Eduardo Souza

Editor Sênior de Brands & Materials no ArchDaily. Arquiteto e Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

Uma Nova Perspectiva para Arquitetos: Mesclando Desenvolvimento Urbano e Tecnologia

Músicos, publicitários e chefs renomados são apenas alguns dos profissionais que, inicialmente, encontraram inspiração e formação na arquitetura. Muito além de projetar edificações, a arquitetura promove uma visão abrangente do espaço, da estética e da funcionalidade, habilidades valiosas em diversas áreas. Arquitetos são treinados para pensar de maneira criativa e resolver problemas complexos, aplicando essa expertise ao desenvolvimento de projetos de todos os tipos. Com a ajuda da tecnologia e ferramentas de Inteligência Artificial, esse campo pode se expandir ainda mais. O desenvolvimento urbano contemporâneo, em particular, enfrenta desafios complexos que exigem soluções inovadoras. Um exemplo de incursões de arquitetos em áreas distintas do cotidiano no desenho ou canteiro de obras é o Grupo OSPA, sediado em Porto Alegre, que apesar de ter começado como um escritório de arquitetura, ao longo dos anos, evoluiu para incluir três atividades verticais principais, cada uma desempenhando um papel crucial no desenvolvimento urbano: o Responsive Cities Institute, Urbe.me e Place.

Explorando o uso inteligente do tijolo: estudo de caso da Residência Thai

O tijolo é um dos materiais mais antigos e versáteis na construção civil, indo além das simples paredes de alvenaria. Suas origens remontam a 7500 a.C., com exemplares cozidos em fornos surgindo por volta de 3000 a.C., representando um avanço tecnológico para edifícios mais resistentes. Espalhando-se pela Europa e Ásia por volta de 1200 a.C., substituíram materiais como madeira e pedra em regiões escassas. Os tijolos romanos, notáveis por seu formato comprido, foram amplamente utilizados na construção de suas cidades, perdurando ainda hoje. A história dos tijolos se entrelaça com a das civilizações, sendo um material de fácil produção, resistente e versátil, permitindo uma infinidade de aplicações e alcançando resultados impressionantes e inusitados.

Projetada pelo Coletivo de Arquitetos, a Residência Thai exemplifica as múltiplas possibilidades que o tijolo oferece na arquitetura contemporânea. Situada em uma área litorânea no estado de Sergipe, essa residência não só exemplifica a estética do material, mas também sua funcionalidade e adaptabilidade às condições locais. Uma das características mais marcantes do projeto é a implantação em dois blocos distintos. O pavilhão principal abriga a maior parte do programa da casa, enquanto um segundo bloco conectado abriga a área gourmet, serviços e garagem. Essa configuração proporciona uma distribuição inteligente dos espaços e uma integração harmoniosa com o entorno.

O futuro sob nossos pés: tijolos de solo cimento e o caminho para uma construção sustentável

Tijolos fazem parte do imaginário coletivo quando pensamos em construção. Tratam-se de materiais elementares, onipresentes, modulares, leves e confiáveis para erigir edifícios. No entanto, a fabricação tradicional de blocos cerâmicos depende da queima de argila em fornos a altas temperaturas, muitas vezes alimentados por combustíveis fósseis não renováveis, como carvão ou gás natural. Além disso, o processo de transporte aumenta significativamente sua pegada ambiental, por se tratarem de materiais pesados e volumosos. Com um interesse crescente em materiais de construção alternativos, que oferecem menor impacto ambiental e maior sustentabilidade, tijolos de solo cimento são um bom exemplo, apresentando uma pegada ambiental menor por utilizar matérias primas locais e dispensar o processo de queima, mas mantendo muitas das qualidades intrínsecas dos tijolos tradicionais.

Como trazer conforto e acolhimento ao projeto de ambientes coletivos?

Espaços públicos, sejam eles internos ou externos, públicos ou privados, caracterizam-se como locais dos encontros, das oportunidades, trocas de ideias ou mercadorias, e, em última análise, são o que conferem identidade às cidades. Contudo, com a ascensão da internet e das redes sociais, diversas dessas funções migraram para o ambiente virtual ou perderam parte de sua relevância e tivemos um baque nas relações durante o longo tempo de isolamento com a pandemia. Diante desse desafio, os arquitetos se deparam com a questão fundamental de como revitalizar esses espaços cruciais para a sociedade, sabendo de sua importância vital. Será que o design pode ser a chave para reavivar esses locais? Como tornar locais que são, ao mesmo tempo, de todos e de ninguém, realmente confortáveis para as pessoas permanecerem?

