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Arquitetos: Tim Greatrex
- Área: 2500 m²
- Ano: 2014
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Fabricantes: Dalhaus
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa da Vans Londres é o projeto recentemente concluído pelos designers Pete Hellicar e Tim Greatrex, junto com Kat Mackenzie e Henry Clay (Black Sparrow Presents) - equipe de gestão de projetos para a Casa da Vans, em Londres.
Este é um novo espaço de uso misto criativo para os amantes da marca Vans e aqueles interessados na cultura do skate. Estabeleceu-se como um lugar em que é possível participar da linhagem cultural do skate, algo que vem definindo a marca Vans desde 196, e que combina skate, arte, cinema e música. O novo espaço inclui uma galeria de arte, espaços criativos, "laboratórios Vans", sala de projeções, espaço para música ao vivo para 850 pessoas, cafeteria, numerosos bares e uma pista de skate feita em concreto de três níveis. Tais características classificam-no como o maior projeto permanente da marca Vans a nível mundial e a primeira edição européia da Casa da Vans, após a primeira no Brooklyn, em Nova Iorque (2010).
A equipe do Black Sparrow Presents foi encarregada pela Vans para orquestrar todos os aspectos do projeto, e como sócios a longo prazo da marca, proporcionaram uma compreensão única dos produtos e da cultura do skate aliada a moda. Com uma vasta experiência na realização de eventos de grande escala para Vans, o grupo estava preparado para supervisionar a criação da Casa da Vans Londres.
A equipe da Black Sparrow Presents aproximou-se do skatista profissional e designer Pete Hellicar para que ele desenvolvesse a nova pisa de skate subterrânea e o espaço de uso misto da Vans. Pete uniu forças de imediato com o arquiteto Tim Greatrex proporcionando uma associação única para o desenho da nova sede de Londres. Pete e Tim também trabalharam com o skatista profissional e designer Marc Churchill (Line Skateparks) que desenhou especificamente a forma, disposição e execução técnica da pista de cimento.
O projeto encontra-se dentro dos arcos de tijolos de 150 anos das linhas de trem que saem da estação Waterloo, junto com a famosa rua de grafite de Londres, a Leake Street. O local foi utilizado anteriormente pelo Old Vic Theatre e sua área é aproximadamente de 2.500 m2, constando de 5 espaços de túneis longos e separados. Por este fato, muitas restrições foram estabelecidas ao proibir qualquer forma de fixação estrutural ou perturbação na alvenaria existente - a ironia não foi perdida, apelidando o local como "Vans Off the Wall" (Vans fora da parede). A colaboração entre Pete e Tim proporcionou um conhecimento profundo sobre a marca e a cultura do skate, mas isto também gerou ideias e debates sobre a forma de desenhar o projeto da melhor maneira.
O requisito da Vans era proporcionar um centro cultural para o skate, arte, cinema e música. Utilizando a disposição dos túneis, foram delineadas no local quatro funções principais do projeto de modo que cada uma se encontra em um determinado túnel. Elas foram separados em: um túnel para arte - uma galeria com os laboratórios de artistas para criar e expor suas artes; um túnel de cinema - uma sala de cinema e projeção; um túnel para a música - lugar de atuação com capacidade para 850 pessoas; e por fim, um túnel para o skate - uma pista para todos os níveis de habilidade. O objetivo geral era criar um espaço que incentive a criatividade. Discussões conceituais entre Pete e Tim levaram a mistura entre o skate e a arquitetura, e como em particular, um skatista percebe o ambiente que está a ponto de utilizar.
Estas questões foram incorporadas no desenho de intervenções específicas do local, por exemplo, o balcão da entrada principal, a rampa de transição no espaço, as áreas de skate, assentos do cinema e o espaço da cozinha do café - todos incorporam elementos das formas de skate. Estas formas reapropriadas são influenciadas pelas origens do skate na Califórnia, incluindo o formato urbano dos bancos de concreto e os caminhos, desde os primeiros anos do skate em piscinas vazias e grandes tubos de concreto. O balcão de entrada possui a forma de uma piscina seccionada. A rampa descendente de entrada de concreto atua como uma superfície atrativa para o skate, enquanto a forma do espaço da cafeteria/cozinha reflete a grande escala dos tubos de concreto. Estes elementos foram utilizados para animar os visitantes e criar uma sensação de tensão e relação ao skatista que quiser subir nestas formas e não é permitido.
