Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto partiu da necessidade de converter o sobrado residencial da década de 40 num bar de vinhos, com recursos mínimos e intervenções econômicas. O desafio de intervir em uma construção existente é enxergar as potenciais compatibilidades para abrigar novos usos e novos costumes. O sobrado apresentava um volume construído relativamente pequeno, com salas compartimentadas, escada central e um generoso quintal em desnível, com árvores adultas, em lote estreito e profundo.
Como parte das intenções originais estava a manutenção da área externa e suas espécies vegetais como espaço de uso coletivo, onde as pessoas pudessem desfrutar do clima temperado no miolo de um bairro densamente edificado; a manutenção dos elementos construtivos originais como o piso em taco, a escada de granilite, os caixilhos de madeira e o telhado cerâmico e a configuração de um conjunto versátil, adequado tanto para restaurante como bar.
A distinta expressão entre a cozinha residencial original e a cozinha do restaurante, com práticas e equipamentos bastante específicos, definiu a necessidade de uma ampliação construtiva. Contrariando a premissa de uma cozinha estritamente técnica, apartada dos outros usos, o novo volume foi posicionado no centro do lote (conectado com a cozinha original) possibilitando a conexão direta tanto com os ambientes internos quanto externos.
O átrio de entrada e a sala contígua abrigam mesas para refeições mais formais. A sala intermediária abriga o bar num balcão contínuo, capaz de fazer a transição entre ambientes. O piso superior abriga as áreas técnicas – escritório e vestiários – e área para aulas e oficinas. A área externa apresenta um deck com patamares distintos, que possibilita diversas apropriações de mobiliário e ocupação.
Para garantir a identidade do bar e a economia de soluções, o mobiliário foi projetado com perfis de aço soldados e chapas de compensado naval aparafusadas na estrutura, capaz de ser executado em serralheria, com técnicas simples. As proporções levam em conta o espaço específico de ocupação e também o nível de descontração desejado (mesas mais largas e baixas, banquinhos baixos em diálogo com o deck e banquetas junto ao balcão).
O deck foi pensado em níveis distintos, utilizando a topografia natural do terreno, com degraus que funcionam como arquibancadas. Para estruturar o deck e garantir a estabilidade do conjunto sem custos adicionais foram definidos módulos em tijolos de concreto pré-moldados, garantindo que a madeira assentasse diretamente sobre os blocos, livre de umidade adicional.
Por fim a ampliação para abrigar a cozinha foi pensada como parte do mobiliário, em perfis de aço soldados, telha metálica e fechamentos em vidro, capazes de demarcar a intervenção e manter a integridade original da construção.