Um projeto modular como um jogo de montar: casas pré -fabricadas em madeira engenheirada

Casas pré-fabricadas de madeira têm uma história que remonta ao século XIX, quando as chamadas “casas de kit” se tornaram populares na América do Norte. Vendidas por empresas como a Sears, ofereciam opções de moradia acessíveis e convenientes, sobretudo para pessoas vivendo em áreas rurais, onde a mão de obra era escassa e cara. Os clientes tinham a escolha de alguns designs e dimensões, e os kits normalmente incluíam todos os materiais necessários para construir a habitação, incluindo madeiras numeradas e pré-cortadas, pregos, telhas e outros componentes necessários. Durante algum tempo, no entanto, casas pré-fabricadas foram encaradas como construções de menor qualidade ou prestígio, e junto à falta de flexibilidade destas soluções, entraram em declínio.

Hoje em dia, aliadas às tecnologias que dispomos, construções modulares e pré-fabricadas têm despontado como soluções de construção limpas, sustentáveis e eficientes energeticamente. Junto a isso, as inovações em torno da madeira engenheirada têm evidenciado as possibilidades deste sistema construtivo, o que inclui imensas possibilidades estéticas e estruturais. Foi nesta linha que o escritório UNA BV desenvolveu o projeto Modular 5.5, cujo objetivo era criar uma construção modular flexível, que pudesse ser montada em diferentes arranjos, permitindo a construção de casas com dimensões e necessidades diversas para terrenos diversos. Conversamos com Fernanda Barbara e Fábio Valentim sobre este projeto:

Revolucionando a habitação social: Phoenix, projeto sustentável e alimentado por inteligência artificial

A crise global da habitação gera uma gama diversificada de desafios, abrangendo desde a situação de pessoas sem teto até a realidade de milhões que enfrentam condições habitacionais precárias, sobrelotação e aluguéis excessivamente altos. Enfrentá-la envolve vontade política, a união de Estado e iniciativa privada, mas principalmente soluções inovadoras que priorizem a acessibilidade, a sustentabilidade e mecanismos governamentais que propiciem isso. Uma coisa é certa: precisamos construir massivamente no futuro para melhorar essa situação. A implementação de métodos de construção eficientes, como pré-fabricação e construção modular, pode acelerar a criação de unidades habitacionais acessíveis, reduzindo custos e prazos de construção e a adoção de práticas de construção ecológicas, como a utilização de materiais reciclados e a concepção de estruturas energeticamente eficientes, não só contribuindo para a sustentabilidade, mas minimizando as despesas operacionais a longo prazo para os residentes.

Transformando resíduos de milho em um material inovador de base biológica

A prática do upcycling, predominante em setores da moda à construção, não só revitaliza itens descartados, acrescentando valor e função, mas também contribui para transformá-los em recursos valiosos. Adotar o espírito da economia circular, aproveitando resíduos agrícolas, como espigas de milho, palha de arroz e bagaço de cana-de-açúcar para materiais de construção marca uma mudança fundamental em direção a práticas sustentáveis, promovendo um sistema de circuito fechado que minimiza os resíduos e otimiza a eficiência dos recursos.

CornWall®, desenvolvido pela Stone Cycling, surge como uma inovação pioneira neste sentido. Inspirado na mudança imperativa para uma economia de base biológica, incorpora uma solução transformadora que aborda as preocupações prementes do impacto ambiental da indústria da construção. Conversamos com Ward Massa, um visionário da Stone Cycling, sobre este material. Trata-se de um material de acabamento de paredes fabricado a partir de biomassa vegetal, obtida principalmente a partir dos núcleos das espigas de milho de origem regional. Estes resíduos orgânicos estão amplamente disponíveis e destinam-se normalmente à fermentação, à queima como biomassa ou a tornarem-se simples resíduos orgânicos.

Superfícies com veios em destaque: uma afirmação de design ousada na decoração de interiores

Seja através de pequenas amostras de materiais ou por uma colagem digital, um moodboard é uma ferramenta de projeto valiosa para arquitetos e designers, como um painel de inspiração com cores e elementos que guiarão as escolhas. A ideia é que ele seja utilizado para que os profissionais tenham inspirações para comporem seus projetos, seus panos de fundo, texturas predominantes e detalhes de destaque. Para tal, as superfícies desempenham um papel fundamental na definição de um espaço, dando o tom do espaço, tal qual uma música, onde todos os outros elementos podem combinar ou não na harmonia da paleta escolhida.