- Ano: 2015
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Fotografias:Adrià Goula, Antonio Rodriguez, Estel Ortega
Vinho, palha e animais
As antigas adegas da Ribeira Sacra eram (e são) espaços heterogêneos vinculados à residência onde são desenvolvidas as atividades da economia local, é habitual se deparar com conjuntos de várias construções de pedra onde convivem todos os tipos de usos: são conservados os embutidos, o orégano, o vinho, a água ardente, e se abriga o feno e o gado do pasto.
O volume inicial consiste de dois corpos que permaneceram praticamente inalterados: um dois níveis para armazenamento de feno e um segundo volume com um andar que integrou o lugar dos animais e a adega. Ambos são semi-enterrados pela estrada contra a fachada oeste, e aberto para o leste através da paisagem.
- Respeitar o volume inicial e a arquitetura local. A vila é harmônica: construções de pedra e o verde existente (de pasto e selvagem) estão em equilíbrio. A proposta é integrada neste contexto se acomodando aos limites dos muros existentes. Também são integrados os valores da arquitetura local (volumes de pedra seca tectônicas, de poucas perfurações), sem renunciar a sua própria linguagem;
- Os materiais locais. A materialidade é baseada na criação de uma envoltória de pedra existente e a madeira. O resto consiste na construção tradicional para trabalhar de acordo com o conhecimento do construtor local;
- Luz, ventilação e vistas. Tendo em conta as premissas anteriores e dadas as difíceis condições pré-existentes era necessário garantir condições de ventilação e iluminação para gerar o conforto necessário à residência, mas sobretudo deveria ser possível desfrutar a paisagem.
Casa sem janelas
Esta é a forma que as pessoas da vila a batizaram. Isso explica muito bem a estratégia de aberturas que foi pensada para contrariar a situação inicial do volume principal, semi-enterrado. Mediante a perfuração das esquinas foram criados pátios que estabelecem relações diagonais que garantem iluminação interior, ventilação cruzada e grandes visuais. Mesmo assim, esta estratégia define as aberturas como vãos nas fachadas, e não como janelas convencionais, dando uma aparência tectônica à casa e estabelecendo uma relação contínua do interior com a paisagem exterior.