- Área: 110 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Gustavo Sosa Pinilla
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta obra é o resultado de um processo que se inicia no ano de 2004 com a construção de uma casa de veraneio no bosque de Mar Azul.
Se tratava de intervir em um território de grande valor paisagístico, dono de uma potente presença selvagem, que paulatinamente vem sendo domesticada devido a proliferação de obras com uma busca formal de caráter entre o bucólico e pitoresco que em nada remetem a esse entorno nem ao presente.
O projeto foi encarado como uma oportunidade para propor formas, materiais e usos alternativos, em sintonia com este ambiente particular. A busca se orientou então para uma arquitetura propositiva de um uso mais relaxado da casa e cuja materialidade e formalização fosse o resultado de uma vontade de pertencimento a esta realidade pré existente.
É assim como o reconhecimento do microclima particular do bosque marítimo de Mar Azul e as atmosferas que recria, tanto como a necessidade de especificar a construção a distância, resultaram determinantes das decisões estético-construtivas que definiram a obra.
A necessidade de captar a luz na espessura do bosque deu lugar a conceber a casa como um "semi coberto" e resolve-la então com grandes panos de vidro que desde o interior possibilitaram vistas em todas as direções e desde a parte externa refletiram a paisagem permitindo que a casa se mimetizasse com a mesma. A decisão de acelerar os tempos de execução para possibilitar o seguimento dos trabalhos a 400 km de distância definiu a construção com concreto aparente. Se avaliou que a sombra reinante permitia utilizar este material já que a mesma fornece suficiente proteção térmica desde a primavera até a entrada do outono. Seu condicionamento para o inverno, dada sua condição de casa de veraneio, não era relevante (ainda que naturalmente estava previsto) e o isolamento resistente a água podia ser resolvido com um concreto de grande capacidade e com um estudo de forma do revestimento de maneira que a evacuação da água da chuva se realizava muito velozmente. Se esperava além disso que a qualidade expressiva do concreto aparente com a textura das tábuas de madeira pudesse resultar em uma presença tanto contundente como mimética, permitindo assim que a obra convivesse em Harmonia com a paisagem.
Em síntese, um ambiente de dois únicos materiais: concreto e vidro, resultou a solução apropriada para resolver a integração com a paisagem e dar resposta aos temas formais, estruturais, funcionais, de terminações e de manutenção.
Com estes conceitos foi pensada e construída a Casa AV.
O Lugar
O terreno de 20 m x 30 m pertence ao bosque marítimo de Mar Azul e a sua particularidade é uma suave e constante inclinação na direção de uma das suas diagonais. As vistas desde a frente se encontram protegidas pela vegetação, muito abundante em todo o prédio e seu entorno imediato.
O Encargo
O pedido do cliente foi uma casa para alugar, de cerca de 100 m2, com uma proposta estético-construtiva similar as outras casas construídas na zona pelo estúdio. As necessidades requeridas foram as básicas para este tipo de casa de veraneio: dois dormitórios, um com banheiro privativo, cozinha integrada a área social e lugares para estar ao ar livre.
A Proposta
Com uma materialidade imposta e um programa básico sem a particularidade que pode da-lhe um usuário determinado, foi necessário buscar nas singularidades do lote, o tema para encarar o projeto. Foi proposto então que os diferentes usos fossem se acomodando naturalmente na inclinação do terreno, distribuídos em diferentes volumes que simplificassem o procedimento. Estes volumes vão escalonando-se com uma diferença de 54 cm entre eles, permitindo que nesse deslocamento apareça a paisagem.
Esta primeira decisão foi o desencadeante de sucessivas operações derivadas dela: a primeira foi o giro da planta em relação aos lados do lote para assim coincidir com sua inclinação natural. A partir daí, o afastamento do eixo maior da casa com a direção leste oeste e como consequência deste último, a necessidade de resolver o projeto com duas fachadas bem, diferenciadas: a orientada para o sul de divisórias de concreto com pequenas aberturas e a norte, muito aberta, buscando o escasso sol do bosque.
A Organização Funcional
O giro também deixou determinado o acesso pela fachada sul qeu se abre para a rua, e o lugar de expansão da casa, para o lado oposto. A entrada foi proposta localizada no centro da planta, ou seja, no ponto médio da inclinação e no mesmo nível do setor onde se localizam o estar/sala de jantar/cozinha e a expansão para a área ao ar livre. A partir daí se sobe por pequenas seções de escadas para a zona mais reservada dos dormitórios, ou se desce para a zona de contemplação em frente a lareira.
A Construção
Cada volume está coberto por uma laje que descansa em uma viga invertida em um dos lados e em uma viga simples no lado oposto, de maneira que o deslocamento entre elas possa ser ocupado por um vão. Estas lajes estão terminadas com uma inclinação mínima para ambas as fachadas para que se produza rapidamente o escorrimento da água da chuva. Se utilizou um concreto H21 com o agregado de um fluidificante para que esta mescla, com escassa quantidade de água, ao ser aplicada, resulte em um concreto que não requer nenhum tipo de impermeabilização. As escassas partições internas de tijolos ocos tem acabamento com gesso e pintado, o piso é de placas de cimento queimado, divididas por chapas de alumínio. As aberturas são de alumínio anodizado de cor bronze escuro. O sistema de calefação, dado que não existe gás natural na zona, foi resolvido com um sistema que combina uma serpentina, estufas a gás envazado e estufas elétricas.
Mobiliário
Salvo as camas, as poltronas, as cadeiras e o resto do equipamento da casa são resolvidos com concreto.
Salvo las camas, los sillones y sillas el resto del equipamiento de esta vivienda está resuelto en hormigón.