- Ano: 2009
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Fotografias:Fernando Alda, Roland Halbe
Descrição enviada pela equipe de projeto. As ruínas da antiga cidade hispano-muçulmana sugerem um diálogo com aqueles que, mil anos atrás, a conceberam e construíram, mas também um diálogo com o paciente trabalho dos arqueologistas e com a paisagem agrária de seu entorno, para a qual a geometria das ruínas forneceu uma qualidade abstrata inesperada. O terreno do sítio arqueológico para o museu evoca, porém, sentimentos contrastantes.
Por um lado, o desejo de descobrir um passado remoto permeia a paisagem e se estende por todo o caminho até as serras de Córdoba. Por outro lado, o crescimento desordenado das novas construções ocultou a antiga cidade. Nossa primeira reação quando chegamos ao local determinaria, à primeira vista, nossa proposta: não deveríamos construir naquela paisagem.
Em tamanha extensão de terra, ainda esperando por ser escavada, decidimos agir da mesma forma que um arqueologista: não construir nenhuma nova estrutura, mas encontrá-la abaixo do solo. Deste modo, o projeto revela o térreo de um museu subterrâneo que articula espaços em torno de uma seqüência de sólidos e espaços vazios, áreas cobertas e pátios que guiam os visitantes ao longo de seus itinerários. O hall principal leva a um amplo pátio quadrado que, assim como um claustro, organiza em torno de si os principais espaços públicos: cafeteria, loja, biblioteca e salas de exibição. Um longo e profundo pátio articula as áreas de uso privado: administração, oficinas de conservação e áreas de pesquisa. Um último pátio se estende para fora das áreas de exibição do museu. A concepção do projeto incorpora a possibilidade de uma futura expansão, possibilitando a criação de pavilhões como se fossem novas escavações.
O novo museu estabelece quase imperceptivelmente um diálogo permanente com a arquitetura e a paisagem da antiga medina árabe. A planta do museu se assemelha à da cidade, os jardins evocam a geometria abandonada das escavações, os muros de concreto e os telhados de aço corten são reflexos do branco e vermelho das paredes da cidade secular. Luz, sombra, textura e matéria extraem a riqueza das ruínas arqueológicas.
O Museu Madinal al-Zahra surge silenciosamente na paisagem, como se tivesse sido descoberto no subterrâneo, assim como acontece há séculos com a antiga cidade de Umayyad Caliphs.