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Arquitetos: Zaha Hadid Architects
- Área: 101801 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Iwan Baan, Hufton + Crow, Hélène Binet
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Fabricantes: Atelier Vierkant, Brimat, Coswick Parket, Holcim, Ikizler, Lindner, Mikodam, Penetron, Soprema, Zumtobel
Do arquiteto. Como parte da antiga União Soviética, o urbanismo e a arquitetura de Baku, capital do Azerbaijão, na costa ocidental do Mar Cáspio, foi fortemente influenciada pelo planejamento daquela época. Desde a sua independência em 1991, o Azerbaijão tem investido fortemente na modernização e desenvolvimento de infra-estrutura e arquitetura de Baku, a partir do legado das diretrizes do Modernismo Soviético
Zaha Hadid Architects foi escolhido como escritório responsável pelo projeto do Centro de Heydar Aliyev a partir de um concurso em 2007. O centro, concebido para se tornar o edifício principal para programas culturais da nação, quebra as ordens rígidas da arquitetura soviética que é tão presente em Baku, aspirando expressar a sensibilidade da cultura Azeri e o otimismo de um país que olha para o futuro.
Conceito
O projeto do Centro Heydar Aliyev estabelece uma relação contínua e fluida entre sua praça circundante e o interior do edifício. A praça, acessível a todos como parte do tecido urbano de Baku, se eleva para envolver um espaço interior igualmente público e definir uma seqüência de espaços de eventos dedicados à celebração coletiva da cultura contemporânea e tradicional Azeri. Formações elaboradas, como ondulações, bifurcações, dobras, e inflexões modificam este superfície da praça em uma paisagem arquitetônica que realiza uma infinidade de funções: acolher, abraçar, direcionar os visitantes através de diferentes níveis do interior. Com este gesto, o edifício dilui a distinção convencional entre o objeto arquitetônico, a paisagem urbana e uma praça urbana.
Fluidez na arquitetura não é novidade para a região. Na históricaarquitetura islâmica, linhas, grelhas, ou sequências de colunas fluem para o infinito como as árvores em uma floresta, estabelecendo espaços não-hierárquicos. Padrões e texturas contínuas fluem dos tapetes para as paredes, do chão ao teto, às cúpulas, estabelecendo relações contínuas entre elementos arquitetônicos e da região. Nossa intenção era de se relacionar com essa compreensão histórica da arquitetura e não através do uso de mímica ou uma adesão limitante para a iconografia do passado, mas sim através do desenvolvimento de uma interpretação firmemente contemporânea, refletindo uma compreensão mais matizada. Respondendo à grande queda topográfica que anteriormente dividia o local em dois, o projeto apresenta um preciso terraço que estabelece conexões e rotas alternativas entre praça pública, edifício e estacionamento subterrâneo. Esta solução evita escavações e aterro adicional, e converte com sucesso uma desvantagem inicial do terreno em um recurso chave de design.
Geometria, estrutura, materialidade
Um dos elementos mais críticos e desafiadores do projeto foi o desenvolvimento da pele do edifício. A nossa ambição de alcançar uma superfície de forma contínua, que parece homogênea, precisou de uma ampla gama de diferentes lógicas e sistemas técnicos de construção. O domínio da computação gráfica avançada permitiu o controle contínuo e comunicação dessas complexidades entre os inúmeros participantes do projeto.
O Centro Heydar Aliyev é composto principalmente por dois sistemas: uma estrutura de concreto combinada com um sistema de treliças espaciais. A fim de alcançar grandes espaços livres de colunas que permitem que o visitante experimente a fluidez interior, os elementos estruturais verticais são absorvidos pelo sistema de envelope e pela cortina de concreto. A geometria da superfície particular promove soluções estruturais não convencionais, tais como a introdução de colunas curvas para alcançar a casca inversa da superfície do solo para o oeste do edifício.
O sistema de treliças espaciais permitiu a construção de uma estrutura em forma livre com economia de tempo significativa durante o processo de construção, enquanto que a subestrutura foi desenvolvida para incorporar uma relação flexível entre a grelha rígida da treliça e dos espaços exteriores. Estas emendas foram obtidas a partir de um processo de racionalização da geometria complexa, uso e estética do projeto. Concreto Reforçado com Fibra de Vidro (GFRC) e Poliéster Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV) foram escolhidos como materiais de revestimento ideal, pois possibilitam a poderosa plasticidade do projeto do edifício, respondendo a diferentes demandas funcionais relacionadas a uma variedade de situações: praça, zonas de transição e envelope.
Nesta composição arquitetônica, se a superfície é a música, então as costuras entre os painéis são o ritmo. Numerosos estudos foram realizados sobre a geometria da superfície para racionalizar os painéis, mantendo a continuidade ao longo do edifício e da paisagem. As costuras promovem uma maior compreensão da escala do projeto. Elas enfatizam a contínua transformação e movimento implícito de sua geometria fluida, oferecendo uma solução pragmática para as questões práticas de construção, tais como fabricação, manuseio, transporte e montagem; e respondendo a questões técnicas, tais como acomodar o movimento devido à deflexão, cargas externas, mudança de temperatura, atividades sísmicas e cargas de vento.
Para enfatizar o relacionamento contínuo entre exterior e interior do edifício, a iluminação do Centro Heydar Aliyev foi cuidadosamente projetada. A estratégia de iluminação diferencia a leitura do edifício durante o dia e a noite. Durante o dia, o volume do edifício reflete luz, alterando constantemente a aparência do Centro de acordo com a hora do dia e da perspectiva da visão. O uso de vidro semi-reflexivo oferece vislumbres tentadores do interior, despertando a curiosidade, sem revelar a trajetória dos espaços interiores.
Como todos os nossos trabalhos, o projeto do Centro Heydar evoluiu a partir de nossas pesquisas da topografia do local e o papel do Centro dentro de sua paisagem cultural mais ampla. Ao empregar essas relações articuladas, o projeto está inserido neste contexto, desdobrando as possibilidades culturais futuras para a nação.