- Área: 135 m²
- Ano: 2009
-
Fotografias:David Frutos
Um depósito de ferramentas em um lote rural teria que ser convertido em um pequeno refúgio de campo. Assim foi descrito o projeto. Seria um programa mínimo: um dormitório, um banheiro e a sala de estar. Próximo à edificação há um pequeno morro que caracteriza o terreno. Possui uma inclinação suave, não muito alto, em que todos escalam para dominar as vistas da paisagem.
A proposta era substituir o barracão por um novo, o que permitiria uma conexão com a elevação. Com uma simples operação, o projeto foi concebido, subindo a terra, "tal como o chão se eleva quando a uma pá está cravada no solo". Neste local crescerão miscanthus, Pennisetum setaceum, lavanda, alecrim... Um novo nível de passagem é assim criado.
No interior, a vida desenvolve-se abaixo de uma rampa de concreto. Pequenas aberturas visualizam o monte, e uma grande, vertical, enquadra a paisagem. A lareira é próxima a esta última, um objeto reconhecido dos tempos antigos. O fogo no interior hipnotiza aqueles que o observam durante as noites de inverno, enquanto o piso esquenta o ambiente.
O teto verde, as paredes duplas e a ventilação cruzada trazem de volta a atmosfera e temperatura das antigas casas espanholas. O residência torna-se um local sombreado, onde pode-se procurar refúgio das tardes quentes de verão.
No exterior, argamassa dourada cobre as paredes, um material fino feito de areia e saibro provindos do próprio terreno, mesclando-se com as montanhas vizinhas e terras. Isso permite que a vegetação cresça e suba pelas fachadas.
Juntamente com os ciprestes, choupos, ulmeiros, pinheiros, amoreiras, laranjeiras e oliveiras, a casa aparece como um outro elemento da paisagem.
Neste projeto, o esforço econômico centra-se na construção do telhado verde. Esta, juntamente com as paredes duplas, é uma inversão gratificante e digna devido ao isolamento do solo na cobertura. As aberturas, que se enfrentam, criam um clima ideal tanto no verão como no inverno, ainda ajudando na economia de energia. Materiais de construção locais e tradicionais como as argamassas, cal e tijolos são utilizados no exterior e contribuem para balancear o orçamento do projeto. No interior, aço galvanizado, MDF laqueado e louças de barro são combinados criando um interior básico, um espaço minimalista.
O exterior se converte em interior e vice versa. Espaços flexíveis e adaptáveis que surpreendem, interagem e mudam com o habitante. "É a arquitetura entendida como uma infraestrutura que auxilia a aproveitar o pedaço de terra."