Quando se fala a palavra “trópico”, a imagem que comumente vem à mente é a de um lugar exótico, sempre quente e úmido, sujeito a chuvas pesadas e constantes que lavam o solo e fazem com que a vegetação cresça descontroladamente. Alimentado por uma idealização, no decorrer da história, esse clima tropical já foi sinônimo de paraíso ao mesmo tempo em que era acusado de formar povos débeis por ser clemente demais.
Felizmente, esses julgamentos e associações foram deixados no passado, dando lugar a projetos teóricos e práticos que listam os ônus e bônus de se viver em uma região de clima tropical, reconhecendo as diferentes estratégias aplicadas para favorecer a adaptabilidade humana em meio a essas características climáticas tão peculiares.
O percurso histórico da construção conta, também, a história da humanidade. Os exemplares que perduraram no tempo dizem sobre seus contextos particulares, e os resquícios que sobreviveram às intempéries e deterioração narram o desenvolvimento tecnológico humano. Nos primórdios da construção, a operação comum (e a única possível) aos humanos era utilizar matéria-prima disponível do local onde estavam inseridos. Para muitos, isso significava construir com barro.
Terra é o título da participação do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, uma exposição com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares que ocupa os espaços do pavilhão brasileiro no Giardini. Dividida em duas galeiras, a mostra propõe questionar os cânones da arquitetura moderna ao mesmo tempo que busca em narrativas ancestrais invisibilizadas alternativas para um futuro de-colonizado e descarbonizado. Terra é o primeiro pavilhão brasileiro a ser reconhecido com o prêmio máximo da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Leão de Ouro.
Num esforço para ampliar o acesso ao conteúdo exposto em Veneza, apresentamos aqui os textos e imagens da segunda galeria, chamada Lugares de origem, arqueologias do futuro. A primeira galeria, De-colonizando o cânone, pode ser revista aqui. O ArchDaily agradece à Fundação Bienal de São Paulo, que generosamente cedeu o material do pavilhão Terra para esta publicação.
https://www.archdaily.com.br/br/1002026/lugares-de-origem-arquelogias-do-futuro-pavilhao-terra-do-brasil-na-bienal-de-venezaGabriela de Matos e Paulo Tavares
Terra é o título da participação do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, uma exposição com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares que ocupa os espaços do pavilhão brasileiro no Giardini. Dividida em duas galeiras, a mostra propõe questionar os cânones da arquitetura moderna ao mesmo tempo que busca em narrativas ancestrais invisibilizadas alternativas para um futuro de-colonizado e descarbonizado. Terra é o primeiro pavilhão brasileiro a ser reconhecido com o prêmio máximo da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Leão de Ouro.
Num esforço para ampliar o acesso ao conteúdo exposto em Veneza, apresentamos aqui os textos e imagens da primeira galeria, chamada De-colonizando o cânone. A segunda galeria, Lugares de origem, arqueologias do futuro, pode ser vista aqui. O ArchDaily agradece à Fundação Bienal de São Paulo, que generosamente cedeu o material do pavilhão Terra para esta publicação.
A arquitetura vernacular é um conceito complexo, que pode ter diferentes entendimentos a depender de onde estamos situados, e está presente em tipologias arquitetônicas variadas. Ela é profundamente conectada às suas raízes e seu local de origem, elementos que são definidores de muitas de suas características, a partir de aspectos específicos como cultura, clima, topografia, vegetação e da disponibilidade de materiais e recursos em cada região. Suas construções também costumam estar atreladas às técnicas construtivas tradicionais de cada lugar, que foram elaboradas e desenvolvidas pelas populações, num panorama histórico mais amplo, a partir dos recursos que dispunham à mão.
Nos primórdios da humanidade, cada comunidade se organizou instintivamente de acordo com as condições locais, os recursos disponíveis e seu modo de vida. Se, por um lado, grupos nômades criaram soluções para ocupar espaços temporariamente, muitas vezes carregando abrigos dentre seus pertences, por outro, os grupos que começaram a assumir características sedentárias também criaram formas de ocupar espaços disponíveis e desenvolveram técnicas construtivas que foram evoluindo até a atualidade.
