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Arquitetos: Arnau Tiñena Architecture
- Área: 148 m²
- Ano: 2013
Descrição enviada pela equipe de projeto. A estrutura social das famílias espanholas mudou em poucos anos. Pau e Rocío são um jovem casal que acabam de fazer 30 e decidiram construir sua própria casa.
Pode parecer surpreendente dado a situação econômica delicada que a Espanha está, mas esse novo perfil de empreendedores é bastante diferente do modelo baseado nas hipotecas que estouraram o mercado imobiliário.
Esta é uma pequena casa projetada especificadamente para eles, cuidadosamente dimensionada e contida, sem excessos. O permanente aspecto de incompleto do trabalho é devido à falta de recursos, o edifício será completado ao longo do tempo. A indeterminação econômica e social requer um projeto aberto, receptivo às mudanças. Os arquitetos proporam aqui uma estrutura crescente organizada por faixas programáticas utilizando o mínimo de recursos econômicos e energéticos.
Seu trabalho nos campos explica sua forte ligação com a terra e a paisagem agrícola da região de Baix Camp, e por essa razão eles querem viver especificamente neste território. Desde o início, o casal tomou parte ativa no processo.
É uma casa enraizada no território, mas ao mesmo tempo flexível e transformável, pronta para crescer e absorver as mudanças familiares ao longo dos anos.
A cidade de Botarell tem uma relação bem próxima da natureza. Localizada aos pés das montanhas dos Prades a morfologia urbana do vilarejo apresenta limites difusos com as áreas rurais, tradicionalmente dedicada ao cultivo de uvas, amêndoas, nozes e azeitonas. Uma paisagem seca e quente, com uma luz intensa, que cria uma atmosfera similar às pinturas letárgicas do artista De Chirico.
A casa é construída num terreno com vizinhos nos dois lados. Situada nos limites entre uma extensão moderna do vilarejo e as áreas agrícolas, é visualmente vista como a continuidade da paisagem agrícola do entorno. A estratégia de organização provém da reativação da estrutura geométrica latente da lavoura, concebida como sistemas eficientes de bandas paralelas. O projeto é um dispositivo nascido de uma antiga ordem da paisagem, que tradicionalmente organizou o território.
A paisagem como ferramenta de projeto.
A disposição do programa em bandas funcionais transformáveis busca a solução mais econômica, lógica e eficiente. A casa é organizada em camadas de privacidade, introvertida em ambos os lados e na fachada voltada para a rua, e aberta completamente ao sul para garantir qualidade de luz natural, estabelecer uma relação íntima do interior-exterior, minimizar as reduções de temperatura e proteger dos fortes ventos do norte.
A utilização de materiais locais, como o concreto, tijolos cerâmicos e madeira, e técnicas locais de construção estão entre os fatores que buscam minimizar os custos de transporte.
O uso das energias naturais pretende minimizar o consumo de recursos naturais do edifício. Soluções de baixa tecnologia tais como boa orientação, a utilização de água da chuva para regar o jardim ou os fluxos de ventilação são prioridades no processo de projeto.
Esta casa é projetada para esta paisagem específica, assim como para cultura e pessoas específicas.. Possui uma forte relação com a terra e a paisagem, mas ao mesmo tempo, busca se tornar um sistema aberto e elástico, uma estrutura simples, flexível, escalável e reprogramável que deve crescer junto com as necessidades de seus habitantes, a fim de lidar com as turbulências econômicas e sociais nos próximos anos.