Uma das obras mais icônicas de Oscar Niemeyer, o edifício Copan, em São Paulo, está afundando! Isso não é, porém, motivo para criar alarde; o fenômeno, chamado recalque, consiste no deslocamento vertical de estruturas e mesmo edificações inteiras, isto é, a construção de fato afunda no terreno sobre o qual foi erguida.
A alteração não causa necessariamente instabilidade na estrutura, no entanto, para garantir a segurança dos moradores e usuários do maior condomínio vertical da América Latina, é necessário o monitoramento constante da edificação - que vem sendo realizado desde 1955 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Desde o início do acompanhamento, o Copan já “afundou” 33 centímetros, fato que causa, eventualmente, algum estranhamento em seus inquilinos mais antigos, habituados ao edifício.
Fenômeno mais frequente do que se imagina, muitos edifícios sofrem o recalque, porém, geralmente os deslocamentos são muito singelos e, devido à falta de monitoramento, passam despercebidos.
O tipo de solo sobre o qual o edifício de Niemeyer foi construído o é chamado "areias fofas", deformável quando comprimido por estruturas pesadas. A alta densidade de edifícios na região e a presença das linhas de metrô subterrâneas podem ter contribuído para os 33 centímetros de recalque, contudo, edifícios vizinhos como o Itália - contemporâneo do Copan - parecem não ter sofrido da mesma forma que o projeto de Oscar.
Segundo Affonso Celso Prazeres de Oliveira, síndico do Copan há 21 anos e morador há 50, após as obras da linha 4-amarela do metrô, em 2008, uma das quatro partes da construção, o corpo 3, onde estão os blocos C e D , cedeu outros 5 cm além dos outros 33.
"A tendência é que a estrutura se estabilize e pare de recalcar", explica Marcos Massao Futai, professor de engenharia civil da Poli-USP. "Mas há prédios que continuam a recalcar, mesmo que de forma reduzida, como parece ser o caso do Copan."