Uma dessas formas de habitar, que passou a ser negligenciada pela arquitetura convencional com o passar do tempo, chegando a ganhar um status mais fantasioso na cultura popular, foi a ocupação de espaços cavernosos ou escavados. Essa é, porém, uma prática milenar que soma técnicas vernaculares para contornar as condições climáticas e amplia as possibilidades da arquitetura.
A relação da arquitetura com a natureza é complexa. Se, por um lado, buscamos paisagens naturais para emoldurar, por outro, tentamos a todo custo evitar patologias causadas pela presença de raízes e folhas em nossas paredes e estruturas. Ao mesmo tempo que lançamos mão de tetos verdes, jardins verticais e floreiras para aproximar as cidades da vegetação e melhorar o conforto das pessoas, nos conformamos em construir edifícios com materiais completamente dissociados da fauna e flora. Ainda que a revolução com os biomateriais e novas tecnologias esteja mudando isso aos poucos, devemos nos perguntar se as estruturas e edifícios precisam necessariamente estar separados da natureza em que se apoiam. Foi essa dúvida que motivou os pesquisadores da Universidade da Virginia (UVA) a desenvolverem estruturas geometricamente complexas impressas em 3D feitas de solo, onde as plantas pudessem crescer livremente.
As técnicas vernaculares e os materiais locais têm ganhado protagonismo no debate da arquitetura, mas, é possível trazer esses conceitos para os grandes centros urbanos?
O arquiteto amazonense Severiano Porto já apontava em 1984 a necessidade de se pensar em uma arquitetura mais conectada com o lugar onde está implantada. A lógica do uso de materiais e técnicas locais cada dia mais se mostra necessária quando pensamos no impacto que a cadeia produtiva da construção civil têm no planeta. Não à toa, cada dia está mais comum o número de projetos que partem do princípio das técnicas vernaculares e do uso de materiais locais, assim como a produção de Severiano já anunciava desde a década de 1980.
Um pavilhão de madeira sustentável de reflorestamento formado por 24 painéis fotográficos e tipográficos, em plena Praça Mauá, irá receber, de 8 de setembro a 17 de outubro, a exposição Futuro Agora – Revisitando a Arquitetura em Terra, contribuindo com novas formas de pensar e entender os desafios da arquitetura contemporânea, com questões urgentes. A mostra proporciona uma experiência arquitetônica unindo o conhecimento do que se tem de mais novo na alta tecnologia a um dos primeiros materiais usados na construção, a terra (como a argila e o barro), e suas aplicações contemporâneas.
A arte de construir um abrigo feito com blocos de gelo é passada de pai para filho entre os inuítes, povos nativos que habitam as regiões mais ao norte do planeta. A planta circular, o túnel de entrada, a saída de ar e os blocos de gelo conformam uma estrutura onde o calor gerado no interior derrete uma camada superficial da neve e veda as frestas, melhorando o isolamento térmico de gelo. Em uma tempestade, um iglu pode ser a diferença entre vida e morte e talvez este seja o exemplo mais icônico e radical do que significa construir com materiais locais, poucas ferramentas e muito conhecimento. Neste caso, o gelo é tudo o que se tem.
Aproveitar os recursos abundantes e a mão de obra local são conceitos chaves para arquiteturas sustentáveis, que muitas vezes são esquecidos em detrimento de soluções replicadas de outros contextos. Com as novas demandas e tecnologias, a globalização dos materiais de construção e das técnicas construtivas, ainda há espaço para os materiais locais? Mais especificamente em relação às construções impressas em 3D, estamos fadados a erigi-las somente em concreto?
Pela quarta vez, a Trienal de Arquitectura de Lisboa apresenta o Prémio Début direccionado a uma pessoa ou atelier a exercer arquitectura em início de carreira, de forma a celebrar o seu trabalho e impulsionar a sua carreira.
