- Área: 612 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Leonardo Finotti
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Fabricantes: Casa 100, Coral, Eliane, Gesso & Cia, Spaço Nobre, Vidroal, World Segurança Eletrônica
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma oportunidade de fundar um lugar que se revele como uma extensão da condição urbana na qual se insere, capaz de explorar tanto seus aspectos morfológicos bem como os culturais. A concepção do projeto para as Casas AV se fundamenta através desta premissa e da busca por valorizar o espaço público através de um cometimento arquitetônico preocupado com o sentido coletivo possível de ser manifestado a partir da propriedade privada. O vazio originado pela composição espacial equilibrada dos elementos construídos proporciona o surgimento de um lugar de encontro.
Localizado numa nova área urbana dos arredores da cidade de Avaré, no interior do Estado de São Paulo, o terreno possui dimensões significativamente superiores aos lotes padrões que configuram o contexto existente, o que lhe atribui uma possível singularidade de ocupação, explorada desde o início pelo projeto. Constituído, em sua maioria, por residências unifamiliares, o bairro de baixa densidade preserva a atmosfera e os aspectos tradicionais de relação com a urbanidade e o espaço coletivo das pequenas cidades, evidenciada ainda mais pela praça local próxima ao terreno. Ainda que limitadas por seus muros e gradis, suas construções sempre se abrem para a rua através de varandas ou espaços a partir dos quais o usuário pode interagir com o contexto envolvente.
Contrariando a ocupação preconcebida de lotes paralelos independentes sem nenhuma interação entre si ou com o passeio público, a implantação das Casas AV explora a possibilidade de se agrupar o conjunto de oito unidades habitacionais em dois grupos cuja posição no terreno delimita um espaço intermediário que se tornará o centro do projeto. Contemplando a necessidade do aproveitamento mais eficiente possível de seu potencial construtivo e preservando as áreas internas de cada uma das unidades previstas no programa, a composição dos limites construídos e não construídos configura o pátio central coletivo, de grandes proporções para um terreno destas dimensões.
Voltadas para o pátio coletivo, as unidades contemplam, desde suas varandas, um espaço que trás a vizinhança para o seu interior, transpondo os limites que poderiam caracterizar este conjunto residencial como propriedades fragmentadas. A área central se destina ao potencial de sua flexibilidade como espaço para, atividades comuns, reuniões, automóveis, etc.
Concebidas segundo uma estruturação compacta, as unidades são articuladas duas a duas a partir de núcleos que abrigam as estruturas principais e todas as instalações da construção, além das circulações verticais. O entrelaçamento das atividades destes núcleos é o que possibilita que as unidades possam aproveitar as dimensões do lote da maneira mais eficiente. Suas modulações possibilitam o uso de estruturas convencionais de concreto armado e lajes pré-fabricadas, que tornam a construção mais rápida e econômica. Os fechamentos de alvenaria, placas cimentícias, policarbonato, telhas metálicas e madeira correspondem às condições construtivas as quais são expostas, fazendo uso da diversidade de materiais para uma composição de tecnologias tradicionais e contemporâneas.
As condições climáticas locais conduziram o projeto ao uso de elementos construtivos que pudesse amenizar a incidência de calor, preservando o conforto interno das unidades habitacionais. A cobertura em duas camadas e as venezianas presentes na parte superior nos caixilhos permitem a ventilação constante através do forro do pavimento superior onde a insolação é mais acentuada. O pavimento inferior, pátios e varandas são protegidos pelos generosos beirais da cobertura.
Assim, o projeto reflete a cidade, definindo a predominância do espaço público e urbano através da coletividade que qualifica o entorno como uma paisagem definida pela pausa do vazio. Um conjunto arquitetônico modesto, mas representativo da essência do espaço que se configura no tempo como oportunidade social: a arquitetura como geradora de cidade e do encontro de seus habitantes.