentam continuidade nos espaços, e são organizados de acordo com a modulação interna do edifício seguindo a regularidade do volume externo. O acesso aos ambientes é facilitado pela presença de circulações horizontais externas, que também reúnem a circulação vertical, e protegem os ambientes contra a incidência solar e intempéries.
Em todos os edifícios é característica a marcação das juntas das fôrmas de madeira, conservando uma austeridade por fora; uma arquitetura voltada para si, mas com apuro nos detalhes.
Volumes horizontalizantes, que por vezes são quebrados pela composição rítmica da estrutura, ou reforçados como se fossem linhas de cheios e vazios que capturam o olhar para longe, introduzindo uma dinamicidade ao volume. Esta marcação na fachada do bloco da costura, que são guarda-corpos e marquises de proteção ao sol, encontra seu contraponto no volume vertical da torre de escadarias, que funciona como marco da matriz. Ao contrário dessa fachada, a fachada frontal do mesmo bloco, uma empena de concreto, conserva uma austeridade, e neutralidade em vista do prédio da costura antiga localizado ao lado. A ligação entre ambos se dá por uma passarela envidraçada, recuada, de mesma escala. Esta empena possui apenas algumas aberturas circulares. Seu volume não toca o solo e tem a estrutura recuada. O mesmo recurso foi utilizado no edifício da Malharia, onde os volumes das escadas parecem estar suspensos.
Semelhante solução encontra-se no bloco do Centro Social, em que o fechamento voltado para o jardim é de vidro, o que permite visão ao jardim, mas também confere leveza, tendo em vista a grande altura da viga longitudinal somada à presença do terraço-jardim. O acesso a este é feito pela Praça Histórica, um ambiente composto por diversos níveis, com jogo de escadas de diferentes desenhos, ângulos, perfazendo um espaço dinâmico com jogo criativo dos elementos constituintes.
Assim como no bloco da Malharia, os blocos do Beneficiamento, da Tinturaria, a modulação da estrutura é representada na fachada. O único edifício que não obedece a esta regra é o bloco da Costura, com suas linhas horizontais ressaltadas.
Referência
Karine Daufenbach. Continuidades e Dissonâncias na Arquitetura Industrial de Hans Broos.
- Ano: 1968