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Arquitetos: Tato Architects
- Área: 95 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Koichi Torimura
Ampliando o espaço útil
Vários projetos habitacionais que nos são requisitados têm o pré-requisito de abrigar um núcleo familiar em um lote extremamente subdividido, no qual não podemos aplicar facilmente os preceitos arquitetônicos acumulados ao longo do tempo no Japão.
Este projeto não foi uma exceção. Para este nível de densidade de casas urbanas, onde as paredes externas das casas adjacentes não se encostam, a lei civil exige 0,5m de espaçamento entre as paredes externas para somar 1m de distância entre as casas.
Demos uso mais eficaz ao espaçamento exigido ao aumentar em 0,4m a distância da linha limite do terreno adjacente a nordeste. Como resultado, uma passagem de 1,4m de largura foi gerada, sendo 0,9m a partir do limite do terreno adjacente. No centro desta face da casa, voltada ao espaço intersticial, está localizada a entrada principal, o que diminui o espaço destinado a circulação na casa.
A fachada posterior conta com um beiral de 9m para evitar a insolação excessiva a norte. Paredes não-estruturais foram deslocadas para dar espaço a armários, e etc, fornecendo espaços maiores para instalações como banheiros. Estes assemelham-se a móveis no espaço interno e são responsáveis pela ambiguidade na percepção do espaço.
Arquitetura e mobiliário
Seguindo o pensamento de "respeitar o espaço original e não trazer coisas desnecessárias" para que o espaço não seja decorado por objetos supérfluos, foram criados espaços onde uma variedade de coisas podem ser trazidas e utilizadas no cotidiano dos moradores de modo mais livre.
Neste projeto elementos arquitetônicos como escadas, área de serviço, armários, corrimãos e banheiros são concebidos como se fossem móveis. Excetuando-se estes elementos, existem apenas os pisos. Deste modo, arquitetura e mobiliário são fundidos e têm significado relativo, de modo que a liberdade dos cômodos é mantida através da localização e utilização aleatórias destes.
Como passos de coreografia
Um modo de utilizar eficazmente uma escada, principalmente em um espaço tão diminuto, é alocá-la no centro de um cômodo e dar funções aos seus dois lados. Além de maximizar a área útil, enriquece a experiência espacial do usuário, que pode ter a apreensão total do cômodo incluindo a escada.
A sala de jantar tem pé direito de 3,70m, o que possibilita o uso do espaço imediatamente abaixo da escada como circulação. Devido a pouca espessura de laje, o pé direito pode ser dividido em 1,80m no térreo e 1,85m no segundo pavimento.
Assim, a mesa de jantar fica sobre a escada que dá acesso ao primeiro pavimento, deixando espaço para que os moradores circulem abaixo desta.
A partir da porta de entrada você tem acesso ao móvel que abriga a escada, levando até a mesa de jantar, onde é recebido com uma grande empena que rebate a luz natural vinda das janelas ao sul. Para acessar o segundo pavimento é preciso pisar no sofá, em um móvel que serve como gaveteiro, e então em uma elegante escada. Neste pavimento, as condições de iluminação diferem da dos anteriores. As escadas, portanto, coreografam a experiência espacial deste pequeno e apertado espaço.
Estrutura
Devido à localização da casa no fim de um estreito cul-de-sac e à limitação para o transporte, a estrutura foi resolvida com materiais leves, como perfis metálicos em H de 100mm X100m para pilares e vigas, cintas com barras redondas e placas de 75mm para a construção do piso. Tal escolha resultou na redução da quantidade de materiais e do custo da construção para cerca de o mesmo que uma casa de madeira.
A rigidez horizontal dos pisos foi adquirida com travamentos horizontais de barras chatas de 6mm e vigas de amarração de seção quadrada de 50mm abaixo das partes côncavas das placas do piso. Pavimentos de níveis diferentes foram fixados aos pilares em ambas extremidades para que a continuidade da rigidez entre estas lajes fosse mantida.