Após anos de reinado, as linhas ortogonais e os ângulos retos nos projetos de interiores estão cedendo lugar aos desenhos orgânicos e formas arredondadas. Com essa significativa mudança na linguagem formal, percebe-se cada vez mais a invasão de curvas delicadas e volumes amorfos nas peças de design, mobiliários e elementos decorativos. Há quem diga que essa situação pode estar indiretamente associada ao aumento no interesse pela sustentabilidade e na busca por estratégias que aproximem o homem da natureza, como o próprio conceito de biofilia, constantemente presente em projetos de diferentes escalas. Uma condição reforçada ainda pelo período de isolamento social na pandemia de Covid-19, o qual incitou as pessoas a criarem maneiras pelas quais a natureza pudesse estar presente dentro das casas, aumentando o bem-estar no cotidiano.
Arquitetura: O mais recente de arquitetura e notícia
Na curva da tendência: projetos de interiores que exploram as formas arredondadas
Um bom projeto (nem) sempre depende de um software
O ArchDaily apresentou seu tema mensal de julho — processos projetual — e não perdeu a oportunidade de abrir a discussão sobre como o uso de tecnologias está sendo incorporado à forma de fazer arquitetura. Embora a disciplina venha avançando há anos em campos como inteligência artificial (IA), realidade virtual (RV), modelagem paramétrica, BIM e outras ferramentas de ponta, sua implementação e sistematização nos processos cotidianos de projeto ainda são lentas.
Ao longo do mês, realizamos uma chamada aberta para ouvir as experiências e aprender com nossos leitores, explorando juntos como as últimas inovações estão transformando o desenvolvimento da profissão. Depois de revisar uma quantidade imensa de comentários e opiniões, foi surpreendente encontrar concordâncias sobre como filtramos e atualizamos as tecnologias que usamos nos processos de projeto. Confira os principais pontos de vista a seguir.
As primeiras fotos do Censo 2022: um retrato da dinâmica urbana
A divulgação recente dos primeiros resultados do Censo 2022 é fabulosa para qualquer pessoa que acredita no uso de dados para orientar negócios e políticas públicas. O debate sobre eles já começou, e o impacto real será de longo prazo. Da política habitacional à representatividade legislativa, muita coisa pode mudar em função dessa pesquisa. Mas cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém, dizem com razão — apesar de não gostar do segundo.
Perspectiva de gênero na arquitetura e no urbanismo: uma seleção de artigos para se aproximar do tema
Não é novidade que a questão de gênero permeia toda a nossa organização como sociedade e sistema, refletindo diretamente a dualidade dos "papéis femininos e masculinos" e seus mecanismos de opressão de gênero. No âmbito da arquitetura e do urbanismo isso não é diferente. Ao longo dos séculos, as cidades e suas edificações têm se mantido e se transformado de forma a priorizar as demandas de um perfil bem específico de usuário. Tal estrutura, obviamente, não considera outras identidades e formas de apropriação, ou seja, a demanda real e toda a sua diversidade de classes sociais, gênero, cores, faixas etárias, orientações sexuais, etc. São planejamentos e projetos disfarçados de uma concepção “neutra”, mas que na verdade reproduzem o olhar de um homem branco de classe média.
A produção de um novo modelo de HIS: o programa + Lapena Habitar e sua arquitetura
O projeto +Lapena Habitar, uma parceria da Fundação Tide Setubal e do BlendLab, busca contribuir para a transformação urbana de bairros periféricos por meio de um novo modelo de produção de habitação de interesse social (HIS). Partindo de um processo iniciado em 2020, as instituições vêm desenvolvendo um projeto piloto na Zona Leste de São Paulo de oferta e gestão de moradia que incorpora aspectos de desenvolvimento urbano, arquitetura, estratégias de acesso à moradia de qualidade, processos pré e pós ocupação, participação social, modelo de aluguel, gestão coletiva, modelo de negócio e financiamento.
