- Área: 148 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Maíra Acayaba
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Fabricantes: CCL Marcenaria, Esquema Vidros, GR Pisos, Irmãos Camargo, Neorex, Reka Iluminação
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um pequeno e escondido sobrado da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, foi comprado para se transformar em ateliê e escritório de um casal, cada piso com acesso independente. Como o terreno tinha um pouco mais de 150 m², a solução partiu da liberação das áreas e da incorporação do programa complementar e do mobiliário aos próprios paramentos.
Para ganhar espaço no térreo e no primeiro andar, todas as paredes internas foram retiradas e o piso, uniformizado com granilite. Com as plantas livres, se ganha espaço para grandes mesas de trabalho.
Para atender a necessidade do mobiliário de apoio, foi criada uma grande estante estrutural de concreto aparente, que toma conta da empena lateral e se eleva do térreo à cobertura. Como a casa é de alvenaria estrutural, esse elemento ajuda a sustentar a própria empena, a laje do primeiro piso e o madeiramento da cobertura – cada montante de concreto funciona como um pilar e todos apontam para uma cinta metálica.
A estante recebe módulos de compensado que funcionam como prateleiras ou gavetas, conforme a necessidade de uso e no primeiro andar, uma fórmica preta embuti os conduletes de elétrica. As aberturas e fechamentos da estante conversam com os dois lados da casa, integrando interno e externo.
A mesma estante também recebe a escada que garante o acesso independente aos ambientes. Os pisos da escada brincam com a alternância da estrutura de concreto: madeira vazada junto às caixas sólidas e metal fechado ligado aos módulos vazados, onde a lógica entre cheios e vazios continua.
No recuo lateral, configura-se a entrada principal com fechamento em porta pantográfica, revelando a mão do artista e proprietário Arthur Lescher, que havia trabalhado o conceito em suas exposições.
No pavimento superior, a laje foi retirada e as tesouras em madeira foram restauradas e permaneceram aparentes, ampliando o espaço.
A fachada ganha modernidade com as grandes aberturas enquadradas por caixas de concreto aparente, resultando em ventilação cruzada e iluminação natural.
Complementando o programa de necessidades, os banheiros e copas independentes são resolvidos com a construção de uma torre de concreto aos fundos do imóvel. Essa estrutura monolítica preta revela imperfeições e alguns rasgos envidraçados são referências ao trabalho do chinês Wang Shu.
Apesar dos limites do terreno, a construção ainda conta com duas áreas externas, uma à frente preenchida com bloquetes, e outra aos fundos, com pedriscos, destinada a almoços e encontros informais.
Quase ao final do projeto, a casa foi destinada a uma editora, para qual o mobiliário da copa, as mesas e as cadeiras dos salões também foram desenhas pelo escritório, para melhor atender as necessidades dos usuários e funcionalidade do espaço.