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Arquitetos: Marcelo Pontes, Muti Randolph, Zemel + Chalabi Arquitetos; Muti Randolph, Marcelo Pontes, Zemel + Chalabi Arquitetos
- Ano: 2010
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Fotografias:Maíra Acayaba
Descrição enviada pela equipe de projeto. Inaugurado em 2003, o clube de música eletrônica D-Edge, passou por um inteligente processo de reforma no início de 2011. O objetivo da reforma era ampliar a casa que não conseguia mais receber todos os dias a quantidade de interessados em desfrutar de um programa em um ambiente extremamente bem pensado e capaz de entreter somente pelo primor da obra arquitetônica.
A ampliação do espaço respeitou o conceito que tornou a casa internacionalmente reconhecida. A 8 mãos o cenógrafo Muti Randolph, juntamente com os arquitetos Marcelo Pontes, Paula Zemel e Eduardo Chalabi foram capazes de potencializar ao máximo a capacidade de uso da casa.
Completando 13 anos de existência, o clube funciona no bairro da Barra Funda, na região central de São Paulo. O projeto original, do escritório franco-brasileiro Triptyque, dividia o espaço em pista de dança e bar. Com a necessidade de aumentar, a solução encontrada pelo arquiteto Marcelo Pontes foi utilizar a área do terreno vizinho, comprido e estreito, e distribuir os ambientes por quatro pavimentos.
O grande desafio era potencializar a capacidade do clube. Para que isso fosse possível Marcelo Pontes desafiou o terreno criando 4 pisos com pés direitos variáveis, com uma estrutura em concreto armado permitindo grandes vãos para que os espaços cenográficos tivessem bastante liberdade. A ideia foi organizar a circulação vertical num dos lados do prédio e a prumada de banheiros do lado oposto, criando um grande espaço central livre para que a Muti Randolph juntamente com Paula Zemel e Eduardo Chalabi pudessem fazer o que quisessem.
Os dois volumes, a caixa preta original e o novo prédio de 4 pavimentos são interligados pelo térreo. A nova entrada permite um maior conforto para os clientes, que com a projeção da cobertura do pavimento superior não ficam na fila esperando para entrar a céu aberto. Além disso, com essa a nova solução abriu-se espaço para a instalação de mais check outs, criando um fluxo mais agradável na hora da saída. Check out este que também em harmonia com o resto do clube, é feito por uma grande caixa de vidro iluminada que muda de cor. A nova pista de dança e o lounge ocupam, respectivamente, o primeiro e segundo andares, enquanto a cobertura deu lugar a um amplo terraço que oferece vista para o Memorial da América Latina. Neste terraço, disfarçado de caixa d’agua, está mais um banheiro, continuando a prumada de cima abaixo.
Outra mudança em relação ao espaço anterior ficou sob a responsabilidade de Paula e Eduardo. Utilizando-se do grande espaço criado por conta da torre de circulação ficar de um lado e a prumada de banheiros do outro, a dupla viabilizou a criação de volumes em madeira que apareceram na nova pista, abrigando o bar e do outro lado os djs. Eles apresentam formas geométricas assimétricas e foram instalados de modo não paralelo, a fim de favorecer as condições acústicas da casa. “Com o jogo de luzes, esses volumes interferem nos ambientes, há um certo embaralhamento, é como se o local estivesse tremendo”, conta Muti Randolph. “A idéia era justamente criar a possibilidade destes volumes sumirem com o jogo de luz e som e ampliarem o ambiente”, complementa Paula.
Também iluminado por leds o lounge é mais tranquilo e aconchegante, para os frequentadores conversarem ou retomarem fôlego antes de voltarem para a pista. Neste pavimento foram criados pequenos ambientes que podem acomodar grupos de até 12 pessoas, mas que não deixam de fazer parte de todo o ambiente mais tranquilo. Ao fundo, próximo aos banheiros, localiza-se o bar, e atrás dele os banheiros repetindo a solução para o pavimento da pista de dança e do térreo. Paula conta que “O lounge foi desenvolvido com raciocínio naval, através da experiência que tive no escritório Fernando Almeida, fazendo projeto de interiores de barcos. No barco, a cada 30 cm você tem um corte que é diferente, tanto longitudinalmente quanto transversalmente. Assim, tendo trabalhado espaços apertados nas embarcações de pequeno porte onde existe a necessidade de aproveitamento máximo, conseguimos encontrar soluções originais que pudessem apresentar formas geométricas assimétricas instaladas de modo não paralelo, a fim de favorecer as condições acústicas da casa. Utilizamos uma geometria apurada para que as pessoas pudessem sentar confortavelmente viabilizando a melhoria da circulação”, complementa.
Além da qualidade do som ser inquestionável, o software utilizado para a iluminação é capaz de sincronizar o ritmo da música com as luzes e as animações projetadas nas paredes. De acordo com Muti, “É uma experiência envolvente que em que o público vivencia as ondas sonoras. A arquitetura do espaço muda conforme a música”. Os espaços interiores ganham formas e cores com a música e se transformam de acordo com o ritmo.
A unificação dos dois volumes do clube é determinada pelo revestimento das fachadas com chapas metálicas onduladas. A face principal é recortada por caixilhos que mesmo protegidos por persianas automáticas, revelam ao exterior o jogo de luzes interno.
A ideia do caixilho duplo foi detalhada pela dupla Zemel + Chalabi com primor. Trata-se de um sanduiche de vidro onde é possível abrir e fazer a manutenção das fitas de led. Além disso, neste espaço utiliza-se de sílica por conta da temperatura de ar condicionado interna com o calor externo para que o mesmo não embaçasse.
A solução perfeita faz com que também aquele que está do lado de fora tenha a sensação de que está dançando conforme a música. As cores da fachada mudam no ritmo da música que toca dentro do clube permitindo que aquele que espera do lado de fora já participe do que está acontecendo lá dentro.