Arquitetura para prevenção do declínio cognitivo: contribuições do espaço para o envelhecimento saudável
O declínio cognitivo é uma preocupação crescente de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Em meio a uma população que está envelhecendo, estratégias que ajudem a prevenir ou mitigar a deterioração cognitiva se tornam cada vez mais relevantes para apoiar o envelhecimento saudável e a manutenção da independência por mais tempo. Estudos no campo da neurociência aplicada à arquitetura (neuroarquitetura) vêm mostrando que o ambiente físico, tanto interno como externo, público ou privado, desempenha um papel fundamental nesse aspecto [1]. Nesse sentido, arquitetos e urbanistas podem direcionar seus projetos para criar soluções que contribuam significativamente para esse objetivo.
"Para nós o projeto é o centro de tudo": entrevista com Branco Del Rio Arquitectos
Fazer mais com menos é uma questão arquitetônica urgente. Mais ainda se pensarmos no contexto recente, em que às questões ambientais sobrepõem-se crises econômicas e sociais em diversas partes do mundo. É nesse contexto que o escritório Branco Del Rio Arquitectos vem desenvolvendo sua prática desde que foi fundado em 2014, na cidade de Coimbra. Nascida num período de instabilidade em Portugal, a firma é o resultado da busca de Paula del Rio e João Branco por uma arquitetura simples que procura responder às demandas impostas da forma mais objetiva possível.
Em menos de dez anos de atuação, o escritório coleciona prêmios em concursos, reconhecimentos internacionais e, recentemente, foi selecionado como uma das melhores Novas Práticas do ArchDaily de 2023. Tivemos a oportunidade de conversar com os arquitetos sobre sua experiência com reabilitações, seus projetos de habitação coletiva e sua prática caracterizada pela economia de meios.
A importância do design regenerativo para a sustentabilidade ambiental
Estamos vivendo um momento de emergência. Desde o início da industrialização, temos corrido pelos recursos finitos de nosso planeta como se fossem ilimitados, esgotando e desestabilizando os próprios ecossistemas dos quais dependemos para nosso sustento, economia, alimentação, saúde e qualidade de vida.
Em apenas 50 anos, perdemos mais da metade da vida selvagem do mundo. No momento, a Terra está a caminho de aquecer além de 1,5 graus celsius, o que os cientistas alertam ser um limite planetário rígido para os ecossistemas existentes na Terra. Este é um “código vermelho para a humanidade”, conforme descrito no Sexto Relatório de Avaliação do IPCC. Continuar em nosso caminho atual significará danificar irreversivelmente as próprias condições que sustentam a vida neste planeta.
Empreendedorismo, arquitetura e urbanismo
O mercado de trabalho na arquitetura e urbanismo é altamente competitivo. A demanda por projetos inovadores, sustentáveis e esteticamente agradáveis é alta, o que impulsiona um ambiente de alta concorrência. Além disso, as mudanças nas tecnologias e as crescentes expectativas dos clientes exigem adaptação constante. Quais são os obstáculos, as oportunidades, os métodos, as “traquitanas e traquinagens” que são necessárias para adentrar na “selva” do empreendedorismo? A partir das experiências dos convidados, este episódio especial propõe um diálogo livre e divertido sobre o tema.
Quando o reúso adaptativo gera uma transformação positiva
Quando se faz uma bagunça, geralmente é mais fácil levantar as mãos e começar do zero. Mas, embora possa ser mais difícil, o reuso adaptativo — quando a arquitetura pega algo velho e quebrado e o traz de volta à vida — pode trazer benefícios para todos.
Ao planejar edifícios sociais e culturais tão necessários para o uso público, em vez de usar materiais novos (ou mesmo materiais reciclados que precisam ser coletados, desmontados, reformulados e transportados), existem muitos recursos locais já disponíveis: tudo o que precisamos fazer é enxergá-los.
