- Área: 1146 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Gabriel Castro / Reverbo
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Fabricantes: Atlas Concorde, Gail, Neorex, Parquet União, Tecnocril
Descrição enviada pela equipe de projeto. Salvo raras exceções, onde questões programáticas inovadoras formam a base para um projeto de um edifício residencial, na maioria das vezes o trabalho dos arquitetos se comprimem entre a restritiva Legislação de Uso e Ocupação do Solo dos municípios e a ganância apressada do mercado imobiliário, fatores que contribuem para a baixa qualidade arquitetônica das nossas cidades. Muitos escritórios de arquitetura se moldam à esta dura realidade, enquanto outros acabam não participando do jogo. O contexto do edifício Flor de Liz não foi muito diferente disto e após algumas tentativas da Play Arquitetura de viabilizar estudos com tipologias variadas, em que as áreas externas fossem melhor exploradas em apartamentos com áreas privativas.
O programa solicitado pelo cliente se resumiu em 1 apartamento por andar, com 4 sendo 2 suítes, o máximo de número de vagas de garagem e outros padrões conhecidos do mercado. A diferença contudo nasceu do fato deste ser um empreendimento familiar, de pessoas não viciadas em fórmulas ditadas pelos corretores e outros agentes imobiliários. Foi aí que nós arquitetos conseguimos alguma brecha pra propor materiais diferentes, uma diversidade maior dos vãos de portas e janelas e outros detalhes menos padronizados.
A planta se organiza longitudinalmente, concentrando as circulações verticais (elevador e escada) e os ambientes com instalações hidrossanitárias (cozinha, banheiros e área de serviço) de um lado, noroeste, e a área social e quartos do outro, sudeste. A volumetria e uso dos materiais externos reforçam esta setorização. A fachada noroeste é marcada por uma composição irregular de janelas pré-moldadas quadradas, de tamanhos variados, da Neo Rex. A sudeste, por sua vez, se compõe de janelas maiores, regulares e o diferencial foi o revestimento criado com cerâmicas Gail de cores variadas, algumas delas já fora de linha e encontradas no depósito da marca em Belo Horizonte, o que contribuiu para uma significativa redução dos custos.
Os 10% da área do pavimento não computáveis de acordo com a Legislação vigente na época foram utilizados com a criação de uma confortável varanda na parte frontal do edifício, com churrasqueira e bancada com pia. Nesta varanda, destaca-se o desenho do guarda-corpo, composto de barras de ferro verticais que parecem isoladas entre si, uma vez que o travamento horizontal foi transformado em uma grande bancada de madeira. Na fachada frontal ressaltou-se o volume que abriga a área social do apartamento de cobertura como elemento único na composição geral do prédio.