Apresentamos a seguir o projeto selecionado como 2° Pré-Classificado no Concurso Nacional para a Moradia Estudantil da Unifesp em São José dos Campos, desenvolvido pelo escritório Projeto Paulista de Arquitetura. Veja na sequência algumas imagens e a descrição pelos autores da proposta.
Dos arquitetos: O projeto busca criar oportunidades de convívio entre o ser humano e o meio ambiente, promovendo oportunidades de contemplação, passeios, meditação e encontro.
Considerando esse aspecto, optou-se por implantar os edifícios de moradia ao longo de uma das laterais do terreno, disposição que enfatiza o suave aclive do relevo, a fim de configurar uma grande área ajardinada que estabelece continuidade visual e física com as áreas de APPs vizinhas. Esta área ajardinada se estende sobre a cobertura do edifício de vivência, transformada em praça mirante, permitindo visuais sobre todo o campus universitário.
Afirmação na paisagem
Optou-se por implantar o conjunto de moradias direcionando as visuais dos edifícios às belas vistas panorâmicas do entorno e garantindo orientação norte e leste para os dormitórios. Mas buscou-se principalmente a constituição de um conjunto arquitetônico integrado, que se afirmasse na paisagem e traduzisse a ideia de moradia coletiva. A criação de uma rota privilegiada de pedestres é feita ancorada pela disposição linear do conjunto. Essa rota inicia-se no centro de vivência (cota 585), espaço de uso coletivo geral caracterizado por um pátio descoberto de onde se observa todas as atividades presentes no edifício. Neste pátio, uma escada-arquibancada, proposta para abrigar público para pequenas apresentações, interliga o centro de vivência à praça ajardinada (cota 589,20) e aos térreos em pilotis das edificações residenciais. Os pilotis abrigam os espaços de uso coletivo intermediários (terraços, estudos e estares dos moradores) e interligam os três acessos verticais dos edifícios, constituindo uma rua coberta de circulação e encontro no nível da praça, e possibilitam a conexão física e visual com as APPs vizinhas. A circulação de acesso aos dormitórios nos andares superiores passa a participar e animar a praça, transformando o que seria uma simples conexão num passeio elevado.
A rua que delimita de um dos lados o grande jardim configura uma rota secundária de uso compartilhado entre veículos, pedestres e bicicletas, e articula os três acessos que servem ao lote: a da rua projetada prevista na parte alta do terreno, cota 595, onde se prevê o estacionamento de visitantes pela ligação mais direta com a cidade; do acesso ao centro esportivo do Campus, previsto na cota 590; e da rua projetada na cota inferior do terreno, cota 585, por onde se acessa os demais edifícios da universidade.
Organização das moradias
Uma única tipologia resolve todas as habitações, havendo alterações somente no arranjo dos quartos e no seu comprimento (mais curto no caso da moradia de casais) para atender aos requisitos de área. Os espaços de uso coletivo imediato (copa-estar e sanitários), foram tratados como espaços de franca relação com a circulação coletiva através de grandes áreas envidraçadas. Dessa forma as circulações transformam-se em extensões do estar, em terraços oportunos para a permanência. Os dormitórios configuram uma zona privada, dispostas no fundo da unidade e com visuais mais preservadas. As unidades para pessoas com necessidades especiais localizam-se ao lado da circulação vertical no primeiro andar dos edifícios e possui mesmo arranjo das demais unidades.
A distribuição das moradias (quartos individuais, duplos ou quarto família) foi organizada por faixas: O edifício sobre o centro de vivência abriga as moradias com quartos individuais e pequena faixa com moradias de quartos duplos. O bloco seguinte, que enfrenta as curvas de nível, abriga somente unidades de quartos duplos. A lâmina disposta na cota mais alta do terreno, por estar mais resguardada, abriga os apartamentos de estudantes casados.
Linguagem arquitetônica
A expressão do edifício evidencia as estratégias de conforto ambiental passivo que foram empregadas, buscando alta performance ambiental e de economia de energia.
Os dormitórios são orientados para norte e leste e possuem proteção solar através de venezianas móveis; na circulação coletiva brises fixos em chapa expandida oferecem proteção às áreas com pequenos bancos de estar, e todos os ambientes tem acesso à iluminação natural e ventilação cruzada.
As coberturas dos edifícios foram tratadas como teto-jardim. No centro de vivência foi pensada como cobertura verde intensiva funcionando como acumulador de água destinada à reuso na irrigação das áreas verdes. Na cobertura do edifício laminar utilizou-se cobertura verde extensiva, visando a proteção térmica do edifício.
Exceto nas áreas molhadas e na divisão das unidades, onde a alvenaria facilita a estanqueidade acústica e passagem das instalações, as demais divisórias serão de gesso acartonado.
O emprego de estrutura convencional de concreto armado, com vãos de 7.70m x 7,00m, e balanços de 2m, além de baratear a construção pelo emprego de vãos econômicos, define lajes que podem ser facilmente readaptadas para outros usos conforme a necessidade pela disposição da estrutura na periferia das unidades. A pequena altura das peças estruturais permite entrepisos menores, gerando alta economia no volume de materiais.