A cidade e as suas obras transformam-se à cadência das estações do ano. No verão de 2017, a praça do Centro Cultural de Belém, em Portugal, foi palco de uma construção efêmera que destacou essa dimensão transitória dos lugares e das coisas. Através de uma obra de arquitetura em cortiça, capaz de estimular os sentidos e reconstituir uma mecânica do espaço, foi possível dar corpo a essa transformação do lugar e, também, experimentar a natureza dos materiais, dos seus comportamentos estruturais e o seu potencial técnico.
José Neves: O mais recente de arquitetura e notícia
Instalação "Uma Praça no Verão" de José Neves ocupa o Centro Cultural de Belém
O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal / José Neves
Desde sempre no cinema, como no mundo – nos quartos, nas casas e nas cidades –, os ricos e os pobres tiveram os seus lugares, mais ou menos nítidos: da fábrica de onde saem os operários dos irmãos Lumiére a Xanadu de Citizen Kane, dos “lugares de miséria atrás de magníficos edifícios” dos olvidados de Buñuel à Paris dos seus burgueses discretamente encantadores, da vila dos pescadores de La Terra Trema às villas das condessas, reis e príncipes de Visconti, dos albergues dos pobres de Preston Sturges aos hoteis de luxo de Lubitsch, dos borgate dos sub-proletários de Pasolini aos subúrbios das famílias remediadas de Ozu, das ruas da vergonha de Mizoguchi aos becos e ruelas do Anjo Azul, da casa da mãe siciliana de Huillet e Straub à Versalhes do Rei Sol de Rosselini, das roulottesdos lusty men de Nicholas Ray à Fat City de John Huston, do quarto alugado da rapariga da mala de Zurlini ao palácio dos seus amantes, os lugares dos criados e dos senhores de Jean Renoir, todos os lugares de Chaplin...