O escândalo ou conspiração dos bondes nos Estados Unidos é uma interessante história do transporte no mundo, pelo seguinte:
Até 1930, a população dos Estados Unidos se deslocava em sua maioria com transporte público, que era composto principalmente por bondes. Apenas 10% da população usavam carros particulares ou ônibus motorizados.
Entre 1936 e 1950, empresas como a General Motors, Standard Oil e Firestone, todas interessadas em fazer com que automóvel se tornasse um produto de uso em massa, criaram a empresa National City Lines (NCL), que comprou as linhas de bondes de 45 cidades, entre as quais Detroit, Nova Iorque, Oakland, Filadélfia, Seattle e Los Angeles. Esta compra teria sido feita a fim de substituir os bondes por ônibus fabricados pela General Motors. Foi uma estratégia de negócio idealizada por Alfred P. Sloan Jr., um "gênio" treinado no MIT e contratado pela General Motors para ampliar as vendas de automóveis e maximizar os lucros através da eliminação dos bondes. Em 1922, de acordo com arquivos próprios da GM, Sloan criou uma unidade especial dentro da empresa que foi responsável, entre outras coisas, a tarefa de substituir os bondes nos Estados Unidos por automóveis, caminhões e ônibus.
Um ano antes, em 1921, a GM fechou o ano com perdas, o que teria levado Sloan a concluir que o mercado do automóvel estava saturado e que aqueles que queriam um já o tinham, então a única forma de aumentar a vendas e restaurar a sua rentabilidade GM era eliminar seu principal rival: o bonde.
Em 1974, o procurador Bradford Snell acusou General Motors e seus parceiros de conspiração e tentativa de monopólio perante o Comitê Judiciário do Senado.
As empresas envolvidas na conspiração foram julgadas por violação da Lei Sherman Antitrust. A sentença foi uma multa de cinco mil dólares para a General Motors e uma multa simbólica de um dólar para os outros associados.
A GM teria admitido, de acordo com documentos judiciais, que em meados dos anos 50, os seus agentes haviam comprado mais de mil bondes e 90% do total foi substituído por transporte motorizado.
Claro, existem argumentos contra a teoria da conspiração, pois não se pode negar que a oferta de automóveis era muito limitada e comprar um carro era muito caro na década de 30. E, portanto, como isso foi mudando, as pessoas voluntariamente decidiram parar de usar o transporte público, devido, entre outras coisas, o fato de possuir um automóvel ter se tornado um sinal de status e a construção de estradas uma demonstração de progresso. Além disso, expansão urbana também tornou o bonde como transporte ineficiente junto de pouco apoio político.
Hoje, daqueles bondes restam apenas imagens como as deste artigo. Se o seu desaparecimento foi devido a uma causa "natural" ou devido ao poder de um grupo de empresas que determinaram como se planeja o transporte público nas décadas seguintes, pode ser discutido, mas não nos esqueçamos do que está em dúvida.