O descanso e o relaxamento eram os objetivos principais deste projeto. Sua localização privilegiada na periferia de Mendoza e seu entorno natural entre vinhedos, árvores frutíferas e vistas à cordilheira dos Andes eram o marco deste empreendimento.
O projeto se estrutura em um terreno de um antigo armazém, de 100m de frente e 400m de fundos, a partir de uma trilha que conecta seus edifícios no sentido leste – oeste. Esta situação força o visitante a abandonar seu veículo no acesso para ingressar ao edifício caminhando, como um ato de negligencia e separação do exterior.
Uma série de espaços exteriores ao longo desta trilha vão sendo descobertos e vivenciados em uma experiencia lúdica que tenta despertar no visitante atitudes sensitivas e a experimentar intensamente o complexo.
Espaço definido e elementos definidores
Os edifícios a projetar, spa e hotel, surgem da intenção de dispor uma série de pequenos elementos que agrupados e colocados estrategicamente conformarão intervenções particulares.
Assim, podemos pensar que experimentamos dois tipos de espaços: o espaço que se define entre estes elementos, dado pela sua posição aparentemente arbitrária e o espaço interno propriamente dito.
Este espaço definido como um “entre” é um vazio que existe entre os elementos, um espaço que se contrai e se dilata, buscando ou evitando luz, abrindo ou fechando visuais, e que nos leva constantemente a percorrê-lo e experimentá-lo.
Desta maneira, o fato de caminhar por este espaço se converte em uma experiência sensorial em si: o espaço se dilui horizontalmente encontrando pontos de intensidade dados pelo manejo da luz e da relação com o entorno natural.
No caso do Hotel, um plano horizontal de concreto unifica e delimita verticalmente o espaço. O piso é o único elemento que se ajusta às mudanças do declive natural.
No Spa-Hamam o espaço se encontra totalmente isolado do exterior. Aos elementos definidores do espaço, posicionados com a intenção de criar um percurso de banhos de vapores e massagens, se agrega um muro perimetral que o delimita, privando-o da sua relação visual com o exterior e o converte em um espaço que surge a partir da luz.
Assim pequenas aberturas em paredes e tetos criam contraluzes, detalhes, ritmos que qualificam os espaços e aguçam os sentidos.
Enquanto o hotel aborda uma relação mais contemplativa e experimental com o contexto natural que o circunda, o Spa estabelece uma estrita introversão. O fato de subir meio nível para acessar o hotel por uma rampa aberta entre o verde se contrapõe, no Spa , ao fato de descer meio nível por uma rampa, fechada entre as paredes de canas, em uma clara intenção de desaceleração e proteção.
A fluidez entre os espaços públicos do hotel e o exterior caracteriza uma clara relação com seus espaços de distração, ao contrario, no Spa, os muros de cana criam um manto de opacidade, sombras e som que envolvem o Spa e geram um recinto de privacidade e silêncio.
O concreto à vista outorga o caráter tectónico procurado para estes espaços.
Onde a luz articula, a sensibilidade de cores e texturas aportadas através do concreto, constrói o marco de expressividade e personalidade dos espaços.
Informação Complementar:
- Cálculo estrutural Spa-Hamam: Eng. Juan Camps
- Cálculo estrutural Hotel: Eng. Roberto Guerrero
- Construção: Sanco SA
- Paisagismo: Huemul SA
- Área Spa-Hamam: 597 m2
- Área Hotel: 2.180 m2