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Arquitetos: Ricardo Bofill
- Ano: 1978
Andorra, pequeno principado nos Pirineus, somente recentemente tornou-se conhecido como atração turística comercial, após séculos de tranquilidade, tendo experienciado uma explosão populacional e crescimento econômico que poucos países já passaram.
Na noite de uma festa popular, em 1972, o antigo Santuário Românico pegou fogo e foi destruído. O complexo de edifícios foi deixado em ruínas, ficando de pé apenas a abside e a abóbada acima do altar e do campanário.
A tarefa de reconstruir o Santuário não poderia ser reduzida a um trabalho arqueológico, simplesmente devolvendo as pedras caídas às suas posições originais. Tampouco poderia ignorar a forte influência do caráter local da arquitetura e paisagem. A decisão de continuar pelo caminho histórico da imagem românica na teoria, aplicando técnicas modernas de construção e projeto na prática, foi também baseada na visão de que o projeto teria que ir além do seu programa, atuando como uma estrutura contrária à degradação ambiental inerente a territórios não planejados, propondo uma nova maneira de construir em Andorra, como resultado do seu passado.
Os dois elementos principais deste projeto são a ponte viaduto e o Santuário, embora outros elementos sejam tão simbolicamente importantes, como (de leste a oeste) o anfiteatro côncavo, os degraus gigantes, a ponte sobre a estrada, as torres de escalada, os arcos abobadados, a esplanada, o teatro convexo, a fonte, a colunata esculpida e o caminho pela floresta. O Santuário está construído com todas as suas dependências, manifestando uma clara insinuação de continuação nos arcos inacabados sobre o vale, esperando para conectar-se com a futura ponte.
A inspiração cresceu a partir das fontes românicas originais de Alberti e Palladio, no uso neopitagórico de raízes quadradas e círculos, incluindo a adição de certas insinuações catalãs-mudéjars.
Os desenhos do projeto relacionam planta, corte e fachada através de um esquema harmônico baseado na numerologia simbólica e a relação da medida básica no terreno e do programa. No exterior do edifício conscientemente uma continuação românica, uma forma que pertence à montanha negra envolta em vegetação mítica, mais evidentemente uma parte de uma pequena aldeia em que ela se apoia, capturando a filosofia arquitetônica dos demais templos de Andorra, mas muito consciente de sua diferente escala.
Todo o projeto do entorno do Santuário foi realizado posteriormente, envolvendo todas as superfícies pavimentadas, calçadas, balaustradas, escadas, rampas, estacionamento e todo paisagismo que envolve o re-plantio da paisagem circundante. Finalmente, realizou-se a remodelação e modernização das edificações antigas e abandonadas para serem utilizadas como dependências de apoio.