As candidaturas, em nome individual ou colectivo, serão avaliadas por um júri internacional. Um grupo de nomeação, constituído por pessoas influentes de Portugal e de outras partes do mundo, irá também sugerir outros ateliers que serão convidados a apresentar candidaturas, para além das submissões por iniciativa própria.
Com esta edição do Prémio Début contamos apoiar novas vozes e formas de prática da arquitectura. Também
As Universidades são centros críticos de produção de conhecimento e de inovação, e desde a criação da Trienal envolvemos estas instituições no programa das edições do seu evento mais emblemático. Convocam-se assim a participar, escolas de todo o mundo a fazer parte do programa central da 6.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa para 2022. O concurso está aberto directamente à área da arquitectura e também a disciplinas conexas, sejam estas das vertentes do projecto - como o urbanismo ou a arquitectura paisagista - de vertente técnica - como as tecnologias de construção ou de materiais - ou as
A Trienal procura propostas de projectos auto-financiados que se relacionem com a programação central da sua 6.ª edição a realizar em 2022, e que revelem uma produção independente e diversificada, essencial para os mecanismos culturais vivos da cidade e interessada na efervescência do debate em torno da arquitectura.
Procuramos projectos que enriqueçam a reflexão acerca da temática da 6ª edição que tem por título Terra. As propostas escolhidas integrarão o programa oficial da Trienal 2022, partilhando o palco internacional que o evento proporciona.
Terra explora como os paradigmas recentes estão a mudar a nossa forma de criação de lugares num planeta
O aumento exponencial da população versus a falta de acomodações acessíveis é um problema que afeta áreas urbanas de todo o mundo. Para auxiliar nesta questão, a empresa italiana Mario Cucinella Architects propõe um novo modelo de habitação circular. Trata-se de uma casa impressa em 3D com materiais orgânicos.
O protótipo usa recursos encontrados regionalmente, como é o caso da argila de origem local – sendo a primeira casa impressa do tipo. Isso reduz as emissões de transporte de materiais e também garante que o edifício seja zero desperdício.
A bioconstrução consiste no processo construtivo através de materiais e técnicas de baixo impacto ambiental, além da adequação da arquitetura às condições locais e tratamento de resíduos durante a ocupação do edifício. Portanto, construir com base nesses princípios não significa necessariamente utilizar materiais ditos sustentáveis, que frequentemente precisam ser transportados por longas distâncias ou passar por algum processo de pré-fabricação antes de serem empregados, mas utilizar materiais, técnicas e mão-de-obra locais, tendo como base estratégias vernaculares que levam em consideração estes fatores.
A aplicação do reboco natural feito a base de terra é uma técnica bastante utilizada na bioconstrução. É a mesma mistura utilizada para os tijolos de adobe. Apesar de simples, seu uso ainda é pouco disseminado. Rafael Loschiavo, do escritório de arquitetura Ecoeficientes, ensina o passo a passo que pode dar vida nova a uma parede que estava “caidinha” sem precisar de grandes reformas.
https://www.archdaily.com.br/br/904869/aprenda-a-fazer-revestimento-de-terra-para-paredesMayra Rosa
No próximo dia 19 de agosto o Terra e Tuma Arquitetos Associados fará a abertura do semestre letivo dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Design de Interiores do Instituto de Educação Superior da Paraíba, IESP, em João Pessoa.
A aula inaugural de 2016.2 será conduzida pelo arquiteto e urbanista Pedro Tuma. A palestra tem terá como objetivo levar ao universo acadêmico dos estudantes de arquitetura e de design um pouco da experiência profissional do escritório paulista e fomentar o debate sobre a produção arquitetônica contemporânea.
Através da inovação técnica desenvolvida pelos arquitetos do escritório Kere Architecture, essa biblioteca aproveita a madeira de eucalipto - pouco utilizada na região - para criar um fechamento perimetral permeável e constrói uma série de claraboias a partir de potes de barro tradicionais na região, deixando entrar a luz natural e potencializando a circulação do ar nos ambientes internos.