Por Ruth Verde Zein
As estruturas porticadas desta obra dão seguimento a idéias exploradas nos Ginásios de Itanhaém e Guarulhos, mas aqui com um porte e complexidade estrutural e formal muito mais amplo, onde o desenho do pórtico em elaboração e tridimensionalidade.
Os apoios triangulares desenham inflexões, estreitamentos, alargamentos e vazios estrategicamente posicionados, enfatizando questões estruturais de transição de esforços e tirando partido de detalhes como o recolhimento de águas pluviais e aberturas para iluminação zenital, para ativar e densificar a abordagem conceitual, chegando numa resolução complexa a partir de um esquema inicial simples. E como é habitual nessa e em outras obras de Vilanova Artigas, uma vez estabelecida a regra básica são ativados uma série de mecanismos para criar variantes, de maneira que o resultado nunca é óbvio, mas sempre surpreendente.
Os pórticos em concreto aparente têm secção triangular, conformando vigas-calha no tramo superior, com vão de vinte metros na face superior, e distância entre os apoios, no nível do piso inferior, de dezessete metros e meio; as colunas de apoio têm secção triangular variável e além de apoiarem o tramo superior do pórtico se prolongam para dar apoio a duas grande vigas-calha de secção triangular, posicionadas à maneira de platibandas ao longo da porção superior das duas fachadas longitudinais. O encontro entre tramos superiores do pórtico, vigas-calha e apoios forma um conjunto de geometria tridimensional complexa, permitindo parcialmente observar o caminho das águas pluviais desde a cobertura até o chão.
Os pórticos são travados entre si por nove vigas-calha de secção triangular, espaçadas de maneira a conformar vazios intermediários que recebem elementos translúcidos para a proteção, ventilação e iluminação natural zenital dos ambientes. O volume muito extenso proposto originalmente, de proporção 20:3, mantém um forte grau de homogeneidade pela presença repetitiva dos pórticos transversais, embora os acidentes e variantes organizem vários momentos distintos, intercalando espaços mais ou menos abertos e/ou fechados, com pés-direitos e visuais variáveis.
Referência:
Ruth Verde Zein. A arquitetura da escola paulista brutalista 1953-1973. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005. (tese de doutorado)
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Arquitetos: João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi; João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi
- Ano: 1961
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Fotografias:Tumblr kureator