Para os não iniciados, Ricardo Bofill pode parecer algo como um camaleão. Comparando o pós-modernismo de seus projetos em Paris dos anos 80, suas recentes torres de aço e vidro e o estoicismo estéril de sua própria casa e estúdio, que ele reformou na década de 1980, seria perdoado pensar que não há consistência presente em todo o seu trabalho. No entanto, como Bofill revela nesta entrevista de Vladimir Belogolovsky, da série "City of Ideas" (2016), seus projetos são realmente enraizados em conceitos de regionalismo e processo que, embora recentemente sejam populares na comunidade arquitetônica em geral, têm apoiado sua mente arquitetônica desde os seus vinte anos.
City of Ideas: O mais recente de arquitetura e notícia
Ricardo Bofill: “Por que as cidades históricas são mais bonitas que as modernas?"
"É preciso muito mais que apenas imaginação para se fazer arquitetura": entrevista com Junya Ishigami
Em minha recente visita ao Japão tive a oportunidade de encontrar-me com uma das principais figuras do momento no cenário arquitetônico japonês. Junya Ishigami recebeu-me em seu estúdio pra lá de experimental (além de muito internacional) em Tóquio, uma das experiências mais memoráveis pelas quais passei ao longo dos últimos anos. Seu entusiasmo incontido é arrebatador, principalmente quando ele fala à respeito de sua própria arquitetura ou aquilo que pensa em relação à nossa querida profissão. Junya acredita que a arquitetura contemporânea “ainda não é suficientemente livre”. E é exatamente aí que ele começa a se posicionar. Junya tem buscado libertá-la, desvencilhar-se desta inércia determinante que define e limita a arquitetura nos dias de hoje. Ele procura desenvolver uma arquitetura que seja leve e liberta, projetos inspirados em metáforas improváveis como as nuvens ou a tranqüilidade da superfície da água. “Precisamos introduzir mais diversidade na arquitetura contemporânea, é preciso dar novas respostas aos sonhos das pessoas ... Eu quero levar a arquitetura para o futuro, criar novas condições que nunca foram pensadas antes”, diz Ishigami. O arquiteto japonês inaugurou recentemente duas exposições em forma de manifesto na cidade de Paris, questionando a natureza e o propósito da arquitetura nos dias de hoje. Junya é um visionário que parece um pouco fora de moda naquela que talvez seja a mais incerta das profissões.
Sergei Tchoban: "Não podemos evitar olhar para a arquitetura. Arquitetura deve ser bela"
Após ser educado no Instituto Repin de Pintura, Escultura e Arquitetura em São Petersburgo, Sergei Tchoban se mudou para a Alemanha aos 30 anos de idade. Ele agora executa práticas paralelas em Berlim e Moscou, após tornar-se sócio-gerente da NPS Tchoban em 2003 e co-fundador da SPEECH com Sergey Kuznetsov em 2006. Em 2009, a Fundação Tchoban foi formada em Berlim para celebrar a arte perdida de desenhar através de exposições e publicações. O Museu de Desenho Arquitetônico da Fundação foi construído em Berlim em 2013 para o projeto da Tchoban. Nesta última entrevista para sua série “Cidade das Ideias”, Vladimir Belogolovsky conversou com Tchoban durante seu recente encontro em Paris sobre identidades arquitetônicas, inspirações, a paixão fanática do arquiteto pelo desenho e intangíveis como a beleza.
“A arquitetura acontece porque acreditamos em um futuro melhor”: uma conversa com Jürgen Mayer H
O arquiteto Jürgen Mayer H. fundou sua empresa J.MAYER.H em Berlim em 1996. Estudou na Alemanha (Universidade de Stuttgart) e nos EUA (Cooper Union e Princeton). Em 2010, Mayer H. disse que, embora sua sólida formação profissional na Alemanha o tenha equipado com o know-how sobre os aspectos técnicos e práticos da arquitetura, ele ainda não tinha uma visão clara sobre como desenvolver seu próprio pensamento e uma linguagem arquitetônica.
