Em 2013, a cidade de Nova York foi eleita a 14ª mais densa dos Estados Unidos em área verde por habitante, com apenas 4.6 acres/1000 habitante. Com quase 8.5 milhões de pessoas morando no município, os nova-iorquinos estão achando cada vez mais difícil sair da cidade e experimentar a natureza. O inverno rigoroso e a constante demanda por crescimento e construção fazem desta uma coisa cada vez mais difícil.
Nos últimos anos, Nova York se tornou famosa por um método incomum de trazer o espaço verde para a cidade, o altamente popular High Line que reutilizou a estrutura industrial na criação de um novo parque. Mas tão incomum como o High Line possa ser, isso não representa nada se comparado à proposta do subterrâneo "Lowline", projeto de James Ramsey do Raad Studio e Dan Barasch. Trabalhando juntamente com nomes como Signe Nielsen, diretor de Matthew Nielsen Landscape Architects, e John Mini, o grupo recentemente abriu o Lowline Lab, um ambiente similar ao local real do Lowline que confere ao grupo um espaço para testar suas ideias e teorias, reunir resultados e tomar decisões finais. Tivemos a chance de encontrar com Ramsey e Nielsen para discutir o paisagismo por trás de seu espaço teste.
O laboratório oferece uma oportunidade para testar a tecnologia solar inovadora de James Ramsey. Suas "clarabóias remotas" permitem a coleta e distribuição de luz direta de acima do solo para o nível subterrâneo. Os tubos permitem a transmissão de luz em comprimentos de onda necessários para suportar a fotossíntese, permitindo o crescimento de vegetação. O potencial incrível desta nova tecnologia dá aos projetistas inúmeras possibilidades, mas também apresenta desafios no objetivo geral de criar o que eles descrevem como uma "tipologia inteiramente nova de espaço público."
Devido às limitações desta tecnologia, os arquitetos encontraram uma restrição nunca antes encontrada: um sol fixo, ou no caso do laboratório, três sóis fixos. "Há uma espécie de qualidade desorientadora por causa disso", Ramsey observou, "não é possível realmente dizer quanto tempo você já esteve no espaço, não é possível perceber a passagem do tempo e até mesmo a forma do terreno é para ser uma espécie de comentário sobre isso." Enquanto arquitetura da paisagem tradicional representa o caminho do sol no céu em seu planejamento e concepção, a equipe Lowline teve de se adaptar a uma distribuição de iluminação fixa no espaço. Medir e mapear essa distribuição tornou-se vital para o processo de projeto. Os arquitetos começaram a mapear os níveis de luz no espaço em unidades de luz e rapidamente descobriram que a distribuição da luz não só foi projetada horizontalmente, mas também verticalmente. Tornou-se claro que a topografia do projeto ia ser essencial ao seu desenho e seu sucesso.
A necessidade de interagir com diferentes níveis de intensidade de luz, em várias alturas desempenhou um fator importante, não só para a distribuição mas também para a seleção de plantas. Estas escolhas de projeto também tiveram de ser conciliadas com a necessidade de criar um "lugar para as pessoas," um ambiente especificamente dimensionados para envolver seus visitantes. O projeto resultante traz à mente uma fusão entre as formações de caverna e da dinâmica das plantas através da criação de estalagmites e estalactites verdes. Ramsey revelou sua inspiração, "A criação deste efeito de pingando em uma paisagem de caverna é realmente a minha tentativa de imaginar o que resultaria se deixamos o ambiente de Lowline abandoando por algumas centenas de anos." Os visitantes no espaço são imediatamente mergulhados em um ambiente imersivo de plantas penduradas e de topografia variada. "Da forma como está configurado no momento, realmente fomos capazes de criar espaços instantaneamente diferentes." Nielsen ainda comentou "normalmente seria preciso esperar por uma 'paisagem amadurecer' para que se criem árvores e arbustos, para que assim se crie a sensação de estar andando por um caminho ou ter algum senso de privacidade. Ao utilizar esta topografia e das estruturas de tites e mites - como os chamamos - criamos um ambiente espacial mais rapidamente."
A seleção de plantas teve de ser altamente variada e cuidadosamente planejada para criar um ambiente verde próspero. Nielsen enfatizou a necessidade de um ambiente onde as plantas façam mais do que sobreviver, um ambiente onde possam enraizar e continuar a crescer. Em nossa conversa, Nielsen ainda ponderou a possibilidade das plantas florirem e eventualmente produzirem frutos. As condições estranhas e únicas do Laboratório assim como a disponibilidade de diferentes plantas é que informou a seleção de espécies. Com a seleção de 50 variedades de plantas, a equipe do Lowline concluiu que espécies tropicais tiveram a maior probabilidade de êxito graças ao seu ambiente natural, repleto de sombras, era quase similar ao ambiente criado no Laboratório; a temperatura, quantidade de umidade e de luz no espaço foram todas simuladas e similares ao seu habitat natural. Após a seleção de plantas, sua localização era a questão mais importante; espécies com características similares foram agrupadas de acordo com a sua necessidade de água e luz.
A equipe espera tornar Lowline Lab como "um laboratório em todos os sentidos da palavra". Durante este experimento, a equipe irá reunir dados constantemente e observar o ambiente construído. Ramsey espera utilizar o Laboratório para quatro aspectos principais: testar a habilidade em capturar luz, aprimorar a seleção de plantas, criar uma experiência imersiva e desenvolver seu uso como um espaço público.
Existe um longo caminho entre o Laboratório e o produto final, mas só a ideia inicial e seus experimentos de sucesso já são um passo à frente importante e animador não apenas para a arquitetura, mas também para a vida urbana como um todo. Se exitoso, o Lowline poderia revolucionar como nós encaramos os espaços receosos e os ditos "não utilizáveis".