O partido arquitetônico busca privilegiar ao máximo a integração entre espaços externos e internos, confundindo seus limites, e , assim, aumentando a sensação de amplitude .
Devido ao tamanho reduzido do terreno, foram praticamente eliminados espaços residuais e de transição (o hall de entrada, por exemplo, não existe, em favor de uma permeabilidade visual com o jardim de entrada, conseguido através de grandes portas pivotantes na fachada frontal).
A planta é retangular, compacta, extendendo-se até os limites laterais do terreno. A iluminação dos espaços, além das grandes portas nas fachadas frontal e de fundos, é feita através de fechamento em vidro opaco (u-glass, que gera um bom isolamento térmico, devido à camada de ar entre eles) entre as lajes de cobertura, defasadas. Uma cobertura em vidro sobre pergolado de concreto completa a iluminação,através do jardim interno. Assim, a casa é plena de luz natural indireta, zenital, o que, além de evitar a iluminação artificial durante o dia, evita o calor excessivo da luz solar direta.
O vento dominante vem da rua, portanto as portas de entrada funcionam como reguladores da velocidade do vento. Totalmente abertas no verão, favorecendo a ventilação cruzada, e fechada no inverno, ou mesmo semi-abertas quando se desejar pouca ventilação.
A residência foi implantada no nível da rua, 1 metro acima do terreno natural, para evitar desníveis e melhorar a acessibilidade das áreas sociais. Torna- se, também, mais protegida da umidade do solo.
É importante lembrar que um dos motivos da implantação compacta no terreno, reduzindo sua “pegada” (footprint), foi aumentar a permeabilidade do terreno, algo necessário nas nossas cidades.
Coletores solares (que atendem a casa e à piscina) ocupam a maior parte da laje de cobertura, o que inviabilizou o uso dessa área, inicialmente cogitado.
Devido aos grandes vãos desejados,apoiados em poucos pontos de fundação, e ao grande balanço da varanda, as paredes superiores são vigas em concreto, feitas com formas ripadas de madeira, deixadas aparentes . A sua estética é derivada da sua opção estrutural, não sendo, portanto, decorativa. Esta ginástica estrutural foi importante, uma vez que pilares de apoio na varanda seriam contrários à intenção de integração entre interior/exterior desejada.
O resultado foi uma residência leve (apesar de sua estética em concreto aparente), iluminada e ventilada, com espaços agradáveis e proporcionais, que realizam o desejo inicial de maior aproveitamento de área externa possível .