A Casa da Bahia é uma casa ecológica. Mas não em um sentido tecnológico, não no sentido contemporâneo da palavra “sustentabilidade”, não tem novíssimos dispositivos que possibilitam a otimização do gasto de energia. Sua organização de planta e seu uso de materiais se aproximam de uma arquitetura tradicional.
A Casa da Bahia utiliza conhecimentos populares antigos e que foram reinventados e incorporados em toda história da arquitetura brasileira. A casa foi pensada para o lugar onde está, para o clima onde está, para a Bahia. E para isso nenhum software “verde” foi usado, nenhum equipamento e nenhum cálculo foi feito.
Os construtores das casas baianas já sabiam muito bem como tornar o interior fresco mesmo em um sol escaldante de mais de 40ºC, muito antes que as idéias corbusianas fossem tropicalizadas ou que Sir Normam Foster desse uma dimensão precisa, tecnológica e científica para a arquitetura sustentável .
Essas casas baianas têm telhas de barro, feitas de forma rústica com um material banal, e forro de madeira. As aberturas e vedações tem grandes painéis de muxarabis de madeira que deixam o vento passar e filtram a luz do sol. Os muxarabis foram trazidos ao Brasil pela arquitetura colonial portuguesa desde os primeiros séculos de ocupação do território americano, e tem origem na influência cultural árabe. Esses painéis de madeira proporcionam um grande conforto para o interior. A casa baiana tradicional utiliza o sentido nordeste do vento que vem do mar para estruturar sua planta e tem ventilação cruzada nos principais espaços da casa, tornando o interior sempre fresco e arejado.
A Casa da Bahia utiliza todos esses elementos tradicionais das casas brasileiras. Essas adequações da casa portuguesa para o clima tropical foram sempre estudadas e aplicadas pelo modernismo no Brasil. O resultado nesse caso é uma casa muito agradável, onde o interior é um resguardo do clima quente e ensolarado do lugar.
A planta estrutura-se inteiramente em torno de um pátio central, o que possibilitou a ventilação cruzada nos espaços e uma vista para dentro, para um jardim com grama que tem duas exuberantes mangueiras. A Casa da Bahia privilegia o conforto ambiental de seus moradores mas não se vale da “mais moderna tecnologia” para isso.