- Ano: 2014
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício ICTA-ICP, situado no campus da UAB (Universidade Autônoma de Barcelona) é um centro de pesquisa em ciências ambientais e paleontologia. Coerente com seus campos de pesquisa, os usuários do edifício apostaram desde o início em um projeto preparado para dar uma resposta ambiciosa aos desafios da sustentabilidade. O edifício, um volume isolado de 5 pavimentos de 40x40m2 cada e mais dois pavimentos subterrâneos abriga os seguintes usos: no terréo estão acomodados o hall, salas de aula, salas de reunião e administração; nos 3 pavimentos seguintes estão os escritórios e laboratórios; na cobertura, hortas (estufas) e áreas de descanso; no semi-sótão, estacionamento e sala de máquinas e no sótão os depósitos e o resto dos laboratórios.
Tanto os escritórios como os laboratórios são usos com muita carga interna e por isso tendem a ser muito quentes. O edifício ICTA-ICP foi desenhado para aproveitar esta carga interna no inverno e dissipa-la no verão. Pensamos o edifício como uma infraestrutura adaptável, flexível a possíveis mudanças de uso, desenvolvendo várias estratégias simultâneas que se complementam.
Estrutura
Foi escolhida uma estrutura de concreto de grande duração e baixo custo, com muita inércia térmica, que colabora diretamente no conforto passivo do edifício. Otimizou-se a quantidade de concreto distribuindo sua massa a favor do intercambio térmico através das lajes de concreto com tubos na parte central por onde circula o ar. Na parte superior e inferior se ativa a massa térmica do forro a partir da energia geotérmica.
Pele
A estrutura de concreto está envolta e protegida por uma pele exterior bioclimática de baixo custo construída a partir de sistemas industrializados de estufas agrícolas que, abrindo e fechando automaticamente, regulam a captação solar e a ventilação, conseguindo melhorar a temperatura interior de maneira totalmente natural e garantindo um conforto nos espaços intermediários e de circulação.
Pátios
No meio do edifício, quatro pátios verticais, com escadas que conectam pontualmente os diferentes níveis, garantem a luz e ventilação a todos os espaços de trabalho, reduzindo o consumo de luz artificial e, por tanto, diminuindo as cargas internas. Estes pátios, assim como todo o espaço intermediário do edifício e da galeria perimetral, abrigam diversas espécies vegetais, melhorando o conforto graças ao ajuste do gradiente de umidade.
Sótãos
O edifício também aproveita o contato com o terreno de suas duas plantas soterradas para pré-climatizar as renovações de ar através da câmara de ar que geram as vigas de contenção PI, assim como a câmara de ar do forro sanitário.
Caixas de madeira
No interior deste clima dispõem-se caixas de madeira bem isoladas com aberturas de vidro que conferem condições de conforto aos espaços de trabalho. A disposição destas caixas muda em cada pavimento, ajustando-se as necessidades dos usuários, criando espaços intersticiais generosos e indeterminados, que se conectam com as circulações e conformam espaços de encontro e descanso mais informais.
Clima e gestão
O edifício foi desenhado para acolher três tipos de climas associados a diferentes intensidades de uso: Clima A, os espaços intermediários que se climatizam exclusivamente a partir de sistemas passivos e bioclimáticos; Clima B, escritórios que combinam ventilações naturais com sistemas radiantes semi-passivos. E por fim, Clima C, os laboratórios e as salas de aula que possuem um funcionamento mais hermético e convencional.
Cada tipo de clima possui seus sistemas associados. O comportamento do edifício é monitorado e controlado através de um sistema automatizado que processa e gestiona um importante conjunto de dados para otimizar o conforto e o consumo de energia. O sistema foi programado para favorecer ao máximo o comportamento passivo e minimizar o uso de energias não renováveis. O edifício reage e se adapta constantemente, abrindo e fechando, ativando e desativando, conseguindo esgotar as possibilidades naturais que o meio nos oferece. Desta maneira, a percepção do conforto é muito mais autêntica e menos artificial do que o habitual.
Materiais
Optou-se por um material mineral de muita inércia térmica e de grande vida útil para a estrutura e por materiais de baixo impacto ambiental para os fechamentos secundários, priorizando o uso de materiais de origem orgânica ou reciclados e sistemas construtivos a seco que são reversíveis e, portanto, reutilizáveis.
Água
O edifício trabalha com o ciclo da água otimizando a demanda e o consumo a partir da reutilização das águas pluviais, águas cinzas, amarelas e negras.