Fuxicão / Sérgio Kopinski Ekerman

Elemento conhecido da cultura artesanal brasileira, o fuxico tem origem um tanto nebulosa. Poucos se arriscam a afirmar e dar apenas uma possibilidade para o surgimento do objeto em si e do momento em que passou a ser conhecido como fuxico.

Fuxico

A origem deste curioso pedacinho de pano parece ter se dado nas senzalas dos engenhos de açúcar do nordeste, onde as escravas eram, muitas vezes, obrigadas a costurar as roupas a partir de restos de tecido e roupas velhas, herdadas da casa grande.

Esquema colcha de fuxicos

Produzidos do norte ao sul do país e de identidade eminentemente brasileira, o fuxico saiu do artesanato popular para virar roupa de grife e ganhar o mundo.  O módulo unitário e sua flexibilidade para adquirir as mais diversas formas, cores e texturas conquistaram caminhos poucas vezes trilhados por uma manifestação popular. Ainda assim, este pequeno notável continua sendo um produto autenticamente popular, bastante representativo dentro de nossa rica cultura.

Esquema pufe

A idéia de transformar o fuxico em móvel vem justamente de sua flexibilidade. Seu uso corriqueiro, que prima pela multiplicidade, transformou o fuxico em matéria prima para colchas, cortinas, bolsas, sapatos, vestidos e muito mais.  O conceito deste projeto é aplicar esta idéia ao design, permitindo que o usuário possa conformar vários tipos de móvel a partir de um módulo único.

Chaise longue fuxicão 1

O ponto de partida é a explosão de escala, criando uma unidade matriz capaz de gerar diferentes tipos de combinação. Dessa forma, o fuxiquinho transformou-se numa almofada que pode ser usada individualmente ou em conjunto, conformando, a depender da montagem, um pufe, um colchão ou uma cadeira. O fuxicão respeita a construção do fuxico tradicional, uma espécie de “saco”, formado por uma linha puxada na extremidade de um círculo de pano de cerca de dez centímetros.

Cortesia Sérgio Kopinski Ekerman

Seguindo este raciocínio, aqui o fuxico transforma-se numa almofada, confeccionada em espuma, posteriormente colocada numa capa de brim colorido que obedece ao mesmo princípio: um fio perimetral que, ao ser puxado, encerra o saco. A forma final é moldada pela almofada, um cilindro de sessenta centímetros de diâmetro e cerca de quinze centímetros de altura.

Cortesia Sérgio Kopinski Ekerman

A unidade pode, então, assumir diversas funções: o pufe, formado pela sobreposição de três almofadas, o colchão, formado pela disposição horizontal das almofadas, ou mesmo uma cadeira de leitura. É peça fundamental do conjunto, como em qualquer peça que faça uso de fuxicos, a linha de costura. No caso do fuxicão, a linha também participa da explosão de escala, tornando-se uma corda naval de fio natural com diâmetro de 15 milímetros.

Fuxicão modelo

A criatividade é uma grande aliada do fuxicão. As almofadas e as cordas de amarração, que podem ser confeccionadas e oferecidas nos mais diversos comprimentos, são matéria prima para uma série de possibilidades. É possível ter um pequeno sofá ou um confortável assento para dinâmicas de grupo que utilizam o chão. Um aliado para as brincadeiras de roda das crianças, dentre outras possibilidades.

Esquema montagem

Tudo isso sem perder o bom humor e o prazer de redescobrir, dentro do cotidiano, a nossa cultura, as nossas tradições.

 

 

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Sérgio Kopinski Ekerman
  1. Dimensões: Ø=60.0cm, h=15.0cm.

Sobre este escritório
Cita: Joanna Helm. "Fuxicão / Sérgio Kopinski Ekerman" 24 Dez 2011. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-12251/fuxicao-sergio-kopinski-ekerman> ISSN 0719-8906

¡Você seguiu sua primeira conta!

Você sabia?

Agora você receberá atualizações das contas que você segue! Siga seus autores, escritórios, usuários favoritos e personalize seu stream.