Descrição enviada pela equipe de projeto. A reflexão sobre os que vão habitar o edifício, sua tipologia e sua relação com o entorno podem ser consideradas a origem articuladora do projeto. De fato, entender o edifício como uma residência permanente, e não só como um edifício sanitário, foi fundamental para o desenvolvimento do mesmo.
O projeto propõe-se como uma ampliação do edifício existente em base a um concurso de ideias convocado em 2004. O concurso permitiu, de certa maneira, selecionar a localização do edifício. Entendendo-se como uma decisão de grande importância, analisaram-se as opções e a primeira opção da parcela situada ao sul do atual centro foi rejeitada. Desde a equipe de elaboração de propostas, propôs-se o lugar onde eram produzidas as melhores relações com o Vale Alcolea e seus arredores. Ao norte, o pano de fundo da Serra de Córdoba. Para o leste, a paisagem gerada pela queda acentuada para o vale e a encosta através do córrego Guadalbarbo oferece vistas de maior significado. Para o oeste, as edificações do atual centro, oferece-se como um limite de acesso comum e proteção contra a luz solar mais agressiva
Ante esta situação, o lógico seria utilizar uma tipologia capaz de aproveitar ao máximo estas condicionantes do entorno. Quanto aos habitantes do centro, é muito importante levar em conta a singularidade que os caracteriza e as dificuldades que isso implica. Para estas pessoas com deficiências psíquicas que encontram-se internadas, o Centro é definitivamente a sua casa, e deve ser considerada como tal. A aparência e sua incorporação como ferramenta terapêutica para o usuário é um fator chave determinante neste projeto. É por isso que a resposta do edifício como reivindicação incontornável é tão natural quanto óbvio. Longe de ser fechado em si mesmo cruzaram olhares em torno de um pátio enclausurado, a estrutura da arquitetura e seu funcionamento estabelecem uma ponte perpétuas de olhares e aberto com o seu entorno.
A topografia foi utilizada como ferramenta para gerar a organização funcional do edifício. O grande volume Norte-Sul pousa naturalmente no solo, aproveitando as diferenças de altura, a fim de criar diferentes níveis de uso, plantas de acesso de visitantes e instalações. Assim, usos secundários são liberados a partir do piso superior, que é como um mirante contínuo na cota de acesso do viário existente, onde estarão os moradores.
Devido a muitos deles terem a necessidade de assistência para se mover, tomou-se a decisão de habilitar neste pavimento que todos os cômodos, usos e áreas seriam diretamente relacionadas à mobilidade dos moradores.
Aproveitando este cenário, onde a topografia caracteriza-se por ter um desnível pronunciado com a queda de sul a leste, propõe-se a divisão da entrada de veículos em dois níveis distintos. No nível 2 (cota +4,00), propõe-se uma entrada exclusiva para pessoas da área clínica, ambulâncias e veículos que transportem os residentes com problemas de deficiência. Neste nível será situada a zona clínica anexa ao estacionamento, a de habitações nos três módulos centrais salientes e todas as estâncias onde desenvolvem-se as atividades por parte dos residentes, com o fim de que não existam dificuldades de acessibilidade na rotina do uso do edifício. Os passeios são conduzidos por um saguão de entrada longitudinal protegido da insolação oeste pelas salas mais importantes. Cada módulo habitacional conta com uma sala conectada com o pátio ou solário, peça fundamental, desde, que se divisa à paisagem do vale através de fechamentos de vidro pelas paredes dos módulos vizinhos. Seguindo este passeio até o sul, os últimos módulos conectam com o nível inferior de acesso ao estar destinados a usos mais acessíveis ao usuários não residentes, assim como são as salas de visitas e o refeitório.