Alessandra Almeida e Aline Prado

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

O planejamento da mobilidade e as mulheres

Levantar cedo, acordar os filhos, fazer e dar o café da manhã, tomar banho, dar banho neles, seguir para o ponto do ônibus. A bolsa cai, a criança embirra, o buzu atrasa. Colo, mochila, criança… nem se sabe mais a ordem. Na primeira ordem do dia, o primeiro ônibus e os filhos chegam à escola, corre de novo para o novo ponto e uma nova espera, chega o segundo transporte. Embarca em pé, dribla o sono e o assédio até o trabalho. Na hora do almoço, aquela passada na farmácia e, quem sabe, também na feira pertinho. Ou hoje é dia de passar no açougue? Volta do trabalho: pacotes, bolsa e cansaço. Uma parada no caminho para pegar as crianças e a lembrança inoportuna da falta que lhe conduz ao mercado antes de chegar a sua casa com o dia que termina, mas não sem antes preparar o jantar. Ufa!

O trecho citado é o relato de um dia fictício. No entanto, essa rotina é a crônica diária em muitas residências, em especial nas de baixa renda, nas periferias, nas casas de famílias monoparentais chefiadas por mulheres, onde o drama das muitas idas e vindas pode se intensificar com elementos da interseccionalidade de gênero, raça, classe social, geração, território, capacidade física, orientação sexual, entre outros.