Quando se fala a palavra “trópico”, a imagem que comumente vem à mente é a de um lugar exótico, sempre quente e úmido, sujeito a chuvas pesadas e constantes que lavam o solo e fazem com que a vegetação cresça descontroladamente. Alimentado por uma idealização, no decorrer da história, esse clima tropical já foi sinônimo de paraíso ao mesmo tempo em que era acusado de formar povos débeis por ser clemente demais.
Felizmente, esses julgamentos e associações foram deixados no passado, dando lugar a projetos teóricos e práticos que listam os ônus e bônus de se viver em uma região de clima tropical, reconhecendo as diferentes estratégias aplicadas para favorecer a adaptabilidade humana em meio a essas características climáticas tão peculiares.
O conforto ambiental é um dos quesitos que contribui para o bom desempenho da arquitetura. Nos memoriais descritivos de projeto, frequentemente a incidência de iluminação e ventilação naturais são pontuadas como características vantajosas que agregam à estética e ao funcionamento do programa. De certa maneira, o conforto ambiental é parte da função do edifício, não está necessariamente ligada à atividade que ocorre no interior da construção, mas definitivamente tem parte no desenrolar dela.
Permeabilidade visual, ventilação e forte apelo identitário, os elementos vazados têm cada vez mais encontrado seu lugar na arquitetura contemporânea. Seja em grandes edifícios ou em pequenas residências, aparecem de diversas formas, materiais e composições, ajudando a determinar o grau de interação entre o espaço interior e exterior. Esse artifício em uma construção residencial é uma ferramenta importante para garantir privacidade e intimidade, sem perder a possibilidade de conexões com o exterior e ventilação natural.
Talvez o mais elementar dos materiais de construção, o termo “tijolo” é utilizado muitas vezes como sinônimo do bloco cerâmico, mas ele não se limita apenas a isso. Usar tijolos em sua construção significa optar por projetos que podem ser modulares, otimizados, e principalmente, versáteis. Este artigo explora o que são e quais as finalidades dos diferentes tipos de tijolos mais usuais na construção civil.
Os elementos vazados são utilizados por diferentes motivos em quase todo mundo, pois apresentam uma permeabilidade visual que promove o tão desejado diálogo entre interior e exterior, que a maioria dos arquitetos buscam, ao mesmo tempo que podem manter a privacidade dos usuários de um edifício. No entanto, em climas tropicais, eles ganham uma importância ainda maior, uma vez que permitem uma ventilação natural constante, sombreiam áreas com grande quantidade de insolação, provendo, por fim, iluminação natural e conforto térmico.
Considerado patrimônio imaterial pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) de Alagoas, o sururu é um molusco cuja pesca constitui a principal fonte de renda para diversas comunidades do estado. Apenas em torno do lago Mundaú, em Maceió, cinco favelas que vivem abaixo da linha de pobreza produzem anualmente cerca de 300 toneladas de cascas de sururu – uma enorme quantidade de um material que, até então, não apresentava nenhuma utilidade e acabava sendo destinado a aterros sanitários da capital alagoana.
Enxergando nisso grande potencial econômico e de engajamento social, os designers Marcelo Rosenbaum, Adriana Benguela, e Rodrigo Ambrósio desenvolveram o projerto Cobogó da Mundaú, que incorpora os resíduos da pesca do sururu na fabricação de elementos vazados para arquitetura.
Já estão abertas as inscrições para o workshop da Architectural Association, programa Visiting School (AAVS), edição Rio de Janeiro para julho de 2021!
A orientação e dimensionamento dos vazios são algumas das principais variáveis a serem levadas em conta na proposição de elementos vazados nas fachadas de edifícios. O estudo das condições locais é fundamental para o bom desempenho deste tipo de solução, particularmente bem-vinda em países que costumam ter temperaturas elevadas, como a Índia. Ainda que sua variedade climática dificulte as generalizações, as temperaturas podem atingir acima 40 graus no verão na maior parte do país, o que exige estratégias arquitetônicas específicas para amenizar a sensação de calor e umidade no interior das edificações.
No Centro Histórico de Olinda (PE), a arquitetura furta formas e cores da natureza: os furos dos cobogós nas varandas lembram folhas leves e frutos redondos; os portões de gradil espiralam com um quê de galho retorcido de flor. Há também cor de terra e de céu no chão: quintais, cozinhas e salas de casas coloniais são ladrilhadas em marrom e azul.
O cobogó é um elemento bastante difundido na cultura arquitetônica brasileira. Sua origem e nome remontam aos criadores dessa peça que contribui tanto para filtrar a luz natural e a ventilação, quanto para proporcionar ritmo e leveza nas fachadas e repartições internas. Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis são os engenheiros que, no começo do século XX, trabalhando em Recife, idealizaram esse tipo de elemento vazado.
Sobre o topo da colina, no local escolhido para fundação da cidade, de onde se avista toda o sítio urbano e o mar, num espaço vacante entre a Sé e a Casa de Câmara, foi plantada uma semente da arquitetura moderna no Brasil.
Alunos do DAU/ PUC-Rio foram convidados pelo arquiteto Pedro Campos Costa para criar uma peça de cobogó para ser instalada na fachada da expansão do Consulado Geral de Portugal no Rio de Janeiro.
Cobogó é um elemento vazado criado no Brasil na década de 1920 e amplamente explorado no movimento modernista brasileiro. O desafio era criar um design com forte apelo contemporãneo, mas que ao mesmo tempo evocasse a tradição protuguesa. A fachada construída foi o resultado de um workshop realizado na PUC-Rio entre 18 de agosto e 3 de setembro de 2016.
O cobogó é a inspiração para a fonte digital Dingbat Cobogó desenvolvida por Guilherme Luigi. Os símbolos foram criados a partir da pesquisa realizada por Josivan Rodrigues para o seu livro Cobogó de Pernambuco.