Organizar uma mostra paralela é uma decisão política e essa nos cabe hoje. Nos cabe ampliar a discussão sobre o que nos dá a condição de vida pública. Nos cabe escapar da inútil mostra de projetos e atacar a cidade com novas e velhas questões que revelam o espaço público. Como referência, assumiremos de antemão que o espaço pressupõe relações e público é um valor atribuído.
Diariamente negligenciamos essa condição atribuindo ao processo cotidiano valores privados que tornam a interação na cidade uma obrigação. Com essa troca, por consequência rompemos a comunicação e moldamos essa sociedade esquizofrênica que reconhece o outro como potencial ameaça.
Organizamos assim, sem maniqueísmo, a noção de espaço público como o solo comum que nos dá o suporte de interação e a rua como sua parte mais pública mas em função direta com o privado.
A proposta nesta edição é definir a rua não como elemento facilmente resolvido em um desenho arquitetônico onde são dispostos vias, calçadas e mobiliário e sim como o entre imediato de dois diferentes tipos de propriedade, onde deveria ser garantido o máximo desse valor público. A rua é de quem passa.
Não se trata de resgatar nostalgicamente o antigo, mas de compreender quais atributos do convívio estamos amputando de nossas relações quando os parâmetros admitidos são os atuais.
Na paralela estamos colocando todas essas questões na rua, será a mostra de um processo onde todos podem participar.
A Mostra Paralela envolve três núcleos: Um de curadoria trabalhos onde algumas pessoas irão propor intervenções na RUA, um sobre memória urbana onde levantaremos projetos para espaços públicos não realizados para a cidade de SP e uma plataforma colaborativa sobre o espaço público. Todas essas frentes são pautadas pelo tema proposto, todas passam pelo filtro da rua.
Antecedendo a Mostra, será realizado um ciclo de debates sobre a Rua, visando promover, agregar e produzir conhecimento, articular as instituições e envolver a sociedade. O material produzido pelo ciclo de debates, será parte do desenvolvimento do trabalho.
A realização desse projeto é a 1º etapa da criação de um Centro de Referência da Cidade, possibilitando que todo o trabalho realizado tenha continuidade.
Esta apresentação é uma conversa sobre o andamento dos nossos trabalhos e também o primeiro passo de abertura para a participação de todos.
Onde: Salão do IAB-SP na Rua Bento Freitas, 306, Mezanino - Vila Buarque no dia 28/02 às 19:30