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Arquitetos: Atelier do Corvo
- Área: 134 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Jorge das Neves
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Fabricantes: AutoDesk, CIFIAL, CLIMAR, Dow Building Solutions, ESMEC, Efapel, Grupo Isidoro, MACIÇA, Metalmiro, Multiplacas, Robbialac, Umbelino Monteiro
Descrição enviada pela equipe de projeto. Da construção defensiva medieval que se crê ter existido neste promontório já só restam como testemunhos a torre e a cisterna. Sobre o património herdado, resultado de tantas transformações ocorridas ao longo dos tempos, procurámos utilizar uma linguagem e um processo construtivo intemporal, buscando retomar a condição “chã” do conjunto e assim devolver dignidade ao conjunto.
Torre: Consolidaram-se muros de contenção de terras e propuseram-se outros que clarificassem o percurso de acesso à Torre. Foram executados em alvenarias de pedra aparente e rebocadas com argamassas pobres. Demoliram-se as construções espúrias existentes que desqualificavam a edificação e colocavam em risco a sua própria solidez ao introduzirem cargas para as quais o sistema construtivo não estava preparado.
Propuseram-se umas escadas interiores na torre, ligando o patamar existente ao embasamento, ligação esta que não existia. A proposta quis unificar o acesso aos sinos, ao sistema mecânico do relógio e ao miradouro, assim como o acesso às sepulturas na cota baixa, descobertas durante a obra, descoberta essa que inviabilizou a possibilidade de ligação interna entre a torre e a cisterna.
As escadas, o gradeamento, o piso e a cobertura do miradouro foram executadas em madeira de Tacula. O módulo do degrau deu origem a uma geometria que dá a regra a toda a solução: dimensão do espelho e cobertor, ritmo da guarda da escada, ritmo da parede guarda do piso elevado/miradouro, geometria da estrutura do pavimento e da cobertura. Pelo exterior, essa cobertura é revestida em camarinha de cobre com junta agrafada. A escada, solta das paredes, é apenas fixada pontualmente no acesso da porta Poente e no miradouro que se desenha na cobertura. As escadas - e todos os trabalhos de madeira - foram construídas segundo um sistema de entalhes tradicionais em que os elementos verticais e os elementos horizontais de suporte das réguas dos patamares e dos cobertores se travam, criando uma estrutura unitária, autoportante, estável e flexível.
Necrópole: Descoberta durante as escavações, tornou-se necessário permitir a sua visita ao público. Projectámos uma cobertura ajardinada de betão para proteção das sepulturas, possibilitando a sua visita apenas pela cota baixa, na qual o visitante está a um nível inferior às próprias sepulturas. Pelo exterior, marcando-se o lugar de cabeceira de cada sepultura, tubos compactos de acrílico cartografam a sua localização. Este dispositivo é também um elemento condutor de luz natural. A partir da pequena antecâmara, apenas se vêm as sepulturas mais próximas, sendo as restantes percecionadas pelo revestimento em aço polido do teto que as reflete. Usando este dispositivo cenográfico, pretendeu-se dar a conhecer o resultado das escavações, mas evitar o contacto imediato com as sepulturas criando assim uma atmosfera solene que um lugar como este deve convocar.
Cisterna: A Cisterna foi coberta por uma nova abóboda, executada em tijolo de face à vista e argamassas pobres e iluminada por um sistema de óculos de vidro artesanal. Este espaço conterá informação sobre os achados arqueológicos encontrados e estudados durante a duração da obra.