A ideia para a pista de skate que utilizasse três espaços dos túneis para permitir diferentes desenhos e habilidades. O espaço principal é o bowl de concreto predominantemente para uso profissional, a segunda área é a "cena da rua" de habilidade média e a terceira é a área da "mini rampa" para principiantes e usuários em geral. Os cinco túneis separados do local são unificados através do piso de borracha grande e impressionante. A sola do tênis icônico da Vans inspirou o desenho do padrão de hexágono e diamante, com a tira de hexágonos da sola alinhada a uma fileira de arcos que delineiam o eixo principal e a circulação através do espaço.
A borracha foi uma opção óbvia de material para o piso, já que é o material principal dos calçados Vans e o material originário da Vans Doren Rubber Company. Ele também foi eleito por sua durabilidade, resistência natural a água (apropriada para o local), seu contraste com o tijolo cru do espaço e reciclável no final do projeto. A escolha de materiais duradouros e reutilizáveis/recicláveis foi muito importante para os criadores e cliente. A camada base do piso de borracha é de uma espécie de azulejos modulares de plástico que no final do projeto podem ser desmontados, empacotados e por fim reutilizados em outro projeto. Os outros benefícios da borracha reciclável são sua resistência a umidade; sua capacidade de ser cortada com precisão (com um jato de água) criando as formas geométricas complexas requeridas e também a possibilidade de proporcionar, com uma gama variada de cores, boa orientação visual através do espaço. O piso de borracha proporciona uma superfície limpa e cômoda, mas ao mesmo tempo cria um forte contraste visual com as paredes de tijolo aparente e teto abobadado.
Devido a natureza subterrânea do local, foi importante iluminar o espaço o suficiente para seu uso, ao mesmo tempo em que expressa elegantemente a forma dos túneis. Foram utilizadas largas faixas de luz amarela através dos túneis, localizadas na intersecção da parede de tijolo com o arco, a fim de criar um espaço dramático como uma catedral.
A iluminação neon também foi utilizada no espaço, já que parecia mais apropriada ao ambiente subterrâneo. Os letreiros de neon que representam a marca criam pontos focais sugestivos dentro do espaço - na entrada, bares e na sala verde.
A pista de skate foi também uma consideração importante em términos de iluminação e um desafio já que elas são, geralmente ao livre. Inclusive, a iluminação deveria ser aplicada sobre todas suas superfícies para não prejudicar os skatistas que a utilizam. O uso da iluminação de iodetos metálicos dirigidos para cima a faz refletir no teto abobadado e enfatiza as belas vistas ao teto de tijolo. Luzes suspensas são penduradas abaixo das mesas do café a fim de criar uma sensação de intimidade e reduzir a escala do espaço. Os skatistas legendários Tony Alva e Christian Hosoi comentaram como a iluminação da pista de skate e dos demais espaços possibilitaram um resultado tão funcional quanto bonito.
A Casa da Vans Londres encarna a marca e a cultura que a rodeia. Outro conceito chave para o espaço foi a criação de espaços destinados a tudo que compõe a empresa; um para os sapatos - a amostra de peças antigas; um para o skate - a pista; um para a arte - os laboratórios e galeria - um para a música - o palco e o túnel de concertos; um espaço dedicado a comida - cafeteria e cozinha; um para o álcool - bares; um local para o 'rock and roll" - a sala verde; e por último, um espaço para os túneis e seu uso anterior como o Old Vic Theatre - os grafites e as marcas de tempos anteriores são evidenciados com orgulho no projeto.
Assim como o desenho físico do espaço, ativá-lo era um requisito chave para criar um espaço emocionante, vibrante, educativo e criativo. Desde o começo, a intenção era permitir que o espaço evoluísse por si mesmo; deixar que os visitantes auto-governem e tomem posse. A vídeo-difusão converteu-se em uma das principais formas de ativar o lugar, através de muitas formas de comunicação social, como as imagens e câmeras ao vivo das atividades dentro da sala de concertos e pistas, por exemplo. Esta transmissão ao vivo pela internet também conecta a Vans Londres a comunidade global Vans - criando conexões em tempo real entre Londres e Nova Iorque e outros pontos de venda e eventos Vans em todo o resto do mundo.