Anos de questionamento e experimentação acabaram levando ao desenvolvimento de sua própria voz peculiar. Os edifícios de Mayer H. trouxeram identidades únicas para muitos lugares ao redor do mundo, particularmente através do uso de padrões de proteção de dados que provocaram a criação de uma arquitetura diferente de tudo visto anteriormente. Em minha recente visita ao seu estúdio na Berlim Ocidental, discutimos a identidade do arquiteto. Quando confrontei Mayer H. sobre o que ele pensa sobre seu estilo de assinatura nos momentos em que não é mais celebrado pela mídia, ele disse: “Isso começou como minha voz e agora é a contribuição de uma equipe inteira. Não há intenção ou estratégia, apenas nossa própria capacidade de trabalhar com o meio da arquitetura”.
Destaques da semana: temporada de prêmios
As grandes novidades desta semana foram as publicações dos vencedores do Prêmio Stirling e do Mies Crown Hall Americas Prize pelo RIBA e pelo IIT respectivamente. Foster + Partners recebeu o Prêmio Stirling de melhor edifício do Reino Unido pela sede da Bloomberg em Londres. Como disse um dos membros do júri, Sir David Adjaye, "o Bloomberg é um projeto único, resultado das mais recentes pesquisas e inovações na disciplina da arquitetura." A escolha do projeto como o grande vencedor de um dos prêmios mais importantes do mundo da arquitetura não se deu sem certas controvérsias, quando ainda muito se discute à respeito do custo total da obra em meio a atual crise imobiliária do Reino Unido.
"Criar problemas é muito mais divertido que resolvê-los": entrevista com Liz Diller e Ricardo Scofidio
É tão revigorante ouvir algo como o que eu acabei de ouvir: “Procuramos fazer tudo de maneira diferente. Pensamos diferentemente. Podemos dizer que não fazemos parte de nenhum estilo ou grupo.” A seguir, apresentarei um resumo da minha recente conversa com Liz Diller e Ric Scofidio em seu movimentado escritório de Nova Iorque. Falamos sobre como a maioria dos arquitetos segue trabalhando segundo sistemas bastante convencionais, o que fazer para evitá-los e como reinventar-se a cada novo projeto. Na cidade de Nova Iorque encontram-se alguns dos projetos mais representativos desenvolvidos pela Scofidio + Renfro, como o popular High Line Park, a remodelação do Lincoln Center, o Columbia University Medical Center e o fantástico "The Shed", um museu totalmente dinâmico e aberto que está sendo construído no Hudson Yards para atender às crescentes demandas dos artistas contemporâneos, porque ninguém sabe (nem pretende definir) como será a arte no futuro.
Entrevista com Álvaro Siza: "A beleza é o auge da funcionalidade!"
Ao longo dos 60 anos de carreira, o trabalho de Álvaro Siza tem desafiado continuamente a categorização - sendo várias vezes descrito como "regionalismo crítico" e "modernismo poético", sem captar a verdadeira essência da arquitetura intuitiva de Siza. Nesta entrevista, a mais recente da série "City of Ideas" de Vladimir Belogolovsky, Siza discute essas tentativas de categorizar seu trabalho, sua abordagem de projeto e o papel da beleza em suas obras.
Vladimir Belogolovsky: Seu aluno, Eduardo Souto de Moura, disse: "As casas de Siza são como gatos dormindo ao sol".
Álvaro Siza: [Risos.] Sim, ele queria dizer que meus edifícios assumem as posturas mais naturais do local. Há também uma referência ao corpo humano.
Paulo Mendes da Rocha: “Arquitetura não quer ser funcional; quer ser oportuna”
Paulo Mendes da Rocha é um dos arquitetos mais cultuados do Brasil. E apesar do fato de pouco de seu trabalho ser encontrado fora de São Paulo, seu estilo é reverenciado mundo afora, o que lhe rendeu o Prêmio Pritzker em 2006 e recentemente, a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects. À luz desta nova premiação e como parte de sua coluna City of Ideas (Cidade de Ideias, em tradução livre), Vladimir Belogolovsky compartilha conosco uma entrevista realizada com Paulo Mendes da Rocha em 2014. Tal entrevista aconteceu em seu escritório em São Paulo e contou com a colaboração do arquiteto Wilson Barbosa Neto como tradutor, e foi originalmente publicada no livro de Belogolovsky intitulado “Conversations with Architects in the Age of Celebrity,” até então sem tradução para o português.