Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto localiza-se no que foi a última frente costeira sem desenvolvimento do centro de Seattle. Pertencia à companhia petrolífera Unocal, que abandonou o terreno nos anos 70 e deixou um grande rastro de contaminação industrial. Somente nos anos 90 o Museu de Arte de Seattle propôs a ideia de um museu a céu aberto que somasse à escassa quantidade de parques no centro da cidade, aproveitando este local com acesso à costa.
Nesse sentido, o principal desafio do museu era dar continuidade entre cidade e costa com o grande obstáculo de linhas de infraestrutura de transporte (uma linha férrea de 3 faixas e uma avenida. Outros desafios importantes consistiam em despoluir mais de 120.000 toneladas de solo do terreno industrial, reconstituir a borda costeira abandonada e vencer a diferença de nível de 12 metros entre a rua principal e a costa.
O escritório Weiss Manfredi foi o encarregado do projeto de 2001 até sua inauguração em janeiro de 2007. Sua forma de trabalho pode ser lida como se tivessem aproximado as dificuldades como oportunidades para dar uma morfologia suave e contínua ao parque. De acordo com o memorial, "o projeto cria uma paisagem construída contínua para a arte, forma uma plataforma verde ininterrupta em forma de “Z”, descendo 12 metros desde a cidade até a água, aproveitando as vistas do skyline e de Elliot Bay e alçando-se sobre a infraestrutura existente para reconectar a área urbana com a orla revitalizada."
Dessa maneira, vendo rapidamente o projeto, pode-se reconhecer três estratégias principais. Primeiramente, o projeto busca restabelecer o terreno natural através de um parque topologicamente diverso e com inclinação suave que permita aos visitantes facilmente atravessar as linhas férreas e a avenida. Em segundo lugar, esse cruzamento das linhas de transporte se dá através da construção de uma plataforma em forma de “Z”. Esta forma ziguezagueante permite saltar sobre as linhas e ainda conforma mirantes com vistas interessantes. Em terceiro lugar, a borda costeira anteriormente subaproveitada e abandonada, foi redesenhada para dar uma entrada de livre acesso ao parque pela costa e criar uma continuidade na praia que antes não existia. Pelo lado da cidade, o parque recebe os visitantes com um pavilhão de exposições de 1.600m².
Este projeto, além de revitalizar uma área industrial, é uma referência paradigmática de como criar espaços públicos que se relacionam com as infraestruturas de transportes. Neste sentido, seu planejamento não é aleatório: hoje em dia conectar áreas que foram outrora divididas por rodovias ou ferrovias é um problema bastante presente nas grandes cidades, portanto, referências como essas ajudam pois apresentam exemplos bem sucedidos de como lidar com estas variáveis nos centros urbanos.
Nesse sentido o ideal é planejar estrategicamente o traçado dessas infraestruturas de transportes. Não obstante, no caso desse planejamento não ter sido feito, devemos ter ferramentas para resolver, em parte, a acessibilidade e a conectividade interrompida.
Por Álvaro Castro Sebastián, via Plataforma Urbana. Tradução Eduardo Souza, ArchDaily Brasil.