Entrevistamos o núcleo de conteúdo da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, desta vez estiveram presentes: Marcos L. Rosa, diretor de conteúdo, André Goldman, assistente de direção geral, e Bruna Montuori, assistente de direção de conteúdo. Como exposto na última entrevista realizada com Marcos Rosa, esta edição da Bienal possuirá um formato diferente e será expandida em seus dois anos de duração. Será realizada como uma plataforma de produção de conhecimento que fomentará discussões e transformações na cidade durante todo o seu período de realização e pretende deixar um legado palpável para cidade, uma vez que ela não se resume unicamente a uma exposição.
Saiba mais sobre a entrevista, a seguir.
Formato
A Bienal se estenderá por dois anos e será dividida no módulo estruturador e módulo expositivo. Diversos eventos e atividades serão realizados durante o módulo estruturador: discussões através de seminários e exercícios práticos através de oficinas. Além disso, será criado um estúdio transversal responsável pela documentação, já que um dos principais objetivos desta Bienal é deixar um legado concreto de todo o trabalho realizado, a fim de permitir a continuidade de todo conhecimento gerado durante o processo.
Tema
Esta Bienal questiona o significado do termo “projeto” a fim de abrir caminhos e discussões sobre as possíveis formas de se “fazer” cidade. Através de diferentes ações, pretende-se aproximar o conhecimento técnico de grupos que não o tem, ao mesmo tempo que outros saberes são incorporados à pratica de arquitetura e desenho urbano.
Assim, Em Projeto refere-se ao lugar do projeto no processo de construção, que deve ser valorizado como uma instância estratégica de uma ação sobre a cidade - ato que ocorre às pressas e ainda é pouco valorizado no nosso país, ocasionando uma perda de recursos e tempo.
Para repensar o significado de projeto, seu sentido do latim é retomado: projetar-se, colocar-se na linha de frente.
Onde
Para atingir o horizonte daqueles que pensam a cidade para todos, esta edição se aprofunda num passo que a última Bienal já deu, não se concentrar apenas no centro expandido. Ao sair do confinamento das áreas centrais e buscar pelas bordas da cidade, uma relação de aprendizado mútuo é estabelecida, na qual ocorre um intercâmbio de conhecimentos de diferentes escalas, culturas e territórios.
Observatório
O Observatório da Bienal nasceu através das "nuvens de referências", criadas a partir de um levantamento dos temas discutidos e relevantes. Ele serve para mapear e reconhecer iniciativas, personalidades e ações que refletem o desejo e ilustram formas de participação de diferentes atores na construção e transformação coletiva da cidade. Cada ação é catalogada numa ficha e inserida em seu contexto - mundo, Brasil ou São Paulo -, assim, cria-se um arquivo de referências para futuros convites da Bienal.
Este processo trouxe uma primeira conclusão: ações experimentais, transformações táticas, financiamento colaborativo e outros instrumentos facilitam e permitem o engajamento social. Desta forma, a transformação da cidade ocorre de forma coletiva e perpassa por diversos setores além da Arquitetura. Assim, o Observatório indicou a abordagem da 11ª Bienal, de sair dos temas mais tradicionais para temas atuais, as "Formas de Fazer", o que resultou em três eixos principais: Entre Projeto, Sem Projeto e Pós Projeto - que serão debatidos numa próxima conversa.
Quem pode participar?
Para operar uma plataforma de associação de vários saberes e olhares sobre a cidade, a Bienal fará uma chamada aberta para que as pessoas participem e tragam as próprias contribuições. Esta é uma forma de trazer experiências inovadoras, que o núcleo de conteúdo desconhece, à tona.
Os chamamentos abertos serão focados em grupos como coletivos, associações, arquitetos e escritórios de arquitetura.
________
Em entrevistas periódicas com a equipe de organização, mostraremos um pouco mais do processo de reformulação da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo. Veja a primeira entrevista aqui.