Esses projetos de reutilização adaptativa transformam edifícios desativados, projetos esquecidos e ambientes desprezados em algo novo, trazendo vida e novo propósito.
Capturando a essência de Delos: uma jornada fotográfica com Erieta Attali
Aninhada no meio do Mar Egeu, a antiga ilha de Delos surge como um testemunho atemporal da engenhosidade humana e da harmoniosa interação entre arquitetura e natureza nesta série de fotografias de Erieta Attali comentada pelo arquiteto Angelo Bucci. Inspirado pelo trabalho de Attali, Bucci cria uma narrativa que explora a profunda conexão entre arquitetura e o ambiente, ecoando o ethos de Delos.
Enquanto o planeta bate recordes de temperatura, o que as cidades estão fazendo para mitigar esses efeitos?
O Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) da NASA em Nova York acaba de anunciar que o mês de julho de 2023 foi mais quente do que qualquer outro mês já registrado em termos de temperatura global. Atingindo 1,12 graus Celsius acima da média de julho do século XX, este mês foi mais quente do que qualquer mês desde 1850, quando o banco de dados da NOAA começou. A crise climática em geral tornou as ondas de calor mais intensas, colocando milhões de pessoas em perigo. Esses efeitos crescentes da crise climática também afetam severamente cidades em todo o mundo, representando uma ameaça para os habitantes urbanos.
Planejamento urbano "top-down" e "bottom-up": uma abordagem sinérgica
Desde as cidades gregas antigas até as idealizadas pela Renascença, a história do planejamento urbano é um reflexo das estruturas de poder em evolução e das prioridades da sociedade. A estrutura organizacional de uma cidade está profundamente enraizada nas necessidades culturais e nas relações sociais. O desenvolvimento urbano contemporâneo, por sua vez, é marcado por uma dicotomia — o contraste entre estratégias de planejamento de cima para baixo (top-down), lideradas por entidades influentes e órgãos governamentais, e as iniciativas de baixo para cima (bottom-up), impulsionadas pelas comunidades locais. Essa interação molda as cidades, influenciando desde aspectos da infraestrutura e espaços públicos até os modelos habitacionais e a atmosfera urbana. Investigar as diferenças entre essas estratégias é essencial para a construção de uma paisagem urbana harmônica que atenda às necessidades de seus moradores.
Construindo com árvores vivas: a história por trás da Casa Jardín
Hoje estreia o primeiro episódio de uma série documental sobre projetos do escritório Al Borde. Este primeiro filme tem como título Construindo com árvores vivas e narra as histórias por trás da Casa Jardín, uma residência unifamiliar localizada nos arredores de Quito, Equador.
Projetada para um ecologista chamado José, a residência é desenvolvida em três pequenos pavilhões independentes com estruturas híbridas que combinam árvores vivas com diferentes sistemas construtivos, utilizando uma técnica vernacular de cercas vivas usada nos Andes desde a antiguidade. Uma busca pela convivência simbiótica entre arquitetura e natureza.
Expo 2025 Osaka: conheça o masterplan de Sou Fujimoto e alguns pavilhões nacionais
A cidade de Osaka, no Japão, foi a escolhida para sediar a Expo Mundial de 2025, um evento internacional que deverá atrair milhões de visitantes. Prevista para começar em 13 de abril de 2025 e terminar em 13 de outubro do mesmo ano, essa é a segunda vez que o Japão é o anfitrião — a primeira foi em 1970. Ao longo de sua história, as Exposições Mundiais têm sido o local onde novas tecnologias e produtos são apresentados e popularizados, levando a avanços tecnológicos e projetos inovadores. O tema desta edição é Projetando a sociedade do futuro para nossas vidas, dividido em três subtemas que aprofundam a proposta: Salvando Vidas, Empoderando Vidas e Conectando Vidas. O arquiteto Sou Fujimoto é o responsável pelo projeto do masterplano da Expo, além de coordenar e oferecer diretrizes para os países participantes.