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Arquitetos: Antonio Altarriba Arquitectos
- Área: 2135 m²
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Fotografias:Diego Opazo
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um bom projeto de arquitetura não deve limitar-se a resolver adequadamente a distribuição funcional dos espaços ou a correta execução do detalhe arquitetônico, mas sim deve nos oferecer algo próprio, que caracteriza o projeto, que nos fale das preocupações do criador, ou mesmo as inquietudes do morador, se é que esta já está definido, algo que é frequentemente o caso quando se trata de projetos habitacionais unifamiliares.
Em primeiro lugar destacaria o princípio de unidade visual que governa o conjunto de casas conhecido como BAM-2, uma unidade que não era fácil de conseguir se temos em conta que o próprio projeto aglutina três tipologias de habitação: uma tipologia unifamiliar isolada (Tipo A) e duas tipologias geminadas diferentes (Tipos B e C).
Esta unidade se consegue com o manejo das volumetrias, a materialidade e a cor, com um corpo escuro de pedra que atua como finalização em todo o conjunto, e uma base, que se abre aos pequenos jardins onde co habitam o tapete verde da grama e a água cristalina das piscinas.
Mas o mais destacável deste princípio de unidade é que, a partir do exterior, pretendeu-se preserva-lo sem recorrer a sensação monótona de peças que se repetem, uma sensação a qual irremediavelmente a pessoa pode encontrar-se condenada quando trabalha com casas geminadas. A alternância dos tipos, a disposição do tipo C entendido como peça de fechamento do conjunto em ambos extremos da urbanização, e a consciência do efeito perspectivo que gera a inclinação do terreno, fazem com que na visão do conjunto, isso se entenda como soma de peças distintas que se agrupam ou se sobressaem indiferentemente, conseguindo a sugerida unidade da variedade que persegue a arquitetura mais contemporânea; e o interessante é que tudo é aparência, e as peças são, em alguns casos, as mesmas, o qual economiza o processo de execução.
Outro aspecto interessante do projeto se descobre quando se adentra as casas, para pesquisas em torno do pátio.
Desde suas origens, o arquiteto sente especial predileção por conseguir que o interior de suas casas respirem, não somente o ar, a luz e as imagens através da pele da fachada, mas também a partir do interior, algo que desde a antiguidade já proporcionava o pátio. É certo que o pátio desde uma análise estritamente funcional somente foi utilizado quando a arquitetura não dispunha de fachada suficiente para fornecer ar e luz ao interior, mas também é certo que desde a pós-modernidade foram assumidas novas vias que insistem na necessidade de uma variedade, incluindo uma contradição na arquitetura. De acordo com as propostas arquitetônicas mais recentes, se busca o pátio, inclusive quando aparentemente não é necessário, para dotar de algo lírico e poético o interior das habitações. Nesta ocasião encontramos uma de suas propostas, pois a fim de não perder superfície, o pátio se limita de tal forma que se converte em um escultura de vazio que perfura o coração das casas. sua superfície reduzida, e seus revestimentos completamente de vidro, permitem que a luz e o a sejam filtrados de forma tênue, e também se faça parte da casa e da agradável sensação visual da água da chuva caindo nos dias de tormenta.
Mas esta escultura em forma de paralelepípedo de vidro que é o pátio, não somente nos fala de lirismo, mas também serve de elemento articulador dos espaços, talvez o terceiro ponto de destaque neste projeto. Um dos espaços que fluem helicoidalmente em torno a este coração de cristal, conectando visualmente determinados pontos da casa.
Enquanto a resolução em planta dos espaços, se percebe uma composição em três bandas, que vão do público ao privado, sem renunciar a aproveitar o espaço externo, com a abertura de grandes vãos que permitem às casas desfrutarem das perspectivas privilegiadas dos jardins,e dotando os interiores de uma qualidade atmosférica, inclusive gerando espaços de transição para o exterior, especialmente na zona de acesso, onde parece que as casas tem suas fachadas mais para o fundo em relação ao plano superior do volume de pedra, habilitando um espaço externo coberto que acolhe o habitante para desfrutar do jardim e da piscina que se acopla ao conjunto.
Com este último gesto de aproximação da piscina, se pretende conseguir um sugestivo efeito luminotécnico, pois o plano da água consegue coletar os reflexos da luz que são introduzidos para o interior da casa. Um efeito, de novo, de grande lirismo, que se acentua quando, na escuridão da noite, a piscina iluminada reverbera seus flashes azulados nos interiores.